quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, prevê novas subidas nos preços do crude no final de 2009.
Caleia Rodrigues faz uma análise do ano de 2008 nos mercados petrolíferos.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, disse, esta quarta-feira, à TSF acreditar que a tendência de redução do preço do petróleo continue nos próximos tempos, apesar de prever que 2009 termine com novas subidas nos valores do crude.
«Não se está a ver o fim desta crise, logo podemos esperar que ainda haja alguma redução» no preço do petróleo, disse José Caleia Rodrigues, numa altura em que o custo do crude nos mercados norte-americanos terminou o ano com um perda de 60 por cento em relação ao máximo de 147 dólares atingido em Julho.
No entanto, «a médio prazo vamos ter grandes dificuldades» no acesso ao crude, inclusive devido à «carência no mercado», já que o petróleo «não se gera, só se extrai», alertou o especialista, chamando a atenção para a falta de investimentos na procura de petróleo.
Neste sentido, Caleia Rodrigues prevê «dificuldades no mercado geradas pela oferta e procura» a médio prazo.
José Caleia Rodrigues considerou ainda que 2008 foi um ano único na história do mercado petrolífero, como os preços «sempre a subir» durante o primeiro semestre e praticamente «sempre a descer» nos últimos seis meses.
Na análise do especialista em geopolítica do petróleo, tudo se explica com o facto de o crude ter deixado de ser uma «simples matéria-prima», passando a ser um «produto financeiro» que não está imune às vontades dos grandes investidores.
«A redução do preço não se ficou a dever a boas razões, como o aumento da produção ou da eficiência energética, mas antes a causas financeiras e à redução da procura, decorrente da redução da actividade económica», acrescentou.
Entretanto, ao final da manhã desta quarta-feira, o barril de petróleo estava a ser transaccionado a 37,20 dólares no mercado norte-americano e a 38,44 dólares no mercado londrino, que serve de referência para Portugal.

TSF, Rádio Notícias
31.Dez.2008 - 12:43

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O preço do barril de petróleo está a subir, antecipando um corte drástico na produção.

A Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) deve anunciar hoje uma redução que pode chegar aos dois milhões de barris por dia, a maior em quase duas décadas.Trata-se de uma manobra para ajustar a oferta à procura, mas também para pressionar a subida dos preços, que têm estado pouco acima dos 40 dólares.
O grupo dos doze países que controla mais de um terço de toda a produção mundial vai tomar a decisão numa reunião extraordinária que vai decorrer na Argélia, e na qual Angola vai assumir a presidência rotativa da organização.
Na opinião de Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, apesar de mais este corte na produção, o preço do petróleo não deverá subir de forma acentuada no breve prazo, por causa da crise económica mundial.

Rádio Renascença
17-12-2008 11:39
AC

domingo, 14 de dezembro de 2008

No segundo painel da manhã da Expo Energia, José Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, referiu que a crise energética «é fonte de instabilidade interna e de insegurança», acrescentando que «os Estados têm a obrigação de garantir o direito de acesso à energia antes que a carência gere conflitos armados».

Para isso, disse Caleia Rodrigues, é necessário alterar os actuais padrões de produção e consumo energético nos países desenvolvidos, que «não poderão continuar por muito mais tempo». O especialista vincou que «a imitação destes padrões por parte dos países em desenvolvimento irá causar irreparáveis danos».

Ambiente online
Paula Malheiro
2008-11-25

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Se não houver investimento em novas capacidades, petróleo terá preços exorbitantes"
José Caleia Rodrigues é especialista em questões petrolíferas e já publicou vários livros sobre o tema. Em entrevista telefónica ao Negócios, salienta que as actuais cotações do petróleo congelaram o investimento em novas capacidades de produção, o que levará a uma escassez no mercado e à consequente subida dos preços para níveis exorbitantes.

José Caleia Rodrigues é especialista em questões petrolíferas e já publicou vários livros sobre este tema, que acompanha também no seu blog. Em entrevista telefónica ao Negócios, salienta que as actuais cotações do petróleo congelaram o investimento em novas capacidades de produção, o que levará a uma escassez no mercado e à consequente subida dos preços para níveis exorbitantes.

Por que está o petróleo tão barato?
Os preços do petróleo estão a descer pelas más razões: uma diminuição da procura, em consequência da redução da actividade económica. As boas razões seriam que a procura diminuísse por vontade dos consumidores ou pelo aumento da eficiência energética.

E que pode acontecer, com os actuais preços?
Este abanão no sector petrolífero é grave, já que paralisou todo o investimento. Há quatro anos que os grandes extractores mundiais vêm a reduzir a entrega de petróleo ao mercado. Isso é grave. Um dos grandes produtores clássicos, a Arábia Saudita, tem o maior poço de petróleo do mundo agora com taxas de esgotamento enormes. Há um programa de investimento para lançar 300 novos poços numa bacia mais pequena, mas está suspenso, à espera de oportunidade para ser relançado. A Arábia Saudita não tem hoje capacidade de aumentar nem de manter a sua produção.

Que nível de preços seria desejável? A OPEP fala em 70-80 dólares...
O nível entre os 60 e os 70 dólares é o mínimo para que um projecto de exploração seja rentável. Ou seja, será preciso que o crude volte a esses níveis para se relançar o investimento, congelado já há muito tempo. E, mesmo assim, nada garante que um gestor considere encorajador incentivar accionistas a investirem em projectos de exploração petrolífera se os preços estiverem entre os 60 e os 70 dólares, já que se trata de uma área muito arriscada. É que quem investe, sabe que demorará 10 a 12 anos até que uma nova exploração atinja a velocidade de cruzeiro e nunca se sabe a que preço vai poder vender, nem que quantidade exacta de bom produto é que vai obter.

E se não houver investimento no futuro próximo?
Aos preços actuais, o investimento parou. E é de salientar que a década de 90 já tinha congelado o investimento, pois foi um período que esteve a rentabilizar o investimento que tinha sido feito. Depois, esse investimento recuperou um pouco em 2000, mas voltou a cair. Por isso, há muito tempo que não há investimento. E se as coisas se mantiverem neste pé, irá haver uma forte escassez de petróleo no mercado e a que os preços atinjam níveis exorbitantes. O que levará a dois cenários: quem puder pagar, pagará a qualquer preço; quem não puder pagar, terá graves situações sociais e de segurança interna.
Isto é um drama. O produto vai escassear. Está previsto que entre 2010 e 2012 haja uma escassez do produto no mercado se não houver novas descobertas e investimento. A Agência Internacional da Energia diz que é preciso investir 150 mil milhões de dólares por ano em novas explorações.
Quando o “pipeline” russo para a China estiver a funcionar, no Outono de 2009, a coisa ainda vai ficar mais feia. Nessa altura, irá ser canalizado mais um milhão de barris por dia para a China. Alguém vai ter que pagar. Alguém vai ter menos petróleo. Se a China vai ter mais um milhão de barris, alguém terá que ter menos esse milhão e será alguém que não o possa pagar.

E quanto ao desenvolvimento de energias renováveis?
As energias alternativas não resolvem o problema, não põem o mundo a funcionar. Só o que puder ser movido a electricidade é que vai beneficiar delas.
Será nos transportes de longo curso que vai haver um maior consumo de combustíveis fósseis. Os barcos não vão andar todos a energia nuclear e os aviões não vão andar como a passarola de Bartolomeu de Gusmão. A energia eléctrica, por exemplo, é viável para os transportes de vaivém diário entre as cidades e as periferias. Mas não para os transportes de longo curso e estes são indispensáveis para manter a globalização. Vão ser precisos mais combustíveis fósseis, a menos que se acabem os transportes internacionais e as trocas comerciais.

Jornal de Negócios on line
10.Dezembro.2008
Carla Pedro
cpedro@mediafin.pt

Até quando vai a crise anular a alta dos preços do petróleo?

A recessão eclipsou quatro anos de subida do petróleo. Ao mesmo tempo, o mundo vira-se para energias alternativas. Mas a dependência da matéria-prima está longe do fim. E o preço baixo pode ser efémero e ter efeitos perversos.

Mudança verde de Obama não afasta cenário sombrio

O plano de investimento em infra-estruturas avançado esta semana por Barack Obama para reanimar a economia americana fez disparar o preço do petróleo e o valor em bolsa das petrolíferas. Mas a agenda de mudança do Presidente eleito dos EUA é outra. A aposta vai para a diminuição da dependência daquela matéria-prima, substituindo-a pelas energias renováveis. Mas é improvável que este esforço pelo maior consumidor de crude do mundo seja capaz de impedir o regresso do preço a níveis recorde.
Aos primeiros sinais de contaminação da crise financeira à economia mundial, a cotação do petróleo inverteu a tendência. Quando a palavra recessão passou a lugar comum no discurso de economistas e responsáveis políticos, a matéria-prima já perdera metade do seu valor. Hoje, mais de 100 dólares separam o preço actual do recorde registado em Julho, com os especuladores a desertarem e o mercado a ajustar à diminuição da procura.
Pela primeira vez desde o início dos anos 80 do século passado, ou seja, desde o último grande choque petrolífero, o consumo mundial de petróleo pode recuar em dois anos consecutivos. Num relatório ontem divulgado, o departamento norte-americano de Energia estimou uma quebra de 50 mil barris po dia em 2008 e de 450 mil em 2009 na procura global de petróleo. Em Novembro, a mesma fonte previu que só nos Estados Unidos a procura do “ouro negro” cairá 1,3% no próximo ano, depois de uma quebra estimada de 5,4% no final deste.
"Os preços do petróleo estão a descer pelas más razões: uma diminuição da procura, em consequência da redução da actividade económica. As boas razões seriam que a procura diminuísse por vontade dos consumidores ou pelo aumento da eficiência energética", considera Caleia Rodrigues, especialista e autor de vários livros sobre o petróleo.
É esse o rumo que o mundo agora procura. Obama fez das energias renováveis uma das bandeiras da campanha à Casa Branca. Prometeu libertar a nação da dependência dos combustíveis fósseis através da promoção de fontes alternativas, gastar 15 mil milhões de dólares em tecnologias limpas e criar cinco milhões de "empregos verdes" na próxima década. O futuro Presidente quer também assegurar que no final do seu primeiro mandato, 10% da electricidade consumida nos EUA venha de fontes renováveis como a eólica, solar e geotérmica, e colocar em circulação até 2015 um milhão de carros eléctricos, de preferência fabricados nos Estados Unidos.
Apesar de não ter divulgado ainda pormenores do plano de estímulo económico em preparação para aprovar logo quer tome posse a 20 de Janeiro do próximo ano, Obama confirmou segunda-feira que este pacote incluirá a política energética. O plano global de estímulo pode ascender a 700 mil milhões de dólares, incluirá o maior investimento público em infra-estruturas desde os anos 50 e, segundo estimaram defensores das tecnologias limpas ao “Wall Street Journal”, a componente “verde” pode representar 50 mil milhões ou ascender a 10% do plano global.
Para Caleia Rodrigues, é duvidoso que as energias renováveis sejam a solução. "As energias alternativas não resolvem o problema, não põem o mundo a funcionar". "A energia eléctrica, por exemplo, é viável para os transportes de vaivém diário entre as cidades e as periferias. Mas não para os transportes de longo curso e estes são indispensáveis para manter a globalização. Vão ser precisos mais combustíveis fósseis, a menos que se acabem os transportes internacionais e as trocas comerciais", advertiu.
A manter-se a dependência dos combustíveis fósseis, o preço actual do petróleo representa um risco elevado. "Esta situação é grave porque paralisa todo o investimento", afirma o especialista. Só com preços entre 60 e 70 dólares, os gestores podem considerar proporem aos accionistas a aposta em projectos de exploração petrolífera.
Se as coisas se mantiverem neste pé, "irá haver uma forte escassez de petróleo no mercado e os preços atingirão níveis exorbitantes", considera Caleia Rodrigues. O que levará a dois cenários: "quem puder pagar, pagará a qualquer preço; quem não puder pagar, terá graves situações sociais e de segurança interna", salienta.
“Isto é um drama. Está previsto que entre 2010 e 2012 haja uma escassez do produto no mercado se não houver novas descobertas e investimentos. A Agência Internacional de Energia diz que é preciso investir 150 mil milhões de dólares por ano em novas explorações”,
acrescenta o especialista.
Uma vez que ressurja a dinâmica da procura anterior à crise, descobriremos até onde podem subir os preços.

