quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Entrevista

Petróleo não estava tão barato há uma década É uma boa notícia para os bolsos dos automobilistas, mas o excesso de oferta pode dar origem a uma "bolha" perigosa. O preço do barril de petróleo atingiu esta segunda-feira mínimos de uma década. O “brent”, que serve de referência para o mercado europeu, chegou a ser comercializado a 36,5 dólares, valor próximo dos registados em 2004. O preço sofreu depois uma ligeira valorização para cerca de 37,90 dólares, ainda assim um valor inferior ao verificado no fecho do mercado na última sexta-feira. Em declarações à Renascença, José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica da energia, atribui esta baixa de preços ao excesso de oferta. “Os Estados Unidos, que eram o maior importador de petróleo, estão a caminhar para a auto-suficiência. Já libertaram mais de um milhão de barris diários de importações, de há dois anos para cá. Logo, o mercado está a ser sobreabastecido", diz. O especialista apresenta também uma razão politica: “Há uma pressão enorme sobre a Rússia que, com o petróleo a este valor, tem muita dificuldade em obter recursos para pagar todas aquelas modificações sociais e apoios que vinha a fazer. E isso é muito complicado.” A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiu recentemente aumentar a sua produção de 30 milhões para 31,5 milhões de barris por dia, o que tem ajudado a pressionar a baixa de preço. Na opinião de José Caleia Rodrigues, é perigoso o preço do petróleo manter a curva descendente, até porque os Estados Unidos estão a obter a matéria-prima a valores substancialmente superiores aos praticados pelo mercado. “Os Estados Unidos produzem entre os 50 e os 60 dólares o barril. Se o valor de mercado é de 30 e poucos estão a produzir a matéria-prima ao dobro do preço do mercado. Aí já é uma situação complexa. A outra é a Rússia não dispor de recursos para o seu programa social. Baixar mais do que isto já é perigoso. Já nos faz pensar que alguma coisa pode vir a acontecer. É uma bolha a evitar", diz Caleia Rodrigues. A manter-se a actual tendência de descida de preço do barril de petróleo, não é de excluir nova baixa no preço dos combustíveis no início da próxima semana. Esta segunda-feira, as principais gasolineiras baixaram o preço do litro do gasóleo cerca de três cêntimos. A gasolina desceu perto de 1,5 cêntimos. Rádio Renascença 14 Dez, 2015 - 18:25 • Henrique Cunha