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terça-feira, 3 de maio de 2016

Revolução do petróleo de xisto nos Estados Unidos prejudicou Angola André Cabrita-Mendes | andremendes@negocios.pt | 03 Maio 2016, 13:11 Os Estados Unidos passaram de importador a produtor de combustíveis fósseis, o que tem provocado o cancelamento e colocado em risco a viabilidade de projectos de exploração em países lusófonos. A revolução do petróleo e do gás de xisto nos Estados Unidos está a prejudicar a exploração do petróleo offshore (no mar) em Angola. Estas plataformas petrolíferas são dispendiosas e acarretam elevados custos, e num mundo com o barril de petróleo abaixo dos 70 dólares estes projectos estão sob pressão. Esta foi uma das conclusões da mesa redonda sobre petróleo e geopolítica que teve lugar durante o VI Congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) nesta terça-feira, 3 de Maio, em Lisboa. "Hoje o petróleo angolano não e indispensável para os Estados Unidos", começou por apontar o especialista em geopolítica do petróleo, José Caleia Rodrigues. Durante muitos anos, o pais serviu como um "depósito de petróleo a funcionar durante 24 horas" e que rapidamente atravessava o Atlântico rumo aos Estados Unidos quando necessário, explicou. O crescimento na produção norte-americana e as consequentes mudanças nos mercados mundiais são sinais "muito preocupantes para angolanos, moçambicanos e brasileiros", disse Caleia Rodrigues, pois colocam em risco os projectos mais dispendiosos. O presidente da petrolífera Partex, por seu turno, também se debruçou sobre este país lusófono para concluir que "Angola cometeu um erro estratégico em apostar só no offshore". António Costa e Silva (na foto) começou por destacar que a revolução do petróleo e do gás de xisto mudou o custo marginal da produção que antes estava no offshore. "Hoje para respondermos à procura mundial não precisamos do offshore". Contudo, considera que estes projectos vão voltar a ser viáveis quando o preço do barril regressar aos 70-80 dólares. Deu o exemplo do projecto de Chissanga, cuja desenvolvimento foi adiado. Destacou que existe muito potencial no "onshore" (em terra) angolano, como nas bacias do Alto do Namibe, Cuando Cubango ou do Kwanza, mas que as autoridades deixaram passar oportunidades para explorá-los, ao não usarem métodos sísmicos avançados para analisar estas bacias. Defendeu assim que "Angola deve desenvolver uma estratégia", para ultrapassar a actual situação, isto num país em que 80% das receitas e mais de 90% das exportações dependem do petróleo. "Angola podia ter aproveitado o 'boom' do petróleo para diversificar a economia, o que não aconteceu, os esforços das autoridades foram poucos, e os diamantes representam apenas 2% do PIB", enumerou. Para terminar, destacou que Angola só tem reservas provadas de petróleo para 15 anos, o que é "muito pouco".

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A subida do preço dos combustíveis vai tornar inevitável um aumento de tarifas dos transportes públicos, alerta a Associação de Transportes de Passageiros (ANTROP).
A associação afirma para que o actual cenário é insustentável para as empresas do sector e pede a intervenção do Governo para introduzir medidas que alterem a situação.
Cabaço Martins, da ANTROP, avisa desde já que, se nada for feito, as tarifas poderão aumentar já em Julho.
A baixa da taxa do ISP – o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos – é uma das medidas defendida pelo mesmo responsável, que lamenta os recuos do Governo neste domínio.
Os alertas da ANTROP surgem no mesmo dia em que está em cima da mesa a hipótese de um novo protesto de camionistas, semelhante ao desencadeado em 2008, mas desta vez com dimensão ibérica.
O assunto vai estar esta tarde em debate entre a Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas e congéneres espanholas, refere António Lóios.
A Associação dos Transportes Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) é uma das que admite participar na nova vaga de contestação. António Mouzinho afirma que continua a aguardar uma resposta do Governo sobre as medidas sugeridas para enfrentar os problemas suscitados pelo aumento do preço dos combustíveis.
A ANTRAM também pede, como a ANTROP, uma descida do ISP, entre outras medidas: “Existem questões ao nível do direito laboral e a questão das SCUT – que pode ser a gota que pode entornar o copo, uma vez que não existem verdadeiras alternativas às SCUT”, refere António Mouzinho.