Jornal de Negócios
10.Dezembro.2008
Carla Pedro
António Larguesa

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O aumento do consumo de energia e as ameaças à segurança ambiental estão intimamente ligados às pressões que as populações exercem nos recursos de suporte da vida do planeta.
Encontramo-nos perante uma consequência da desenfreada intensificação e da promoção massificada do consumo do petróleo, seguidas por um período em que o investimento não acompanhou a taxa de crescimento da procura, de tal modo que pode vir a comprometer o desenvolvimento sustentável.
Em face deste panorama, seremos obrigados a conjugar as várias fontes energéticas alternativas disponíveis, utilizá-las racionalmente e compaginar ambiente mais limpo com desenvolvimento económico.
No equilíbrio das várias opções a tomar, residirá a continuidade do bem-estar da civilização, tal como a conhecemos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Comecemos por admitir que a energia assumiu uma posição dominante na extensa agenda política económica, demasiado rapidamente para que permitissem ser encontradas vias de estabilização. Apresenta-se, nas suas várias formas, como símbolo de desenvolvimento económico e, ainda mais, de riqueza e prosperidade. Consequentemente, o acesso e o controlo dos recursos energéticos constituem uma preocupação central dos governantes e de todos aqueles que se encontram envolvidos em processos de produção industrial.

As disponibilidades são abundantes, mas apresentam-se desigualmente distribuídas entre países e povos, mesmo dentro das suas próprias fronteiras políticas, raramente coincidentes com fronteiras naturais.
Os actuais padrões de produção e de distribuição vigentes nos países ditos industrializados, muito provavelmente não poderão continuar a ser mantidos por muito mais tempo e a tendência para a imitação por parte dos outros irá causar irreparáveis danos ecológicos.
A incessante procura de mais recursos energéticos pelos grandes consumidores provocaram profundas alterações que forçaram a economia industrial mundial a depender ainda mais das limitadas fontes de energia.

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J. Caleia Rodrigues
Oeiras, Tagus Park
25.Novembro.2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Preços caíram para valores não atractivos para investidores. Procura energética diminuirá em 2009.
A Agência Internacional de Energia (AIE) vai, novamente, rever em baixa a procura de petróleo para o próximo ano, numa altura em que o preço do ouro negro está em queda livre e, segundo o director da agência, ameaça futuros investimentos na exploração de reservas petrolíferas.
No World Energy Outlook, publicado ontem, a AIE dá conta que os preços do petróleo “caíram demasiado” e que é necessário um preço de 80 dólares por barril, para estimular o investimento empresarial na exploração de novas reservas.
Isto no mesmo dia em que o petróleo negociou abaixo dos 58 dólares por barril, um preço que os eventuais investidores acreditam ser pouco compensatório em relação aos custos de exploração das reservas de crude.
“Abaixo dos 80 dólares não há hipótese de investir porque um barril custa 25 a 30 dólares só na parte do projecto de exploração”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em energia, que lembra os custos de extracção no fundo do oceano Ártico, nas areias betuminosas. “Sem investimento, o nível de produção actual só está garantido até 2012”, acrescenta.
As notícias que deram conta da possibilidade da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) cortar a produção da matéria-prima em mais de um milhão de barris por dia não conseguiram estancar a descida nos preços. Os receios de uma recessão económica mundial continuam a empurrar as previsões da procura energética em 2009.
O director da AIE, Nobuo Tanaka, considera, por isso, que existe “o risco de as reservas não serem exploradas com a velocidade necessária para responder ao crescimento da procura global nos próximos anos”. A AIE acrescentou, ainda, que vai ser necessária uma “capacidade de produção adicional em cerca de 30 milhões de barris por dia” em 2015.
Procura vai continuar a cair
A agência já reviu em baixa, por sete vezes, as previsões da procura energética global em 2008. E, segundo Gareth Davies, analista do Dresdner Kleinwort Group e antigo funcionário da agência, “a AIE vai, provavelmente, rever novamente em baixa os seus números da procura”.
Quatro antigos analistas da AIE afirmam que a agência vai cortar as suas previsões em cerca de 700 mil barris por dia. Números que poderão ser agravados em 2009, segundo Ian Taylor. O director executivo do Vitol Group acredita que, no próximo ano, “o consumo de crude pode diminuir em cerca de 1 milhão de barris por dia”.
A crise mundial explica parte da quebra na procura energética mas, para David Knapp, não explica a totalidade do problema. Para o antigo director de mercados da AIE, e actual membro do Energy Intelligence Group, a agência tem sido “demasiado optimista em relação à procura nos últimos anos”.
Preço do barril no mínimo de 20 meses
O preço do barril de crude caiu para o valor mais baixo dos últimos 20 meses (56,89 dólares), devido à especulação de que a Agência Internacional da Energia vai rever em baixa a sua previsão para a procura mundial de petróleo em 2009. O brent – que serve de referência para a economia portuguesa – também registou uma quebra, para os 53,29 dólares por barril. “É difícil ver o que irá parar esta descida do preço”, afirmou Tom Bentz, analista senior de energia no BNP Paribas, em Nova Iorque. “É mais do mesmo. O mercado está a mover-se de acordo com as preocupações sobre a economia mundial”, acrescentou. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que anunciou um corte de 1,5 milhões de barris por dia no fornecimento para tentar estancar os preços, poderá reunir outra vez antes do encontro previsto em Dezembro, indicou o ministro líbio do petróleo.

Agência Internacional de Energia 2008-11-13 00:05
Diário Económico
13.Nov.2008
Luís Reis Pires

quinta-feira, 6 de novembro de 2008




quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Destaque:

Evolução recente e prospectivas de evolução da questão energética internacional

O período que decorreu entre meados de 2007 e de 2008 foi fértil em acontecimentos muito marcantes no sector energético, sobretudo no que se refere ao petróleo, na sua qualidade de matéria-prima estratégica.
Desde as alterações introduzidas na composição da OPEP até ao turbilhão por que passaram os preços do crude, a obrigar a uma profunda inflexão para outras fontes energéticas alternativas e ao entendimento que, investir massivamente em novas localizações de bacias petrolíferas, será inadiável.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Há 20 meses que o petróleo não estava tão barato. Em Londres, no mercado de referência para a economia portuguesa, o barril está a ser vendido, esta manhã, a 58,88 dólares.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, refere os factores de abrandamento da procura do petróleo

Menos um dólar e meio do que o valor com que tinha encerrado ontem, um dia em que o valor do petróleo tinha já registado quedas acentuadas.
O preço do crude não estava num preço tão baixo desde Fevereiro de 2007.
Os analistas vão explicando esta descida com o abrandamento da economia. A diminuição da procura de petróleo tem feito baixar o preço que, no Verão, chegou perto dos 150 dólares por barril.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, associa a redução da procura ao abrandamento da economia, mas também ao facto de «o investimento no sector petrolífero não ser tão atractivo, como era há um tempo, e o risco de investir continua a ser elevado e de grande responsabilidade».

TSF
4.Nov.2008 (10h19)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O barril do petróleo negociou, hoje abaixo, dos 70 dólares, o preço mais baixo do brent desde Maio do ano passado.

O especialista em petróleo Caleia Rodrigues lembra que, quase todos os anos, há reduções sazonais no Verão, mas não desta dimensão.
Caleia Rodrigues diz que o mercado está convencido de que os países vão comprar menos petróleo, por causa da crise, o que pode não ser verdade.
O especialista admite que, nos próximos tempos, o preço possa continuar a descer, mas lembra que a tendência conjuntural é de subida. Caleia Rodrigues não acredita que a capacidade seja suficiente para alimentar países como a China e a Índia.

Rádio Clube Português
Economia - 16-10-2008 - 20h00

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva quer mudar as regras das concessões petrolíferas, incluindo a do Tupi, na qual a Galp detém 10%, para que uma fatia maior dos lucros de exploração desta bacia fiquem nas mãos do Estado. No entanto, ao contrário do que sucede normalmente nestas situações, as mudanças poderão resultar num ‘jackpot’ para a Galp.

O presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva quer mudar as regras das concessões petrolíferas, incluindo a do Tupi, na qual a Galp detém 10%, para que uma fatia maior dos lucros de exploração desta bacia fiquem nas mãos do Estado. No entanto, ao contrário do que sucede normalmente nestas situações, as mudanças poderão resultar num ‘jackpot’ para a Galp.Ao que o “Diário Económico” apurou, estas alterações vão permitir que a Petrobras e a Galp explorem reservas adjacentes no Tupi, e não só os blocos que descobriram. Isto porque foram as duas empresas – em conjunto com a British Gas – a fazer o investimento na prospecção dos poços.
A descoberta do Tupi revelou ser de tal importância que todas as empresas querem uma fatia do bolo. Mas Lula da Silva não quer que isto aconteça e pretende ‘unitizar’ as reservas de petróleo. Quer isto dizer que quando uma empresa tem um determinado bloco dentro de uma reserva e essa reserva se estende ao bloco vizinho, a empresa que fez a descoberta ganha direitos de exploração nos campos vizinhos.
No entanto, se nessa reserva já estiver uma outra empresa que não tenha investido na prospecção, ela poderá ficar com uma parte da exploração, mediante uma concessão. Mas este é um modelo que está ainda em estudo e, segundo o presidente brasileiro, em “segredo de Estado”, noticia a Bloomberg.
O “Diário Económico” apurou ainda que o governo brasileiro pretende fazer alterações à lei das concessões. Em vez das reservas petrolíferas que foram sendo descobertas ficarem para as empresas que têm as concessões de exploração, passam a ser do Estado.
“Este petróleo é nosso, pertence ao povo, não à Petrobras ou à Shell”, disse Lula da Silva numa entrevista à Bloomberg. E acrescenta: “A riqueza não é para poucos, mas para todos”.
Só o Tupi tem reservas de oito mil milhões e, no total, as reservas são de 50 mil milhões de barris. Qualquer coisa como 3,8 biliões de euros a preços actuais.
É natural que Lula da Silva tenha pensado em alterar o contrato depois de ter tido noção do verdadeiro tamanho do campo do Tupi. Lula quer voltar a ter o poder nas mãos”, afirma José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.

