quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Petróleo que vem do Mar Cáspio para a Europa já é motivo de conflito há muitos anos.

Este sábado, as autoridades georgianas noticiaram que o oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) - que transporta petróleo desde o Azerbaijão até à Turquia, através da Geórgia - havia sido atacado pela Rússia. Moscovo negou esta operação e a BP, que gere a infraestrutura, disse não haver registo de qualquer dano. Mas este incidente alertou para aquele que pode ser um dos motivos do conflito que opõe georgianos e russos: o petróleo.
O especialista em geopolítica do petróleo, José Caleia Rodrigues, chama a atenção para o «conflito que dura há muitos anos sobre os direitos do Mar Cáspio», de onde o petróleo é extraído «há mais de cem anos».
«Os países circundantes [Rússia, Azerbaijão, Turquemenistão, Cazaquistão e Irão] do Mar Cáspio lutam por este petróleo há muitos anos. A questão é: de quem é este petróleo?», esclareceu ao PortugalDiário.
O petróleo extraído entra no pipeline no Azerbaijão, atravessa a Geórgia e a Turquia e vai abastecer a Europa Ocidental. «Este oleoduto gerou muita discussão porque seria muito mais económico construir um que passasse pela Arménia, pois seria mais curto. Por razões políticas e de segurança, decidiu-se que passaria pela Geórgia, mas a solução pelos vistos não foi a melhor», explicou o especialista.

Europa, EUA e Ásia, todos com interesses no conflito
Com milhões de barris diários exportados a partir do BTC, a Europa Ocidental tem de estar com olhos bem atentos na guerra entre a Geórgia e a Rússia: «Todos os países têm de estar interessados, porque a intenção da construção deste oleoduto foi depender menos do Médio Oriente em termos de petróleo».
O conflito já está a ter repercussões no mercado internacional. Segundo Caleia Rodrigues e sendo que «já há carências de mercado e o consumo continua a aumentar», pode mesmo haver uma «carência de abastecimento de petróleo na Europa» nos próximos tempos. A solução poderá passar precisamente pelo petróleo russo ou pela Arábia Saudita, outros interessados nesta guerra.
E por falar em interessados, o especialista lembra que este petróleo atinge indirectamente os EUA, que «tiveram várias empresas envolvidas na construção do pipeline» e celebraram esta nova rota petrolífera.
«Não podemos dizer que o petróleo é a principal razão desta guerra, mas devemos ter consciência que estamos perante um problema muito complexo. Há muitos interesses em jogo. E há também um gasoduto que transporta gás natural para a Europa, sendo que precisamente na Geórgia é paralelo ao oleoduto», concluiu.

IOL, Portugal Diário
Catarina Pereira
11-08-2008 - 21:03h

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O especialista em geopolítica do petróleo, Caleia Rodrigues, considera o conflito no Cáucaso um conflito económico, e diz que o risco no corte de abastecimento de petróleo para a Europa é real.

(Baku-Tbilisi-Ceyhan pipeline)
O conflito entre a Rússia e a Geórgia começa a ter consequências económicas. O preço do petróleo, que estava a descer há já vários dias, voltou a subir no mercado de Nova Iorque.
Há agora o receio de que este conflito tenha como consequência para a Europa, a interrupção no abastecimento de petróleo.
O especialista em geopolítica do petróleo, Caleia Rodrigues, reconhece que, desta vez, o mercado tem razões para estar nervoso, até porque o risco de corte no abastecimento é mesmo real.
Caleia Rodrigues alerta que este é um «risco efectivo», sublinhando que este é mais do que um conflito geopolítico, é um conflito económico, ainda que escondido.
Caleia Rodrigues acrescenta que o petróleo é o grande motivo do braço-de-ferro entre a Rússia e a Geórgia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A cotação do barril de Brent abriu hoje a 117,25 dólares no mercado de Londres. São menos 45 cêntimos do que no fecho de ontem, no mercado que serve de referência Portugal.Depois da Galp, hoje, a BP e a Repsol baixaram também os preços dos combustíveis. Na BP o gasóleo está 2 cêntimos mais barato e o preço da gasolina tem menos 1 cêntimo. Na Repsol o gasóleo baixou 2,5 cêntimos e a gasolina meio cêntimo.
Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas, defende que esta descida é sazonal e normal nesta altura do ano.