Ameaças não preocupam GovernoAs ameaças das empresas de transportes de mercadorias não parecem motivar preocupação acrescida junto do Governo. O secretário de Estado dos Transportes, Carlos Fonseca, considera ser ainda tempo de negociação.
Mas não só a as empresas de transportes pedem ao executivo medidas de âmbito fiscal para suavizar o preço dos combustíveis junto do consumidor – a Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC) também indica a baixa do ISP e do IVA como forma de relançar o mercado e evitar problemas de concorrência com o país vizinho.
Virgílio Constantino, da ANAREC, já pediu uma audiência ao Ministério das Finanças.

Combustíveis mais caros a Sul
Algarvios desconhecem que pagam mais por litro de combustível.
Um estudo da Autoridade da Concorrência divulgado pelo “Jornal de Negócios” revela que é na região do Algarve que os preços dos combustíveis são mais elevados – um facto desconhecido pela generalidade dos consumidores algarvios, constatou a reportagem da Renascença na região.
Certo é que o preço do barril de crude vai continuar a aumentar nos mercados internacionais – é essa a análise do Prof. José Caleia Rodrigues, especialista em mercados petrolíferos: os custos de produção e a procura vão continuar a provocar uma inflação de preços.
Na opinião do economista João Duque, a subida do preço dos combustíveis não reflecte um cenário de recuperação económica do país.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Livros de J. Caleia Rodrigues (aicep notícias N12, 1.Julho.2009

Encontra-se nas livrarias o último trabalho do nosso ex-colega Caleia Rodrigues, “Petróleo, Qual crise?”, o que constitui para nós motivo de satisfação e orgulho, porque nos vemos ao espelho ao alto nível técnico de quantos trabalham ou trabalharam nesta casa, autêntica forja de valores, que dia a dia dão o seu melhor ao serviço da nossa economia.
Com prefácio de um outro amigo da nossa Agência, Neto da Silva, o presente trabalho explica-nos com clareza e mestria tudo aquilo que todos deveríamos saber sobre este combustível fóssil que continua a condicionar toda a actividade económica mundial, e é elemento fulcral das tramas da geopolítica, a propósito da qual Caleia Rodrigues editou, em 2000, o volume “Geopolítica do Petróleo”. Deu também à estampa, em 2005, outro manual indispensável para bem fazermos o nosso trabalho, intitulado “Marketing Estratégico Internacional”.
Parabéns e obrigado, caro José Júlio.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

De acordo com as estatísticas da UNCTAD são anualmente transportados por via marítima 1,8 mil milhões de toneladas de petróleo bruto e 546 milhões de toneladas de produtos petrolíferos. O total de 2,3 mil milhões representa cerca de 35% de todo o comércio marítimo mundial. Se considerarmos o valor tonelada x milha o peso do petróleo e dos produtos petrolíferos ultrapassa os 40%. Noutra perspectiva, do total de petróleo bruto produzido anualmente (3,9 mil milhões de toneladas ) cerca de 60% é transportado por via marítima. Os restantes 40% são transportados predominantemente com recurso a oleodutos . Por último, refira-se que um número significativo de navios foi convertido para armazenamento de petróleo bruto em “offshore” e que as próprias plataformas de extracção são geridas por empresas da área do transporte marítimo. Do que atrás se referiu conclui-se que o sector de transportes marítimos tem na indústria petrolífera um dos seus principais clientes.
A posição estratégica das empresas petrolíferas no mercado de transportes marítimos tem sofrido alterações profundas ao longo dos últimos 30 anos. Ao longo daquele período ocorreram situações em que as empresas petrolíferas controlavam frotas de navios, através da sua propriedade ou através do afretamento a tempo por períodos longos (cinco a dez anos), e situações opostas em que 60% ou mais da capacidade utilizada pelas empresas era contratada no mercado “spot” (afretamento á viagem). Essas reorientações estratégicas decorreram de três tipos de factores: situações de excesso de oferta de navios, flutuações bruscas na procura de transporte de petróleo bruto ou de produtos petrolíferos e mudança na atitude face às questões do ambiente (poluição marítima).
Por exemplo, logo a seguir à ratificação do “Oil Polution Act de 1990” algumas das maiores empresas petrolíferas decidiram reduzir a sua propriedade directa de navios na tentativa de reduzir a sua exposição às responsabilidades que pudessem advir de futuros acidentes (caso Exxon Valdez, propriedade da petrolífera Exxon). Por outro lado, no caso Erika as autoridades francesas reagiram ordenando a prisão dos gestores da Total-Fina responsáveis pelo afretamento do navio o que veio tornar claro que a responsabilidade pode ser imputada não apenas as proprietário mas também ao afretador.
Com a aceleração do “phasing-out” dos navios de casco simples, determinada pela International Maritime Organization em 2001, e a aceitação generalizada de que navios com idade elevada representam maiores perigos para o ambiente, deu-se uma discriminação desses navios que passaram a gozar de taxas de frete mais baixas do que os restantes. Perante esta situação os armadores detectaram a oportunidade de obter fretes “premium” e colocaram em estaleiros encomendas para novas construções. Em consequência, passou-se por uma fase de fragmentação do lado da oferta com maior concorrência no mercado e as empresa petrolíferas a apostarem no mercado “spot”.
Nos últimos meses verificaram-se sinais evidentes de tentativas de controlar as taxas de frete de navios-tanque através da formação de “pools” de navios (frotas de diferentes armadores geridas de forma centralizada) e da concentração empresarial (fusões e aquisições) do lado dos armadores. A reacção das empresas petrolíferas tem sido a aposta num relacionamento com os armadores baseada em afretamentos a longo prazo por períodos de dez anos ou superiores. Alguns contratos de longo prazo são extremamente flexíveis permitindo à empresa petrolífera colocar o navio no mercado “spot” por períodos curtos com o benefício, isto é a diferença entre a taxa de frete de longo prazo e a taxa de frete “spot”, a ser dividido entre as duas partes (armador e empresa petrolífera). Outro aspecto importante é a possibilidade de fixação ou a indexação da taxa de frete de longo prazo o que constitui uma forma de “hedging” sem obrigar a soluções mais complexas como a intervenção no mercado de futuros.
Os contratos de longo prazo são uma boa solução para o armador (garantia de estabilidade nas receitas e de recuperação do investimento) e para a empresa petrolífera (redução da exposição à volatilidade das taxas de frete). Embora continuem a existir empresas petrolíferas a apostar no negócio de transporte marítimo como fazendo parte do seu “core”, como é o caso da Shell e da BP, a tendência actual dessas empresas é a concentração nos negócios de extracção e de refinação que implicam elevados volumes de investimento e envolvem riscos financeiros elevados.
Assim, para a generalidade das empresas petrolíferas a estratégia actual é obter uma combinação óptima entre afretamentos a tempo de longo prazo, afretamentos a tempo de curto prazo (seis meses a um ano) e contratação “spot”. A proporção de cada tipo de afretamento depende da política de compras de petróleo bruto, da existência ou não de origens dominantes e da capacidade negocial com os armadores.
No entanto, existem no negócio de transporte de petróleo bruto e produtos petrolíferos vários segmentos e em cada um é possível encontrar comportamentos distintos da procura e oferta.