Jornal de Negócios Online
negocios@mediafin.pt
10.Julho.2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os ambientalistas têm vindo a impedir a criação de novos projectos na Europa e nos EUA.
A capacidade de refinação de petróleo em todo o mundo está perto do limite máximo e é um dos factores a pressionar em alta o preço dos combustíveis.
De acordo com o Departamento de Energia norte-americano, nos últimos vinte e cinco anos a capacidade de refinação mundial cresceu apenas 3,75 milhões de barris por dia, passando de 81,59 milhões em 1981 para os 85,34 milhões diários em 2006. No mesmo período de tempo, e de acordo com os dados mais recentes, o consumo de combustíveis aumentou 24,06 milhões de barris por dia, um crescimento bastante superior ao da capacidade de refinação de gasóleo e gasolina.
"A diferença entre a capacidade de refinação e o consumo em 2006 era apenas de 0,88 milhões de barris por dia. O risco é demasiado elevado. Qualquer acidente ou paragem para manutenção põe em risco o abastecimento do mercado", explica José Caleia Rodrigues, consultor e especialista em questões energéticas. Recentemente, os furacões que atingiram o Sul dos Estados Unidos paralisaram cerca de 20% da capacidade de refinação dos EUA. Neste momento, e devido aos estragos causados e ao corte de electricidade, cerca de 8% a 9% da capacidade das refinarias continua sem funcionar.
O estrangulamento da capacidade de refinação mundial prende-se principalmente com os constrangimentos que os ambientalistas levantam na Europa e nos Estados Unidos. As refinarias de combustíveis contribuem para o ‘smog’ e há ainda o perigo do transporte dos materiais pelos camiões. Por outro lado, nos países emergentes começam a surgir projectos de grandes refinarias. São exemplos disso o Irão, a Rússia, o Médio Oriente e a China.
"A capacidade de refinação a nível mundial vai acabar por acompanhar a procura", acredita James Williams, consultor da norte-americana WTRG Economics. O especialista acredita que "o maior problema é a falta de refinarias capazes de produzir gasóleo, que é cada vez mais procurado". Em Portugal, a Galp está agora a fazer obras na refinaria de Sines para aumentar a capacidade de produção de gasóleo. O projecto deverá estar concluído em 2011.

Diário Económico
Sofia Lobato Dias
30.Set.2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Preço do crude recua (Rádio Renascença, 23.Setembro.2008)

Os preços do crude estão a recuar nos mercados internacionais, a corrigir da valorização recorde de ontem registada em Nova Iorque.

Esta descida deve-se aos receios de que o plano do Governo norte-americano para ajudar as firmas financeiras não consiga evitar que a maior economia do mundo entre em recessão.Esta manhã, o barril de Brent (petróleo de referência na Europa) para entrega em Novembro era transaccionado nos mercados internacionais a descer 0,54 cêntimos para os 105,50 dólares, enquanto à mesma hora o contrato de Novembro do West Texas Intermediate (petróleo de referência nos Estados Unidos) era negociado no NYMEX de Nova Iorque a desvalorizar 11,90 dólares para os 109,02 dólares.

As cotações do ‘ouro negro’ estão hoje a recuar com a especulação de que o crescimento económico nos Estados Unidos abrande, diminuindo a procura de petróleo, depois de os mercados petrolíferos terem vivido ontem um dia de que não há registo, com os preços a dispararem à medida que se aproximava o fecho da sessão em Londres e em Nova Iorque.
A instabilidade financeira nos EUA, a valorização do euro face ao dólar e a necessidade de garantir stocks de matéria-prima para o Inverno, época em que o consumo da energia dispara, são algumas das explicações para a valorização tão acentuada e repentina do preço do crude em Nova Iorque, na opinião de José Caleia Rodrigues, especialista na análise do mercado global de petróleo.
O especialista sublinha, ainda, que este é um ano atípico, em que o ciclo das subidas está a começar tarde de mais.
“As coisas dependem muito da finança e esta situação que está a acontecer nos EUA pode ter levado a algum retardamento e agora que as compras tem que se fazer e não se podem atrasar mais (…), sobe muito o consumo”, explica José Caleia Rodrigues.
O normal seria que “o preço do petróleo tivesse começado a valorizar em Julho, o mais tardar em Agosto”,
refere o especialista na análise do mercado global de petróleo que acredita que o preço do barril de crude ultrapassará, em Outubro, os 130 dólares, numa escalada que deverá prolongar-se até Novembro.

Rádio Renascença
23-09-2008 12:08

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Shell suspende entregas de petróleo (TSF, 08.09.20)

A Shell suspendeu este sábado as entregas de petróleo, ao declarar o estado de “força maior" no terminal de Bonny, devido aos recentes ataques às infra-estruturas da empresa por um grupo armado. A Nigéria é o terceiro maior fornecedor português.
A petrolífera Shell suspendeu este sábado as entregas, ao declarar o estado de “força maior" no terminal de Bonny, no sul da Nigéria, devido aos recentes ataques às infra-estruturas da empresa por um grupo armado.
A cláusula "força maior" permite à empresa suspender as obrigações contratuais, como as entregas de petróleo e de gás, devido a movimentos imprevistos, sem ser penalizada. Na última semana, o Movimento para a Emancipação do Delta do Níger, principal grupo armado do sul da Nigéria, reivindicou seis ataques contra a Shell, depois de ter anunciado uma "guerra do petróleo". No entanto, a petrolífera apenas reconheceu dois atentados.
Em declarações à TSF, Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, explicou que, se a suspensão das entregas se prolongar por muito tempo, pode provocar consequências graves, principalmente nos países que não tem reservas estratégicas de petróleo.
Apesar dos Estados Unidos e da Europa Ocidental terem «reservas estratégicas de petróleo, que dão para 90 a 100 dias», os asiáticos não dispõem de nenhuma, «tendo de ir ao mercado», sendo que as «coisas podem ficar feias», porque «há escassez e os grandes produtores não são capazes de aumentar a produção», explicou.
Caleia Rodrigues explicou que Portugal também pode fazer uso das reservas estratégicas, que dão para 90 a 100 dias de consumo, como forma de resistir a uma paralisação da produção na Nigéria, o nono fornecedor de petróleo no Mundo.
Ainda que acredite que a situação na Nigéria seja «transitória», o especialista alertou que a Nigéria é o «terceiro maior fornecedor português», depois da Líbia e do Brasil.

TSF
20.Set.2008 – 15h23

Deco regista 1365 queixas contra gasolineiras, desde Julho, devido aos preços praticados
O ministro da Economia garantiu estar "preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores". Mas interferir directamente nos preços não é uma opção realista, dizem especialistas. Concorrência só pode fiscalizar e punir.
A declaração foi feita em entrevista à SIC, mas Manuel Pinho não concretizou que medida estaria a ponderar. Fixar os preços por via administrativa é uma faculdade do Governo, mediante alteração legislativa, mas essa possibilidade é encarada com reticência em várias frentes.
O presidente da República, questionado sobre a possibilidade de intervenção do Governo, repondeu que "a questão é complexa, principalmente porque se insere numa crise financeira internacional muito forte e também de grande complexidade, pelo que não se pode responder de forma apressada".
Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa, considera "irrealista" a possibilidade de fixação de preços, desde logo pelas regras comunitárias. "Não vejo qualquer exequibilidade nessa medida, e muito menos vantagem", afirmou. Embora não concorde com a redução do ISP, Ribeiro da Silva refere que esse é o "principal trunfo" do Governo. Mas abdicar de parte do segundo imposto indirecto mais importante, a seguir ao IVA, não se antevê fácil, numa altura em que a receita está em queda e o défice tem de baixar.
Caleia Rodrigues, especialista em petróleo ouvido pela Lusa, entende que "o ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta". Considera que apenas pode mexer nos impostos, duvidando que "tenha força para fixar preços máximos".
Resta ao Governo a Autoridade da Concorrência (AdC), mas esta entidade não tem competência para fixar preços. Tal seria até contrário à filosofia de mercado que tem de defender, recordou ao JN uma fonte do sector. A pressão recai assim nos poderes de fiscalização e punição da AdC, que só ocorrerá em caso de cartelização.
O secretário-geral da Deco, Jorge Morgado, considera que o supervisor deve manter o sector sob "observação permanente", já que "está exclusivamente virado para os accionistas e atropela os interesses dos consumidores". Desde Julho, deram entrada na associação 1365 queixas contra gasolineiras, tendo como motivo os preços fixados.

Jornal de Notícias
2008-09-19
JOÃO PAULO MADEIRA

Faltam «ferramentas» a Manuel Pinho

O ministro da Economia apenas poderá pressionar as empresas petrolíferas a baixar os preços dos combustíveis, restando-lhe poucas medidas de intervenção, à excepção da fixação administrativa e da mexida nos impostos, defenderam à agência «Lusa» vários especialistas do sector.
O analista do Espírito Santo Research (ESR), Pedro Morais, afirmou que Manuel Pinho «não tem muitas ferramentas para fazer algo sem ser contestado pelos operadores».
O analista considera difícil que o ministro «tenha uma medida prática que possa tomar», à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.
Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é «recuar quatro anos» na liberalização do mercado, defendeu.
Pedro Morais defende que uma das vias poderá ser o Estado utilizar os 7 por cento que ainda detém na Galp para tentar influenciar a gestão da petrolífera.
O ministro da Economia admitiu quarta-feira, em entrevista à «SIC Notícias», que poderá intervir no mercado dos combustíveis para defender os consumidores.
«Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores», afirmou Manuel Pinho, embora tenha rejeitado a fixação administrativa dos preços.
«Acredito que os preços vão baixar, mas se não baixarem vamos ver se há algum problema na raíz e vamos resolvê-lo», afirmou.

