sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A China está interessada em reforçar a aquisição de dívida soberana portuguesa. Para Portugal, é uma ajuda importante para aliviar a pressão dos mercados internacionais, para a China é uma forma de assegurar boas relações com um país da Europa.
Depois da ruptura nas negociações entre o Governo e o PSD para o Orçamento de Estado, os juros da dívida portuguesa a dez anos voltaram a passar a barreira dos 6%. O Estado já marcou uma nova emissão da dívida pública de curto prazo para a próxima quarta-feira, o mesmo dia em que se vota na generalidade a proposta de OE para 2011. O fim das negociações desta semana mereceu a atenção do jornal "Financial Times" que afirma que este impasse "empurrou o país para uma situação mais próxima de uma crise da dívida soberana".
As boas notícias vieram da China que, com a visita a Portugal, a 6 e 7 de Novembro, do presidente Hu Jintao, anunciou a intenção de comprar títulos de dívida portuguesa.
A vice-ministra chinesa dos Negócios Estrangeiros, Fu Ying, garantiu que o país está disponível para comprar títulos do tesouro português e "participar no esforço de recuperação económica e financeira" de Portugal.
Fu Ying adiantou que é um hábito chinês a compra de dívida pública a países onde vão em visita oficial, mas, segundo Fu Ying, "a situação económica e financeira em Portugal tem sido sempre o centro das nossas atenções".
Ao todo, a China detém 302,28 milhões de euros em títulos de dívidas de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (menos 60% do que detinha no final de 2009). E esta pode ser uma forma de a China reforçar a sua presença na Europa, escolhendo os países mais endividados e onde há mais oportunidades de negócio e a bons preços.

Porta para a Europa

Para o especialista em política e economia internacional, José Caleia Rodrigues, a China não está interessada em Portugal, mas sim, em usar o nosso país como porta de acesso a mercados europeus, e sobretudo para países com quem Portugal tem boas relações, como o Brasil e os Países Africanos de Língua Portuguesa (Palop). "A China pode ter um interesse geo-estratégico mais do que económico e Portugal é um bom parceiro de entrada em mercados emergentes", salientou José Caleia Rodrigues.
Já o professor da Universidade Nova de Lisboa Miguel Ferreira lembra que a China tem um superavit comercial e tem excedentes financeiros que aplica comprando dívida de vários países. "O interesse em Portugal pode ser a taxa de juro que é alta. O inconveniente é o risco de incumprimento do Estado", explica o professor de Economia, acrescentando que a China deve acreditar que, no caso de Portugal entrar em incumprimento como a Grécia, a União Europeia também avançará com um plano para ajudar a relançar a nossa economia.
Certo é que o embaixador de Portugal na China, José Tadeu Soares, adiantou ontem que a visita do presidente chinês vai ficar marcada pela assinatura de vários acordos e contratos de investimento.
"Vão ser assinados uma série de acordos de maior importância a nível oficial e de empresas. Esperam-se contratos de investimento de grande importância", referiu o embaixador citado pela agência Lusa.
Apesar de não referir exemplos de investimento concretos, José Tadeu Soares falou em contratos no sector do turismo e acordos de "facilitação das relações económicas".

Jornal de Notícias
29.Out. 2010
Ana Paula Lima

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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"A conjunção de duas situações, como sejam: a) o domínio ajustado entre a Federação Russa e a Arábia Saudita, que produzem 20,5 milhões de barris/dia e consomem apenas 4,6 e b) a excessiva dependência energética dos Estados Unidos que produzem 5 milhões de barris/dia e consomem 20,7 levam-nos a reflectir acerca dos riscos de uma actuação concertada, eventualmente introduzida por russos e sauditas no sector produtivo e no mercado.
Por um lado, a estimativa geralmente aceite, é a de que poderão jazer sob a calote árctica um quarto das reservas de petróleo e de gás natural disponíveis no planeta.
Por outro lado, seis Estados (Canadá, Dinamarca – via Gronelândia, Estados Unidos da América, Islândia, Noruega e Rússia) podem invocar direitos sobre o leito marítimo em causa, e isto, numa conjuntura na qual, nem o enquadramento legal nem a moldura institucional existente, poderão fornecer as respostas definitivas e pacíficas que seria de desejar.
Os dados estão lançados. Encontram-se presentes os quesitos mais que suficientes para a possível ocorrência de uma confrontação económica e diplomática do mais alto gabarito.
Fazemos votos para que os recursos petrolíferos continuem a chegar para todos e que os actores intervenientes se entendam."
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