domingo, 21 de setembro de 2008

Um investimento superior a 15 biliões de euros. É o que é preciso para manter no mundo a exploração do petróleo, gás natural e carvão nos níveis necessários até 2030.
Vinte e dois milhões de milhões de dólares ou mais de 15 milhões de milhões de euros. É este o valor colossal do investimento que é necessário em todo o mundo para que continue a haver energia até 2030, de acordo com os dados da Agência Internacional da Energia.
Os investimentos são de tal forma colossais que os preços altos dos combustíveis fósseis são uma inevitabilidade”, explica José Caleia Rodrigues, consultor e especialista em questões energéticas.
Só a exploração e produção de petróleo deverá absorver um quarto do financiamento total necessário. À extracção de gás natural é atribuída uma fatia de 18% dos investimentos necessários, enquanto a exploração de carvão precisa de 2% do investimento. À produção de energia eléctrica cabe a fatia de leão: 51%, ou seja, cerca de 7,79 biliões de euros.
Perante este cenário, os especialistas são peremptórios: os preços altos da energia vieram para ficar.
Quando começou a escalada desenfreada do preço do barril de petróleo, os preços do gás natural e do carvão também foram, obviamente, inflacionados”, aponta Caleia Rodrigues.
Só em 2008, o preço do barril de Brent já chegou perto dos 147 dólares, ao passo que o consumo do carvão disparou 4,5% e do gás natural 3,1% no ano passado. No que toca aos preços do gás natural, a tendência também é de subida – no Reino Unido os preços já dispararam 50% desde o início do ano.
Os preços da electricidade, contudo, têm em Portugal tectos máximos definidos pelo Governo. Ou seja, as tarifas eléctricas nunca poderão ultrapassar os limites do que é considerado suportável para os portugueses – o que resulta num défice tarifário que, num período máximo de 15 anos, acabará por ter de ser pago pelos consumidores.
Com o preço do petróleo a pressionar perto dos 100 dólares, e apesar da tendência de descida dos últimos dois meses, é difícil ver o preço dos combustíveis voltar a descer nos próximos tempos. Na passada quarta-feira, contudo, o ministro da Economia voltou a apontar o dedo às petrolíferas e garantiu que “o preço da gasolina só não desce se o mercado não funcionar” e disse-se satisfeito com a hipótese de a Autoridade da Concorrência [AdC] fazer uma “investigação aprofundada”, que significa “um passo em frente em relação à anterior”. Uma ideia bem acolhida pela BP Portugal – que detém 20% do mercado de retalho de venda dos combustíveis em Portugal –, que garantiu estar “totalmente disponível para colaborar com a AdC se quiser alterar o modo como vigia o mercado” e comungar do desejo do Governo de ver os preços descerem. A Galp Energia e a Repsol recusaram comentar as últimas declarações do Governo.

Diário Económico
Sofia Lobato Dias
Preços da energia 2008-09-19 00:05