Mandar investigar é única hipótese
A investigação profunda do mercado, anunciada pela Autoridade da Concorrência, é uma das medidas defendidas pelo especialista em petróleo, Caleia Rodrigues.
«O ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta, mas pode investigar e fazer pressão», defendeu em declarações à «Lusa».
Para além destas medidas, Caleia Rodrigues defende que o Governo só pode mexer nos impostos, duvidando que «tenha força para fixar preços máximos», como fez o Governo Regional da Madeira, acabando com a liberalização dos combustíveis.
Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu «há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis».
«Só poderá intervir, mudando o quadro legal de actividade, o que não me parece possível face aos acordos que Portugal tem no âmbito da União Europeia», afirmou.
«Não vislumbro medidas, a não ser uma medida restritiva à liberdade do mercado», disse.

Ou impostos baixam ou fixam-se preços
Um especialista em concorrência afirmou igualmente que o ministro poderá tomar apenas duas medidas: ou baixar os impostos ou voltar a fixar administrativamente os preços.
O Governo Regional dos Açores decidiu mexer no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) para combater as variações internacionais do preço do combustível.
Através de uma oscilação ascendente ou descendente de 10% no ISP o Governo Regional consegue neutralizar a oscilação nos preços.
O analista financeiro da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou não se pronunciar sobre «medidas políticas», mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.
«Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros», afirmou.
Segundo este analista, há uma «correlação quase perfeita» entre o aumento dos preços refinados em euros e o aumento do preço dos combustíveis na bomba, que não se verifica quando os preços baixam.
Na sua opinião, e tendo em conta a dimensão da descida do preço do gasóleo nos mercados internacionais-de 840 euros por tonelada entre Maio e Julho para os actuais 600 euros-o preço devia estar na bomba 10% mais barato do que o que está.

Agência Financeira
18.Set.2008
2008/09/18 18:22 Lusa/RPV

O ministro da Economia apenas poderá pressionar as empresas petrolíferas a baixar os preços dos combustíveis, restando-lhe poucas medidas de intervenção, à excepção da fixação administrativa e da mexida nos impostos, defenderam à Lusa vários especialistas do sector.

O analista do Espírito Santo Research (ESR), Pedro Morais, afirmou à Lusa que Manuel Pinho "não tem muitas ferramentas para fazer algo sem ser contestado pelos operadores".
O analista considera difícil que o ministro "tenha uma medida prática que possa tomar", à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.
Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é "recuar quatro anos" na liberalização do mercado, defendeu.
Pedro Morais defende que uma das vias poderá ser o Estado utilizar os 7 por cento que ainda detém na Galp para tentar influenciar a gestão da petrolífera.
O ministro da Economia admitiu quarta-feira, em entrevista à SIC Noticias, que poderá intervir no mercado dos combustíveis para defender os consumidores.
"Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores", afirmou Manuel Pinho, embora tenha rejeitado a fixação administrativa dos preços.
"Acredito que os preços vão baixar, mas se não baixarem vamos ver se há algum problema na raiz e vamos resolvê-lo", afirmou.

A investigação profunda do mercado, anunciada pela Autoridade da Concorrência, é uma das medidas defendidas pelo especialista em petróleo, Caleia Rodrigues.
"O ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta, mas pode investigar e fazer pressão", defendeu em declarações à Lusa.
Para além destas medidas, Caleia Rodrigues defende que o Governo só pode mexer nos impostos, duvidando que "tenha força para fixar preços máximos", como fez o Governo Regional da Madeira, acabando com a liberalização dos combustíveis.
Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu "há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis".
"Só poderá intervir, mudando o quadro legal de actividade, o que não me parece possível face aos acordos que Portugal tem no âmbito da União Europeia", afirmou à Lusa.
"Não vislumbro medidas, a não ser uma medida restritiva à liberdade do mercado", disse.
Um especialista em concorrência afirmou à Lusa que o ministro poderá tomar apenas duas medidas: ou baixar os impostos ou voltar a fixar administrativamente os preços.
O Governo Regional dos Açores decidiu mexer no ISP para combater as variações internacionais do preço do combustível.
Através de uma oscilação ascendente ou descendente de 10 por cento no ISP o Governo Regional consegue neutralizar a oscilação nos preços.
O analista financeiro da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou à Lusa não se pronunciar sobre "medidas políticas", mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.
"Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros", afirmou.
Segundo este analista, há uma "correlação quase perfeita" entre o aumento dos preços refinados em euros e o aumento do preço dos combustíveis na bomba, que não se verifica quando os preços baixam.
Na sua opinião, e tendo em conta a dimensão da descida do preço do gasóleo nos mercados internacionais - de 840 euros por tonelada entre Maio e Julho para os actuais 600 euros - o preço devia estar na bomba 10 por cento mais barato do que o que está.
Lusa
2008-09-18 18:10:03
Economia
Lisboa, 18 Set (Lusa) -

domingo, 21 de setembro de 2008

Um investimento superior a 15 biliões de euros. É o que é preciso para manter no mundo a exploração do petróleo, gás natural e carvão nos níveis necessários até 2030.
Vinte e dois milhões de milhões de dólares ou mais de 15 milhões de milhões de euros. É este o valor colossal do investimento que é necessário em todo o mundo para que continue a haver energia até 2030, de acordo com os dados da Agência Internacional da Energia.
Os investimentos são de tal forma colossais que os preços altos dos combustíveis fósseis são uma inevitabilidade”, explica José Caleia Rodrigues, consultor e especialista em questões energéticas.
Só a exploração e produção de petróleo deverá absorver um quarto do financiamento total necessário. À extracção de gás natural é atribuída uma fatia de 18% dos investimentos necessários, enquanto a exploração de carvão precisa de 2% do investimento. À produção de energia eléctrica cabe a fatia de leão: 51%, ou seja, cerca de 7,79 biliões de euros.
Perante este cenário, os especialistas são peremptórios: os preços altos da energia vieram para ficar.
Quando começou a escalada desenfreada do preço do barril de petróleo, os preços do gás natural e do carvão também foram, obviamente, inflacionados”, aponta Caleia Rodrigues.
Só em 2008, o preço do barril de Brent já chegou perto dos 147 dólares, ao passo que o consumo do carvão disparou 4,5% e do gás natural 3,1% no ano passado. No que toca aos preços do gás natural, a tendência também é de subida – no Reino Unido os preços já dispararam 50% desde o início do ano.
Os preços da electricidade, contudo, têm em Portugal tectos máximos definidos pelo Governo. Ou seja, as tarifas eléctricas nunca poderão ultrapassar os limites do que é considerado suportável para os portugueses – o que resulta num défice tarifário que, num período máximo de 15 anos, acabará por ter de ser pago pelos consumidores.
Com o preço do petróleo a pressionar perto dos 100 dólares, e apesar da tendência de descida dos últimos dois meses, é difícil ver o preço dos combustíveis voltar a descer nos próximos tempos. Na passada quarta-feira, contudo, o ministro da Economia voltou a apontar o dedo às petrolíferas e garantiu que “o preço da gasolina só não desce se o mercado não funcionar” e disse-se satisfeito com a hipótese de a Autoridade da Concorrência [AdC] fazer uma “investigação aprofundada”, que significa “um passo em frente em relação à anterior”. Uma ideia bem acolhida pela BP Portugal – que detém 20% do mercado de retalho de venda dos combustíveis em Portugal –, que garantiu estar “totalmente disponível para colaborar com a AdC se quiser alterar o modo como vigia o mercado” e comungar do desejo do Governo de ver os preços descerem. A Galp Energia e a Repsol recusaram comentar as últimas declarações do Governo.

Diário Económico
Sofia Lobato Dias
Preços da energia 2008-09-19 00:05

A tensão entre o Governo e a Galp sobe porque o preço dos combustíveis tarda em descer, apesar da queda da cotação do petróleo.
O Governo está zangado com a Galp por demorar a baixar os preços da gasolina e do gasóleo quando a cotação de ontem do petróleo brent (94,96 dólares/barril) é 35% inferior ao máximo de 146,08 dólares/barril, do dia 7 de Julho. O preço dos combustíveis baixou menos de um terço desse valor no mesmo período. Por isso, o ministro da Economia vê “com satisfação que a Autoridade da Concorrência faça uma investigação mais aprofundada, que é um passo em frente em relação à investigação anterior”. Manuel Pinho diz mesmo estar “confiante que o preço da gasolina vai baixar”, porque “sempre que o preço do petróleo baixa, mais cedo ou mais tarde, o preço dos produtos refinados segue o mesmo caminho”. A tensão entre o Governo e a Galp remonta à altura do protesto dos camionistas, em Junho, quando a petrolífera, imediatamente a seguir à assinatura do acordo, subiu os preços dos combustíveis.
A situação também preocupa a oposição parlamentar. PSD e CDS já exigiram a presença, respectivamente, do presidente da Autoridade da Concorrência, Manuel Sebastião, e do ministro da Economia, Manuel Pinho, para explicarem aquela discrepância no Parlamento. Os outros partidos com assento na Assembleia da República também se mostraram desagradados com a situação durante o debate sobre a taxa Robin dos Bosques, que ontem teve lugar no Parlamento.José Horta, presidente da APETRO, a associação das empresas petrolíferas, diz que as dúvidas são compreensíveis para o público em geral, que se vê bombardeado pelo anúncio da descida continuada dos preços do petróleo nos mercados internacionais e não encontra correspondência nos preços que paga nos postos de abastecimento de combustíveis. Só que, refere, “é preciso explicar às pessoas que os preços dos combustíveis refinados seguem caminhos diferentes do preço do petróleo bruto”.
O presidente da APETRO dá como razão para uma travagem na descida dos preços da gasolina e do gasóleo à saída da refinaria o facto de as refinarias do Texas e do Sul dos Estados Unidos terem fechado por causa da aproximação do furacão Ike. Os EUA, afirma, “são uma verdadeira esponja no consumo de combustíveis refinados e vão buscá-lo onde for preciso”. E sublinha que “Portugal é um grande exportador de gasolina para os Estados Unidos”.Além disso, diz José Horta, os preços dos combustíveis praticados em Portugal são feitos com base nas cotações do mercado do Norte da Europa – o chamado mercado ARA (Amesterdão, Roterdão e Antuérpia) – e “o preço médio dos combustíveis à saída da refinaria na última semana deu duas indicações contraditórias, a gasolina estava a subir, relativamente à semana anterior, e o gasóleo estava descer”. A BP seguiu à risca este mecanismo de formação de preços e aumentou a gasolina, descendo o preço do gasóleo. A Galp decidiu não aumentar a gasolina, mas “essa é uma decisão de gestão que apenas cabe às empresas”.
José Horta sublinha que a APETRO vai divulgar, na próxima semana, um estudo comparado sobre os primeiros oito meses deste ano e igual período do ano passado onde, segundo refere, “vai ficar bem patente que mais de metade dos países da União Europeia aumentaram mais os combustíveis que Portugal”.
Uma situação que deve ser do conhecimento da Autoridade da Concorrência mas não será suficientemente convincente, já que a entidade presidida por Manuel Sebastião anunciou ontem, em comunicado, que vai proceder a uma investigação aprofundada sobre “a evolução da cotação do petróleo brent, de Londres, e as cotações Platt’s de Roterdão para produtos refinados, ambas referências para Portugal”.
O presidente da ANAREC, associação de revendedores de combustíveis, que há muito tempo ameaça apresentar queixa à Concorrência, diz que só não o fez agora porque “houve dois argumentos de peso. O próprio ministro da Economia pediu às petrolíferas para acompanharem a tendência de queda do petróleo e o comissário europeu da Energia, Andris Piebals, quer que a Concorrência esteja mais atenta aos preços dos combustíveis”. E conclui dizendo que acredita que, “nos próximos dias, os preços dos combustíveis vão descer”. Uma crença partilhada pelo ministro Manuel Pinho e pelo presidente da APETRO.
O presidente da Endesa em Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, esclarece que “o estabelecimento dos preços da gasolina e do gasóleo não é uma ciência oculta”. “Os países exportadores de petróleo ganham menos do que os importadores, como Portugal, com os impostos”, acrescentou, numa clara alusão ao nível elevado de impostos que pesam no preço final dos combustíveis.
Ideia que é partilhada por José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas, ao referir que “se querem baixar os preços dos combustíveis, podem começar por descer os impostos”. Contactado pelo Diário Económico, Manuel Ferreira de Oliveira, presidente da Galp, não quis pronunciar-se sobre as relações entre a empresa e o Governo.
De elefante branco a potência petroquímica
José Sócrates disse ontem que o actual clima de negócios em Portugal permite regressar ao sonho do final dos anos 60 de construir em Sines um dos maiores complexos petroquímicos do mundo. O primeiro-ministro falava no final da sessão que assinalou a ampliação do complexo petroquímico de Sines da Repsol. Com este projecto, a subsidiária portuguesa da petrolífera espanhola deverá, a partir de 2011, tornar-se num dos primeiros exportadores portugueses, estando prevista uma facturação anual de cerca de 1.200 milhões de euros. Esta expansão prevê a construção de mais duas fábricas de polietileno e de polipropileno. A Repsol Portuguesa encontra-se em fase de expansão, tanto a nível industrial, como de distribuição de combustíveis, através do reforço da sua rede de retalho, posicionando-se actualmente como a segunda maior petrolífera em Portugal.