Rádio Clube Português
Economia - 06-08-2008

O barril de petróleo chegou hoje ao valor mais baixo dos últimos três meses.
Caleia Rodrigues diz que a descida dos preços é sazonal.
O especialista em petróleo diz que normalmente os preços caem durante o Verão, porque há menos consumo para aquecimento e indústria e lembra que os problemas estruturais da indústria que não satisfazem a oferta, continuam por resolver.
O especialista lembra que apesar do abrandamento económico na Europa e nos Estados Unidos, as economias asiáticas continuam a crescer e a aumentar o consumo.
Caleia Rodrigues acredita que o preço pode chegar aos 150 dólares em Novembro.

Rádio Clube Português
Economia - 05-08-2008

A descida do crude é explicada pela menor procura que acontece no Verão. Passado este efeito sazonal, as subidas voltarão porque se mantêm os problemas estruturais.

A queda recente dos preços do petróleo será temporária, pelo que a matéria-prima continuará a pressionar o crescimento dos países mais dependentes de energia importada, como Portugal. E os preços das mercadorias e dos transportes (e por essa via a dar argumentos para subidas das taxas de juro).
Apesar da forte descida – o barril de Brent caía ontem quase 25 dólares face ao máximo histórico de 143 dólares de 11 de Julho –, o preço médio do contrato, calculado desde o início do ano, valia 73,6 euros (113,2 dólares). Medido na moeda única, o crude está actualmente 40% mais caro face à média de 2007.
Os especialistas ouvidos dizem que os factores especulativos e algumas causas sazonais justificam o alívio “momentâneo” do petróleo. Passada esta fase – uma etapa em que os fundos (hedge funds) lucram com a venda de contratos altamente valorizados marcada pela menor procura associada ao Verão e pelo abrandamento económico e da procura dos países ocidentais, etc. – os peritos consideram que os argumentos para o petróleo voltar a subir continuam intactos.
A procura mundial cresce tendencialmente mais do que a oferta, o cartel do petróleo (OPEP) continua a ter muito controlo sobre as entregas ao mercado, é cada vez mais caro investir na exploração (há muito petróleo no mundo, mas é bastante mais difícil lá chegar), há entraves tecnológicos importantes à produção, o retorno dos projectos de investimento é cada vez mais demorado.
Eduardo Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, salienta que “o jogo especulativo está a ser determinante para este sobe e desce”.
Mas sempre que o preço do petróleo dispara, vence patamares aos quais dificilmente regressará”. E isto porquê? “Porque o problema de fundo continua o mesmo: a procura cresce mais do que a oferta”.

José Caleia Rodrigues, consultor na área da energia, diz que “esta redução no preço era expectável. Subiu tanto que teria de cair um pouco. Mas é inevitável que volte a subir e a vencer novos máximos”. A procura costuma ser mais moderada no Verão, “mas os factores para que volte a disparar estão lá todos”, aponta. E dá exemplos: “investir na exploração é cada vez mais caro, o retorno de projectos como o Tupi no Brasil só acontecerá daqui a 10 ou 12 anos. No fundo há um problema latente e sério do lado da oferta a prazo que é saber com que dinheiro e fiabilidade se conseguirá extrair petróleo de sítios muito complicados, como as reservas nas águas ultra-profundas [Brasil] ou nas areias betuminosas [Canadá]”.