Diário Económico
Manuel Pinho avisa 2008-09-18 00:05
Francisco Ferreira da Silva com Sofia Lobato Dias

A descida do crude é explicada pela menor procura que acontece no Verão. Passado este efeito sazonal, as subidas voltarão porque se mantêm os problemas estruturais.
A queda recente dos preços do petróleo será temporária, pelo que a matéria-prima continuará a pressionar o crescimento dos países mais dependentes de energia importada, como Portugal. E os preços das mercadorias e dos transportes (e por essa via a dar argumentos para subidas das taxas de juro).
Apesar da forte descida – o barril de Brent caía ontem quase 25 dólares face ao máximo histórico de 143 dólares de 11 de Julho –, o preço médio do contrato, calculado desde o início do ano, valia 73,6 euros (113,2 dólares). Medido na moeda única, o crude está actualmente 40% mais caro face à média de 2007.
Os especialistas ouvidos dizem que os factores especulativos e algumas causas sazonais justificam o alívio “momentâneo” do petróleo. Passada esta fase – uma etapa em que os fundos (hedge funds) lucram com a venda de contratos altamente valorizados, marcada pela menor procura associada ao Verão e pelo abrandamento económico e da procura dos países ocidentais, etc. – os peritos consideram que os argumentos para o petróleo voltar a subir continuam intactos. A procura mundial cresce tendencialmente mais do que a oferta, o cartel do petróleo (OPEP) continua a ter muito controlo sobre as entregas ao mercado, é cada vez mais caro investir na exploração (há muito petróleo no mundo, mas é bastante mais difícil lá chegar), há entraves tecnológicos importantes à produção, o retorno dos projectos de investimento é cada vez mais demorado.
Eduardo Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, salienta que “o jogo especulativo está a ser determinante para este sobe e desce”. “Mas sempre que o preço do petróleo dispara, vence patamares aos quais dificilmente regressará”. E isto porquê? “Porque o problema de fundo continua o mesmo: a procura cresce mais do que a oferta”.
José Caleia Rodrigues, consultor na área da energia, diz que “esta redução no preço era expectável. Subiu tanto que teria de cair um pouco. Mas é inevitável que volte a subir e a vencer novos máximos”. A procura costuma ser mais moderada no Verão, “mas os factores para que volte a disparar estão lá todos”, aponta. E dá exemplos: “investir na exploração é cada vez mais caro, o retorno de projectos como o Tupi no Brasil só acontecerá daqui a 10 ou 12 anos. No fundo há um problema latente e sério do lado da oferta a prazo que é saber com que dinheiro e fiabilidade se conseguirá extrair petróleo de sítios muito complicados, como as reservas nas águas ultra-profundas [Brasil] ou nas areias betuminosas [Canadá]”.
Richard Cooper e Simon Fox, consultores da Mercer para o sector da energia, também defendem que o ritmo das subidas de preços dos últimos anos “sugerem que os fundamentais não são os únicos gatilhos” do actual choque petrolífero, apontando o dedo à “procura especulativa”. “O consenso geral é que o petróleo permaneça acima de 100 dólares”, podendo mesmo disparar ocasionalmente. Há analistas a falarem em picos de 200 ou 300 dólares, sublinham.James L. Williams, presidente da WTRG Economics, é de todos os menos pessimista. “O preço pode baixar até menos de 100 dólares por barril e ir até 85 dólares na Primavera de 2009”, mas “isto dependerá do grau de contágio dos problemas dos EUA ao resto do Mundo e da não existência de um contágio dos problemas dos EUA ao resto do Mundo e da não existência de um conflito no Irão”.

Diário Económico
Luís Reis Ribeiro
Energia 2008-08-06 00:05

sábado, 20 de setembro de 2008

José Júlio Caleia Rodrigues é mestre em Economia Política. Editou os livros "Geopolítica do Petróleo - Anatomia dos conflitos" e, mais recentemente, "Petróleo - Qual Crise?"
A fatia dos consumos de petróleo para transportes vai continuar a aumentar - e o preço também, basta chegarmos à porta do Inverno. J. Caleia Rodrigues, mestre em Economia Política, explica os cenários da crise petrolífera no quotidiano do consumidor.
Depois de amanhã, a Deco vai comunicar formas de protesto contra o preço da gasolina. A subida dos preços é motivo para levar pessoas à rua?
É, claro. Isso pode acontecer. É causa que baste - e se as pessoas forem levadas a fazer isso, creio que o farão.

O preço do petróleo está a cair desde Julho, mas a gasolina não pára de aumentar. Esta é a altura mais indicada para protestar?
Eu esperaria até finais de Outubro, meados de Novembro. Aí, o petróleo fica sempre mais caro, é a altura das compras para o aquecimento. Protestar nessa altura, de um novo e previsível pico de preços, colheria mais argumentos, melhores. Um protesto que ocorra já não impedirá uma subida dos preços nessa altura.

A Autoridade da Concorrência está a fazer tudo para acompanhar o sector?
Não creio. É um sector muito complicado, muito pesado. A AdC não tem capacidade de intervenção, aqui não tem peso. Pode ser óptima noutros sectores, mas é uma entidade genérica. Aqui, pode produzir negociações e encontros, mas pouco mais.

O Estado, a mexer no mercado da gasolina, pode intervir em três cenários: reforçar a regulação sobre as petrolíferas; mexer nos impostos (IVA e ISP); ou regressar à fixação administrativa do preço. Vê mais hipóteses?
São, genericamente, essas três. Hoje, da minha perspectiva, o que o Estado pode fazer é mexer nos impostos. No resto não tem muita margem de manobra, porque envolve negociação com produtores. O mercado é livre e aberto, e um Governo, através do Estado, não pode penalizar produtores de sector nenhum. Nos impostos, e a questão é muito complexa, é que tem margem para mexer. Mas se o Estado arrecadar menos, terá também menos para aplicar nos seus cidadãos - se reduz imposto, reduz benefícios para os seus cidadãos. Depende do equilíbrio que queira ter, sendo que o Estado precisa de impostos para manter o estatuto e o estado social, e para sustentar a sua própria funcionalidade.

Que capacidade tem o Estado para negociar com as petrolíferas?
O seu poder negocial vem dos investimentos que fizer e permitir fazer em novas descobertas e extracções de petróleo. Veja o caso da Galp: deve remeter-se a ser intermediário refinador ou assumir o papel de um verdadeiro 'player' de extracção e distribuição? A Galp é um intermediário puro (compra, refina e vende), mas isso faz-nos ficar dependentes. Para ser um 'player' de mercado tem que capitalizar-se, internamente e externamente, e investir muito. E o retorno, pelas médias do mercado de extracção, só chega em 10, 12 anos.

A curto prazo vai haver escassez de petróleo. É preocupante para Portugal?
Há já taxas de esgotamento enormes, a curto prazo vai haver escassez a sério. Mas nós nunca passaremos por situações difíceis: primeiro porque, a nível global, somos um pequeno consumidor; e, depois, porque temos diversidade de fornecedores, temos abastecimento diplomaticamente garantido.

Onde devemos ter parceiros preferenciais: nos novos lençóis do Brasil ou na Venezuela, que tem a gasolina mais barata do Mundo?
Há muitos mercados ávidos de novos parceiros - isso nunca será problema. A qualidade da Venezuela é questionável, mas está ávida, como o Brasil está ávido, como está a Nigéria, a Rússia... O Brasil será sempre mais interessante, historicamente, culturalmente. O que é preciso é recursos e, depois, saber quem os paga.