Richard Cooper e Simon Fox, consultores da Mercer para o sector da energia, também defendem que o ritmo das subidas de preços dos últimos anos “sugerem que os fundamentais não são os únicos gatilhos” do actual choque petrolífero, apontando o dedo à “procura especulativa”. “O consenso geral é que o petróleo permaneça acima de 100 dólares”, podendo mesmo disparar ocasionalmente. Há analistas a falarem em picos de 200 ou 300 dólares, sublinham.
James L. Williams, presidente da WTRG Economics, é de todos os menos pessimista. “O preço pode baixar até menos de 100 dólares por barril e ir até 85 dólares na Primavera de 2009”, mas “isto dependerá do grau de contágio dos problemas dos EUA ao resto do Mundo e da não existência de um conflito no Irão”.


Diário Económico
Edição Impressa - Economia
Luís Reis Ribeiro
Energia 2008-08-06 00:05

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Barack Obama propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a alta dos combustíveis.

À TSF, o especialista Caleia Rodrigues considerou a proposta uma mera «declaração política».

Caleia Rodrigues, especialista em Economia Política, diz que a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas dos EUA iria ter grande impacto no mercado

Caleia Rodrigues diz que a proposta de Obama é apenas uma declaração política

O candidato presidencial democrata dos Estados Unidos propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a subida de preços dos combustíveis.
«Deveríamos vender 70 milhões de barris de crude da nossa Reserva Estratégica de Petróleo e substituí-los por crude menos caro, o que no passado reduziu os preços da gasolina num prazo de duas semanas», defendeu Barack Obama, quando discursava em Lansing, no Estado do Michigan.
Esta é a primeira vez que o candidato democrata defende, em nome do «sofrimento» dos norte-americanos, o uso das reservas estratégicas petrolíferas dos Estados Unidos para combater a escalada de preços dos combustíveis.
Obama, que apresentou também medidas de longo prazo, como o desenvolvimento das energias alternativas, nomeadamente a solar e a eólica, acusou os políticos norte-americanos, incluindo o seu adversário directo, de terem fracassado, durante 30 anos, no combate à crise energética.
O democrata afirmou que o seu adversário republicano está no bolso das grandes companhias petrolíferas, considerando que estas «têm bloqueado o avanço para outras formas de energia».
Num discurso marcado por críticas directas e duras a John McCain, Barack Obama frisou que em Julho o republicano recebeu mais de um milhão de dólares de apoio à sua campanha da parte de petrolíferas.
Estas acusações foram proferidas na mesma altura que a campanha do democrata começou a transmitir um novo anúncio em canais de televisão com críticas à política energética do candidato republicano.
«Depois de um presidente no bolso das grandes companhias de petróleo, não nos podemos dar ao luxo de voltar a ter outro do género», defende o anúncio publicitário.
As acusações de Obama surgem numa altura em que o debate sobre a política energética do país se está a tornar num dos principais tópicos de discussão das presidências de Novembro.
O aumento dos custos de combustíveis está a levar os dois candidatos a apresentarem-se como capazes de iniciar uma política que liberte o país daquilo que Obama descreveu como o «vício do petróleo».
Por seu lado John McCain voltou, esta segunda-feira, a defender o aumento da exploração petrolífera dentro dos Estados Unidos, afirmando, numa alusão a Obama, que quem se opõem a isso não tem a experiência necessária para compreender os desafios que o país enfrenta.

Entretanto, ouvido pela TSF, o especialista em Economia Politica Caleia Rodrigues disse que a proposta de Obama de vender 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país ia «seguramente» ter efeitos no mercado.
No entanto, o especialista considerou a ideia lançada pelo democrata como uma «declaração política», lembrando que para levar a cabo essa venda seria primeiro necessário «alterar as regras da própria reserva» norte-americana.
Além disso, Caleia Rodrigues lembrou que ao reduzir essa reserva estratégica, o país estaria a «reduzir a sua quantidade de defesa».

TSF
5.Agosto.2008
00h05