José Manuel Gaspar

O ministro da Economia apenas poderá pressionar as empresas petrolíferas a baixar os preços dos combustíveis, restando-lhe poucas medidas de intervenção, à excepção da fixação administrativa e da mexida nos impostos, defenderam à Lusa vários especialistas do sector.
O analista do Espírito Santo Research (ESR), Pedro Morais, afirmou à Lusa que Manuel Pinho "não tem muitas ferramentas para fazer algo sem ser contestado pelos operadores".
O analista considera difícil que o ministro "tenha uma medida prática que possa tomar", à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.
Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é "recuar quatro anos" na liberalização do mercado, defendeu.
Pedro Morais defende que uma das vias poderá ser o Estado utilizar os 7 por cento que ainda detém na Galp para tentar influenciar a gestão da petrolífera.
O ministro da Economia admitiu quarta-feira, em entrevista à SIC Noticias, que poderá intervir no mercado dos combustíveis para defender os consumidores.
"Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores", afirmou Manuel Pinho, embora tenha rejeitado a fixação administrativa dos preços.
"Acredito que os preços vão baixar, mas se não baixarem vamos ver se há algum problema na raiz e vamos resolvê-lo", afirmou.
A investigação profunda do mercado, anunciada pela Autoridade da Concorrência, é uma das medidas defendidas pelo especialista em petróleo, Caleia Rodrigues.
"O ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta, mas pode investigar e fazer pressão", defendeu em declarações à Lusa.
Para além destas medidas, Caleia Rodrigues defende que o Governo só pode mexer nos impostos, duvidando que "tenha força para fixar preços máximos", como fez o Governo Regional da Madeira, acabando com a liberalização dos combustíveis.
Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu "há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis".
"Só poderá intervir, mudando o quadro legal de actividade, o que não me parece possível face aos acordos que Portugal tem no âmbito da União Europeia", afirmou à Lusa.
"Não vislumbro medidas, a não ser uma medida restritiva à liberdade do mercado", disse.
Um especialista em concorrência afirmou à Lusa que o ministro poderá tomar apenas duas medidas: ou baixar os impostos ou voltar a fixar administrativamente os preços.
O Governo Regional dos Açores decidiu mexer no ISP para combater as variações internacionais do preço do combustível.
Através de uma oscilação ascendente ou descendente de 10 por cento no ISP o Governo Regional consegue neutralizar a oscilação nos preços.
O analista financeiro da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou à Lusa não se pronunciar sobre "medidas políticas", mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.
"Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros", afirmou.
Segundo este analista, há uma "correlação quase perfeita" entre o aumento dos preços refinados em euros e o aumento do preço dos combustíveis na bomba, que não se verifica quando os preços baixam.
Na sua opinião, e tendo em conta a dimensão da descida do preço do gasóleo nos mercados internacionais - de 840 euros por tonelada entre Maio e Julho para os actuais 600 euros - o preço devia estar na bomba 10 por cento mais barato do que o que está.
José Manuel Gaspar

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Os impostos valem metade do preço dos combustíveis.
A queda do preço do petróleo tem de ser reflectida no preço dos combustíveis. As palavras são do ministro da Economia, Manuel Pinho, no mesmo dia em que a BP subiu em um cêntimo o preço da gasolina e a Galp o manteve inalterado. Os números não batem certo? Só aparentemente, dizem os especialistas.
“A teoria da conspiração que diz que as petrolíferas estão fartas de meter milhões ao bolso não faz sentido nenhum”, frisa Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal. O preço do barril de crude, diz o especialista em questões energéticas, pesa apenas 20% na determinação do preço dos combustíveis. Por outro lado, às petrolíferas deverá restar apenas uma margem de cerca de 10% para a gestão da empresa e a logística. Por tudo isto, frisa Ribeiro da Silva, não faz sentido que o ministro da Economia peça às petrolíferas para baixarem os preços, “numa lógica de Robin dos Bosques e Xerife de Nottingham”.
O sistema de formação dos preços dos combustíveis é determinado pelo próprio Governo e é ao Estado que cabe a fatia de leão - os impostos pesam 59% no caso da gasolina e 47% nos gasóleos, entre IVA e ISP.
“Se o Governo quiser que os preços baixem pode optar por baixar os impostos”, aponta Caleia Rodrigues, consultor para questões energéticas. Por outro lado, frisa o mesmo especialista, “para que continue a haver petróleo até 2030 as petrolíferas têm de investir, até essa data, 150 mil milhões de dólares por ano [105 mil milhões de euros] e, para isso, têm de ter financiamento, numa altura em que o acesso ao crédito é cada vez mais difícil”.

Diário Económico
Preço dos combustíveis 2008-09-18 00:05
Sofia Lobato Dias

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O potencial dos dois poços da Bacia de Santos pode duplicar as reservas recuperáveis do Brasil, que no ano passado eram de 12,6 mil milhões debarris. Número pouco significativo face
ao total mundial, mas importante numa realidade de campos envelhecidos.

As reservas acima do esperado para o poço brasileiro Iara trouxeram uma lufada de ar fresco ao mundo da exploração, a juntar-se às expectativas já nascidas em Novembro com as previsões para o Tupi, que fica no mesmo bloco (BMS-11) petrolífero do pré-sal brasileiro.
As potenciais reservas recuperáveis dos dois poços ascendem a 10 mil milhões de barris (média entre os 5 a 8milmilhões estimados para o Tupi e os 3 a 4 mil milhões projectados para o Iara). Uma vez que o consumo mundial de petróleo ronda os 31 mil milhões de barris por ano, os dois campos brasileiros representam um terço do crude do consumo anual em todo o mundo.
Estas descobertas tornam o Brasil um país muito interessante em termos mundiais, comentou ao NEGÓCIOS o especialista em questões petrolíferas, José Caleia Rodrigues, “Não só pela quantidade, mas pela sua qualidade. Mas a profundidade constitui um problema, já que exige grande esforço financeiro em nova tecnologia de extracção e meios humanos adequados, que não são fáceis de encontrar.” “Hoje essa é uma grande questão, visto que o petróleo superficial está em esgotamento”.
O especialista sublinhou que as novas descobertas no Canadá e na Venezuela são de areias betuminosas e o processamento é muito caro, já que exigem enormes quantidades de água e energia. Assim, as duas grandes possibilidades para o futuro são a de encontrar petróleo a grandes profundidades, cuja extracção é cara, ou areias betuminosas, cujo processamento é muito dispendioso. “Quando se encontra petróleo mais leve, como no caso do Iara, isso é bom. Mas continua a ser caro extraí-lo”, afirmou o responsável, que considera que para as empresas apostarem na exploração de novos campos, o petróleo não pode estar abaixo dos 100 dólares. “É um risco financeiro muito grande”, advertiu.

Receitas do pré-sal para o Estado brasileiro

Lula da Silva anunciou recentemente que vai ser criada uma empresa para gerir o pré-sal, cujas receitas reverterão para o Estado, o que não agradou os accionistas e as empresas internacionais – que se viram privados de fazer licitações para operarem esses campos.
Recorde-se que o Brasil recusou na semana passada integrar a OPEP. Recentemente, o presidente da Petrobras salientou que a OPEP exporta petróleo e não combustível, o que inviabiliza a entrada do Brasil.
As descobertas do Tupi e do Iara poderão duplicar as actuais reservas do Brasil, que, segundo o último relatório mundial da BP, estão nos 12,6milmilhões de barris.
Os dois novos poços podem, assim, colocar as reservas recuperáveis brasileiras em perto de 13 mil milhões de barris.

O que é a camada pré-sal?

É uma faixa que se estende ao longo de 800 quilómetros (km) entre os estados brasileiros de Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, englobando três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos).
O petróleo nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal, que, segundo os geólogos, conserva a qualidade do petróleo. As grandes últimas descobertas de petróleo no Brasil (Tupi e Iara) estão no pré-sal. As estimativas apontam para que esta camada ultra-profunda tenha reservas próximas dos 100 mil milhões de barris.

Desafios tecnológicos
Para chegar à camada pré-sal, a Petrobras diz que teve que superar muitos desafios tecnológicos. A empresa tem um centro de pesquisas onde estão a ser testados processos inéditos, como a abertura de cavernas no sal, para servirem de reservatórios para o gás, até que entre em operação o projecto-piloto, projectado para o ano de 2010.

Qualidade do petróleo
Além do potencial petrolífero, as descobertas no pré-sal diferenciam-se pela qualidade do óleo. A maior parte das reservas da Petrobras era de petróleo pesado.
As jazidas do pré-sal, com hidrocarbonetos leves, gás natural e condensado, estão a mudar o perfil das reservas da empresa líder de consórcio, assim como das parceiras, como a Galp.

Financiamento
Para transformar o pré-sal numa forte área produtiva serão necessários investimentos muito elevados. Só nos campos à volta do Tupi, fala-se de 145 mil milhões de euros. Mas a origem dos recursos ainda está dependente do modelo que será adoptado pelo governo de Lula da Silva: o actual modelo de concessões a privados ou uma empresa pública.

Jornal de Negócios
12.Setembro.2008
Carla Pedro cpedro@mediafin.pt

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Petróleo que vem do Mar Cáspio para a Europa já é motivo de conflito há muitos anos.

Este sábado, as autoridades georgianas noticiaram que o oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) - que transporta petróleo desde o Azerbaijão até à Turquia, através da Geórgia - havia sido atacado pela Rússia. Moscovo negou esta operação e a BP, que gere a infraestrutura, disse não haver registo de qualquer dano. Mas este incidente alertou para aquele que pode ser um dos motivos do conflito que opõe georgianos e russos: o petróleo.
O especialista em geopolítica do petróleo, José Caleia Rodrigues, chama a atenção para o «conflito que dura há muitos anos sobre os direitos do Mar Cáspio», de onde o petróleo é extraído «há mais de cem anos».
«Os países circundantes [Rússia, Azerbaijão, Turquemenistão, Cazaquistão e Irão] do Mar Cáspio lutam por este petróleo há muitos anos. A questão é: de quem é este petróleo?», esclareceu ao PortugalDiário.
O petróleo extraído entra no pipeline no Azerbaijão, atravessa a Geórgia e a Turquia e vai abastecer a Europa Ocidental. «Este oleoduto gerou muita discussão porque seria muito mais económico construir um que passasse pela Arménia, pois seria mais curto. Por razões políticas e de segurança, decidiu-se que passaria pela Geórgia, mas a solução pelos vistos não foi a melhor», explicou o especialista.

Europa, EUA e Ásia, todos com interesses no conflito
Com milhões de barris diários exportados a partir do BTC, a Europa Ocidental tem de estar com olhos bem atentos na guerra entre a Geórgia e a Rússia: «Todos os países têm de estar interessados, porque a intenção da construção deste oleoduto foi depender menos do Médio Oriente em termos de petróleo».
O conflito já está a ter repercussões no mercado internacional. Segundo Caleia Rodrigues e sendo que «já há carências de mercado e o consumo continua a aumentar», pode mesmo haver uma «carência de abastecimento de petróleo na Europa» nos próximos tempos. A solução poderá passar precisamente pelo petróleo russo ou pela Arábia Saudita, outros interessados nesta guerra.
E por falar em interessados, o especialista lembra que este petróleo atinge indirectamente os EUA, que «tiveram várias empresas envolvidas na construção do pipeline» e celebraram esta nova rota petrolífera.
«Não podemos dizer que o petróleo é a principal razão desta guerra, mas devemos ter consciência que estamos perante um problema muito complexo. Há muitos interesses em jogo. E há também um gasoduto que transporta gás natural para a Europa, sendo que precisamente na Geórgia é paralelo ao oleoduto», concluiu.

IOL, Portugal Diário
Catarina Pereira
11-08-2008 - 21:03h

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O especialista em geopolítica do petróleo, Caleia Rodrigues, considera o conflito no Cáucaso um conflito económico, e diz que o risco no corte de abastecimento de petróleo para a Europa é real.

(Baku-Tbilisi-Ceyhan pipeline)
O conflito entre a Rússia e a Geórgia começa a ter consequências económicas. O preço do petróleo, que estava a descer há já vários dias, voltou a subir no mercado de Nova Iorque.
Há agora o receio de que este conflito tenha como consequência para a Europa, a interrupção no abastecimento de petróleo.
O especialista em geopolítica do petróleo, Caleia Rodrigues, reconhece que, desta vez, o mercado tem razões para estar nervoso, até porque o risco de corte no abastecimento é mesmo real.
Caleia Rodrigues alerta que este é um «risco efectivo», sublinhando que este é mais do que um conflito geopolítico, é um conflito económico, ainda que escondido.
Caleia Rodrigues acrescenta que o petróleo é o grande motivo do braço-de-ferro entre a Rússia e a Geórgia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A cotação do barril de Brent abriu hoje a 117,25 dólares no mercado de Londres. São menos 45 cêntimos do que no fecho de ontem, no mercado que serve de referência Portugal.Depois da Galp, hoje, a BP e a Repsol baixaram também os preços dos combustíveis. Na BP o gasóleo está 2 cêntimos mais barato e o preço da gasolina tem menos 1 cêntimo. Na Repsol o gasóleo baixou 2,5 cêntimos e a gasolina meio cêntimo.
Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas, defende que esta descida é sazonal e normal nesta altura do ano.

Rádio Clube Português
Economia - 06-08-2008

O barril de petróleo chegou hoje ao valor mais baixo dos últimos três meses.
Caleia Rodrigues diz que a descida dos preços é sazonal.
O especialista em petróleo diz que normalmente os preços caem durante o Verão, porque há menos consumo para aquecimento e indústria e lembra que os problemas estruturais da indústria que não satisfazem a oferta, continuam por resolver.
O especialista lembra que apesar do abrandamento económico na Europa e nos Estados Unidos, as economias asiáticas continuam a crescer e a aumentar o consumo.
Caleia Rodrigues acredita que o preço pode chegar aos 150 dólares em Novembro.

Rádio Clube Português
Economia - 05-08-2008

A descida do crude é explicada pela menor procura que acontece no Verão. Passado este efeito sazonal, as subidas voltarão porque se mantêm os problemas estruturais.

A queda recente dos preços do petróleo será temporária, pelo que a matéria-prima continuará a pressionar o crescimento dos países mais dependentes de energia importada, como Portugal. E os preços das mercadorias e dos transportes (e por essa via a dar argumentos para subidas das taxas de juro).
Apesar da forte descida – o barril de Brent caía ontem quase 25 dólares face ao máximo histórico de 143 dólares de 11 de Julho –, o preço médio do contrato, calculado desde o início do ano, valia 73,6 euros (113,2 dólares). Medido na moeda única, o crude está actualmente 40% mais caro face à média de 2007.
Os especialistas ouvidos dizem que os factores especulativos e algumas causas sazonais justificam o alívio “momentâneo” do petróleo. Passada esta fase – uma etapa em que os fundos (hedge funds) lucram com a venda de contratos altamente valorizados marcada pela menor procura associada ao Verão e pelo abrandamento económico e da procura dos países ocidentais, etc. – os peritos consideram que os argumentos para o petróleo voltar a subir continuam intactos.
A procura mundial cresce tendencialmente mais do que a oferta, o cartel do petróleo (OPEP) continua a ter muito controlo sobre as entregas ao mercado, é cada vez mais caro investir na exploração (há muito petróleo no mundo, mas é bastante mais difícil lá chegar), há entraves tecnológicos importantes à produção, o retorno dos projectos de investimento é cada vez mais demorado.
Eduardo Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, salienta que “o jogo especulativo está a ser determinante para este sobe e desce”.
Mas sempre que o preço do petróleo dispara, vence patamares aos quais dificilmente regressará”. E isto porquê? “Porque o problema de fundo continua o mesmo: a procura cresce mais do que a oferta”.

José Caleia Rodrigues, consultor na área da energia, diz que “esta redução no preço era expectável. Subiu tanto que teria de cair um pouco. Mas é inevitável que volte a subir e a vencer novos máximos”. A procura costuma ser mais moderada no Verão, “mas os factores para que volte a disparar estão lá todos”, aponta. E dá exemplos: “investir na exploração é cada vez mais caro, o retorno de projectos como o Tupi no Brasil só acontecerá daqui a 10 ou 12 anos. No fundo há um problema latente e sério do lado da oferta a prazo que é saber com que dinheiro e fiabilidade se conseguirá extrair petróleo de sítios muito complicados, como as reservas nas águas ultra-profundas [Brasil] ou nas areias betuminosas [Canadá]”.

Richard Cooper e Simon Fox, consultores da Mercer para o sector da energia, também defendem que o ritmo das subidas de preços dos últimos anos “sugerem que os fundamentais não são os únicos gatilhos” do actual choque petrolífero, apontando o dedo à “procura especulativa”. “O consenso geral é que o petróleo permaneça acima de 100 dólares”, podendo mesmo disparar ocasionalmente. Há analistas a falarem em picos de 200 ou 300 dólares, sublinham.
James L. Williams, presidente da WTRG Economics, é de todos os menos pessimista. “O preço pode baixar até menos de 100 dólares por barril e ir até 85 dólares na Primavera de 2009”, mas “isto dependerá do grau de contágio dos problemas dos EUA ao resto do Mundo e da não existência de um conflito no Irão”.


Diário Económico
Edição Impressa - Economia
Luís Reis Ribeiro
Energia 2008-08-06 00:05

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Barack Obama propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a alta dos combustíveis.

À TSF, o especialista Caleia Rodrigues considerou a proposta uma mera «declaração política».

Caleia Rodrigues, especialista em Economia Política, diz que a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas dos EUA iria ter grande impacto no mercado

Caleia Rodrigues diz que a proposta de Obama é apenas uma declaração política

O candidato presidencial democrata dos Estados Unidos propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a subida de preços dos combustíveis.
«Deveríamos vender 70 milhões de barris de crude da nossa Reserva Estratégica de Petróleo e substituí-los por crude menos caro, o que no passado reduziu os preços da gasolina num prazo de duas semanas», defendeu Barack Obama, quando discursava em Lansing, no Estado do Michigan.
Esta é a primeira vez que o candidato democrata defende, em nome do «sofrimento» dos norte-americanos, o uso das reservas estratégicas petrolíferas dos Estados Unidos para combater a escalada de preços dos combustíveis.
Obama, que apresentou também medidas de longo prazo, como o desenvolvimento das energias alternativas, nomeadamente a solar e a eólica, acusou os políticos norte-americanos, incluindo o seu adversário directo, de terem fracassado, durante 30 anos, no combate à crise energética.
O democrata afirmou que o seu adversário republicano está no bolso das grandes companhias petrolíferas, considerando que estas «têm bloqueado o avanço para outras formas de energia».
Num discurso marcado por críticas directas e duras a John McCain, Barack Obama frisou que em Julho o republicano recebeu mais de um milhão de dólares de apoio à sua campanha da parte de petrolíferas.
Estas acusações foram proferidas na mesma altura que a campanha do democrata começou a transmitir um novo anúncio em canais de televisão com críticas à política energética do candidato republicano.
«Depois de um presidente no bolso das grandes companhias de petróleo, não nos podemos dar ao luxo de voltar a ter outro do género», defende o anúncio publicitário.
As acusações de Obama surgem numa altura em que o debate sobre a política energética do país se está a tornar num dos principais tópicos de discussão das presidências de Novembro.
O aumento dos custos de combustíveis está a levar os dois candidatos a apresentarem-se como capazes de iniciar uma política que liberte o país daquilo que Obama descreveu como o «vício do petróleo».
Por seu lado John McCain voltou, esta segunda-feira, a defender o aumento da exploração petrolífera dentro dos Estados Unidos, afirmando, numa alusão a Obama, que quem se opõem a isso não tem a experiência necessária para compreender os desafios que o país enfrenta.

Entretanto, ouvido pela TSF, o especialista em Economia Politica Caleia Rodrigues disse que a proposta de Obama de vender 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país ia «seguramente» ter efeitos no mercado.
No entanto, o especialista considerou a ideia lançada pelo democrata como uma «declaração política», lembrando que para levar a cabo essa venda seria primeiro necessário «alterar as regras da própria reserva» norte-americana.
Além disso, Caleia Rodrigues lembrou que ao reduzir essa reserva estratégica, o país estaria a «reduzir a sua quantidade de defesa».

TSF
5.Agosto.2008
00h05

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Preços baixos na gasolina (Diário Económico, 30.Julho.2008)

Petróleo voltou a baixar, mas até quando? OPEP prevê barril nos 80 dólares. Galp cortou preço da gasolina.

Facturas a subir, margens mais curtas, preços inflacionados e dificuldades nas contas. Nos últimos meses tem sido este o retrato de muitas indústrias nacionais, um cenário negro que ficou menos carregado nos últimos dias. Na terça-feira, a Galp baixou o preço da gasolina em quatro cêntimos e do gasóleo em três cêntimos, sendo a segunda redução no espaço de uma semana. Entretanto, a BP e Repsol também já baixaram, respondendo à queda do crude nos mercados internacionais.
Apesar das boas notícias, o futuro parece incerto Até quando vão cair os preços do barril? Até quando é que as gasolineiras vão corrigir os preços, depois das mais de vinte subidas desde Janeiro? “A tendência será para continuar a cair se o petróleo continuar a descer. Se continuar a baixar terá que haver reduções significativas” nos preços, garante Augusto Cymbron, ao Diário Económico. O presidente da Anarec lembrou as declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chavez que disse, na semana passada, que o petróleo ficaria nos 100 dólares. Entretanto, ontem, 0 presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Chakib Khelil, considerou hoje “anormais” os preços actuais e admitiu que possam recuar até aos 80 dólares, caso o dólar continue e valorizar-se e a situação política no Médio Oriente melhore.
Ainda sobre o petróleo, fonte oficial da Repsol disse ao Diário Económico que “tudo vai depender da oferta e da procura, dos movimentos geopolíticos que afectam directamente a matéria-prima”. Uma opinião partilhada pela BP Portugal que acrescenta a estes factores a variável financeira, associada à oscilação da cotação do dólar. Do lado das gasolineiras, a expectativa é grande. “Esta queda, se se mantiver, pode contribuir para uma retoma nos volumes”, diz fonte oficial da BP Portugal, marca que já reconheceu que a procura de combustível nas suas bombas tem estado a cair.
O governo também tem boas expectativas. O ministro da economia português, Manuel Pinho acredita que esta descida terá um impacto positivo na economia. E, acrescentou ontem em Paços de Ferreira que, “não há razão objectiva para que o petróleo tenha duplicado o seu preço em tão pouco tempo”.
Para o especialista em petróleo José Caleia Rodrigues, esta quebra verificada nas últimas semanas é resultado de algum efeito “sazonal” que normalmente se faz sentir a partir de Abril/Maio e se prolonga pelo Verão, período em que “ha uma quebra no consumo”, relacionada sobretudo com a paragem ou redução de actividade no sector da indústria. “Penso que no final de Setembro, Outubro os preços comecem novamente a subir, voltando para níveis de Fevereiro, Março”, afirmou Caleia Rodrigues.
Os recentes ajustes em baixo nos preços dos combustíveis têm tido menor impacto no petróleo. Um facto justificado tanto pela Galp Energia como pela Repsol pelos desequilíbrios que existem entre a oferta e a procura. “Na Europa existe excesso de gasolina o que leva a Europa a exportá-la; mas falta gasóleo”, afirmou fonte oficial da Repsol. “Face ao desequilíbrio entre oferta e procura de gasóleo que se tem vindo a sentir nos mercados internacionais, este produto tem tido tendência a aumentar mais do que a gasolina”, afirmou fonte oficial da Galp Energia, justificando deste modo a redução inferior no preço do gasóleo.

Galp à procura de petróleo na costa de Lisboa
A maior petrolífera portuguesa está a estudar a costa de Lisboa em busca de petróleo. A primeira fase de prospecção em busca do ouro negro passa por estudos geológicos, já concluídos ao largo da capital. “Em curso estão agora os estudos sísmicos, que correspondem a fazer uma ecografia ao subsolo”, explica Manuel Ferreira de Oliveira, presidente-executivo da Galp. Seguem-se depois estudos de pormenores, que permitem ter uma visão a três dimensões do subsolo para ver se há jazigas. No total, um estudo detalhado demora entre seis a oito anos. “Se dentro de três a quatro anos começarmos a perfurar o solo é porque há uma grande probabilidade de encontrarmos petróleo”, frisou o CEO. A Galp está também a estudar a bacia do Alentejo. A perfuração de um poço de petróleo custa entre 50 a 70 milhão de euros.

S&P aponta para preço do barril nos 130 dólares
Os preços dos futuros do petróleo deverão manter-se na casa dos 130 dólares, o que, estima a Standard & Poor’s (S&P), deverá continuar a dar suporte ao sector de exploração e produção de petróleo. Esta evolução tem contribuído para a “melhoria da qualidade do crédito e dos ‘ratings’ da indústria do gás e do petróleo, refere a casa de notação financeira, num nota divulgada ontem. Já as indústrias de refinação e comercialização “continuam a enfrentar difíceis condições de mercado, penalizadas pela confluência de elevados custos do petróleo e do gás natural, com quebra na procura de gasolina e de produtos residuais”, refere a S&P. Como tal, a casa de notação financeira, prevê que “os resultados dos primeiros seis meses deste de 2008 sejam bem inferiores aos registada no forte primeiro semestre de 2007”.

Diário Económico
Marta Reis e Sara Piteira Mota
Preço da gasolina 2008-07-30 00:05

terça-feira, 29 de julho de 2008

As descidas no preço ao consumidor dos combustíveis são, ainda que apenas em parte, reflexos da descida do petróleo nos mercados internacionais.
Depois de uma subida extraordinária, o preço da matéria-prima tem descido nas últimas semanas.
Uma descida que, segundo o especialista em mercados petrolíferos, José Caleia Rodrigues, acontece sazonalmente e a expectativa é que continue assim pelo menos até final do Verão.
O especialista salienta que “invariavelmente, sobe outra vez, na altura das compras e dos grandes consumos, a partir de Outubro, Novembro”.
O preço do petróleo nos mercados internacionais manteve-se, esta manhã, estável. Em Londres, o barril de Brent do Mar do Norte, que serve de referência à fixação dos preços em Portugal, estava a ser transaccionado um pouco acima dos 126 dólares, uma subida ligeira de 55 cêntimos por barril.

Rádio Renascença
Combustíveis
29-07-2008 11:1
AC

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ferreira de Oliveira disse que não ia ter boas notícias no semestre e a Galp caiu 6,5% em bolsa.

Num dia positivo para a bolsa portuguesa, com os títulos da banca a subir, as acções da Galp Energia chegaram a cair 9,54% e a valer 10,90 euros, o valor mais baixo desde 8 de Novembro de 2007. A queda da maior petrolífera portuguesa acontece um dia depois do presidente executivo da empresa ter admitido que os resultados do segundo trimestre podem trazer más notícias aos accionistas. Ferreira de Oliveira disse terça-feira no Parlamento que não tinha “melhores notícias” do que aquelas que deu no primeiro trimestre. Nos primeiros três meses do ano, o lucro ajustado da empresa caiu 8,2% face ao período homólogo para os 109 milhões de euros.

“A Galp está a sofrer com a diminuição das margens de refinação devido à escalada do preço do barril de petróleo”, explica um analista do mercado. A desvalorização do dólar face ao euro e a indefinição da tributação que vai ser aplicada no campo de petróleo de Tupi, no Brasil, também poderão estar a levantar dúvidas entre os accionistas.
O ‘emagrecimento’ das margens das refinarias é um problema comum às várias petrolíferas europeias, a braços com a subida do preço do crude. Além disso, o consumo de combustíveis tem vindo a cair entre os 4% a 6% ao ano. Só no último ano, o consumo deverá ter caído 5%. Esta quebra na procura poderá estar também a contribuir para a diminuição das margens das
refinarias.

“As petrolíferas podem estar a esmagar as margens para incentivarem a procura. Ou seja, o aumento do preço do petróleo que compram não é acompanhado na mesma proporção pela subida do preço de venda de combustíveis”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.

A prestação da Galp Energia em bolsa também tem sido afectada pela nova taxa Robin dos Bosques, recentemente anunciada pelo Governo. A medida vai cair sobre o valor das reservas petrolíferas com base no preço mais antigo. Apesar de o CEO da maior petrolífera nacional garantir que vai ter de pagar entre 100 a 150 milhões de euros ao Estado, um estudo ontem divulgado pelo banco BPI aponta para uma tributação que pode custar entre 300 a 380 milhões à Galp. Fonte da empresa garantiu ao Diário Económico que as contas do BPI “não fazem sentido nenhum” e têm em conta uma “visão catastrofista” da realidade.
O presidente executivo da Galp Energia garantiu, contudo, que a aplicação desta taxa não irá prejudicar os resultados líquidos da empresa, até porque a medida “não foi uma surpresa” para a administração. “A política de distribuição de dividendos da Galp não é nada afectada por esta medida, uma vez que tem por base o custo de substituição dos barris”, esclareceu o presidente da petrolífera. Uma vez que os dividendos não têm em conta as reservas, os accionistas não são penalizados pela nova política fiscal.Galp teve a maior queda do PSI-20
A Galp Energia protagonizou ontem a maior queda percentual do PSI 20, ao cair 6,56% para 11,26 euros, prejudicada pela queda nos preços do petróleo e pela incerteza dos efeitos que a taxa Robin dos Bosques vai ter na empresa. O ‘emagrecimento’ das margens de refinação e a desvalorização do dólar face ao euro também deverão estar a prejudicar a prestação da empresa em bolsa.

Diário Económico
Previsões dos analistas 2008-07-17 00:05
Sofia Lobato Dias

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O campo brasileiro é o mais valioso do mundo.
A descoberta das maiores reservas de petróleo do mundo, em Tupi, no Brasil, revolucionou a indústria petrolífera a nível mundial. São entre cinco a oito mil milhões de barris de crude a mais de nove quilómetros de profundidade, ao largo da baía de Santos, no estado do Rio de Janeiro. Ao preço actual do barril, que ronda os 137 dólares, as reservas de Tupi valem entre 685 mil milhões de dólares e 1,1 bilião de dólares (435 mil milhões e 697 mil milhões de euros).
“O Brasil tem nas mãos o maior campo petrolífero do mundo e está agora a par, no panorama mundial, de superpotências como a Rússia e a Arábia Saudita”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.
As reservas milionárias de petróleo no Brasil estão a 250 quilómetros de distância da costa do estado do Rio de Janeiro. Debaixo do mar, os poços estão a nove quilómetros de profundidade e têm temperaturas que chegam aos 260 graus centígrados. É a difícil acessibilidade do campo petrolífero de Tupi que faz com a exploração dos poços seja tão cara.
Peter Wells, director da empresa de pesquisa norte-americana Nettex Petroleum Consultants, fez os cálculos e garante que os trabalhos na zona de Tupe custarão qualquer coisa como 155 mil milhões de euros, mais ou menos o valor do financiamento do programa espacial norte-americana pelos próximos catorze anos. A Galp, com uma participação de 10% no bloco BMS-11, um dos três da região de Tupi, terá investir qualquer coisa como 6,5 mil milhões de euros para fazer a extracção de petróleo.
A Petrobras, que lidera o grupo de empresas petrolíferas que vão explorar os campos de Tupi, vai avançar com testes mais profundos no campo brasileiro no terceiro trimestre de 2009. Um ano depois deverão ser extraídos os primeiros cem mil barris diários de petróleo e produzidos quatro milhões de metros cúbicos de gás natural.

Diário Económico
2008-07-10 00:05
Sofia Lobato Dias com A.B.

terça-feira, 8 de julho de 2008

José Caleia Rodrigues diz que os produtores de petróleo não têm margem de manobra para aumentar a produção

José Caleia Rodrigues alertou que os produtores de petróleo não «têm margem de manobra» para aumentar a produção, como solicitado pelo G8. Para o especialista, os líderes dos oito países deveriam ter sugerido a diminuição do consumo.

José Caleia Rodrigues, consultor e analista na área do petróleo, alertou, esta terça-feira, que «aparentemente» os produtores de petróleo não «têm margem de manobra» para aumentar a produção de petróleo, como solicitado pelos países do G8.
Em declarações à TSF, o especialista alertou que «qualquer aumento de extracção de petróleo corresponde a investimentos astronómicos», sendo que se o caminho for esse «todos teremos de pagar».
«O petróleo das grandes bolsas que estão a ser extraídas há mais de 50 anos estão com taxas de esgotamento enormes, daí que qualquer aumento de extracção corresponde a investimentos astronómicos», reforçou.
O analista adiantou que apenas a Rússia tem aumentado «um pouco» a produção, porque «parece que tem uma técnica que ainda não é utilizada por outros na extracção de grande profundidade (deep waters)(deep depth)».
José Caleia Rodrigues defendeu que o apelo dos países do G8 deveria ser sido para um «menor consumo» dos recursos petrolíferos.