J. Caleia Rodrigues no livro “Petróleo - Qual Crise? ” afirma: “Quando ouvimos falar de crise de petróleo deparamo-nos com um perigoso equívoco. Não parece que esta escassa e finita matéria-prima, ou mesmo o sector petrolífero, estejam a passar por uma crise que, por definição, é transitória. Nada se pode comparar com boicotes, choques petrolíferos ou consequências de pontuais situações políticas vividas no passado“. O crescente interesse de várias sociedades financeiras na Alemanha, na Holanda e no Reino Unido no apoio a projectos de investimento em navios-tanque vem de encontro àquela afirmação e traz boas perspectivas para este importante segmento do sector de transportes marítimos.

Fernando Grilo
In Transportes em Revista 43; Setembro 2006

domingo, 12 de julho de 2009

Observadores acreditam que a energia é um perigo enorme para a retoma

Faz amanhã um ano que o petróleo atingiu 147 dólares por barril, o valor mais alto de sempre. Hoje, o valor da matéria -prima, da qual Portugal (e tantas outras economias) depende de forma esmagadora, está 58% mais barato. Haverá razões para sorrir de alívio? A evolução dos mercados mostra que não: desde o mínimo (35 dólares) de finais de Dezembro de 2008, o barril de petróleo Brent já subiu mais de 70%. Para os especialistas a resposta também é "não": defendem que nada de fundamental mudou na capacidade de oferta (produção); e que, quando vier a retoma, voltarão os mesmo problemas de excesso de procura e desperdício elevado que, no passado, ajudaram o ouro negro a vencer recordes.
É consensual entre os economistas que a actual crise está a ser tão violenta que irá mudar a face das economias: estas voltarão a crescer, sim, mas sem a pujança do passado. Mas será assim com o petróleo? Estarão definitivamente afastadas convulsões como o bloqueio dos camionistas portugueses que em Junho de 2008 deixaram secar bombas de gasolina por todo o país? O preço da comida, que precisa de percorrer terra e mar até chegar à mesa, ficará estável? E o plástico dos brinquedos e dos computadores, continuará a ser barato?
Parece que não. Luís Mira Amaral, professor do Instituto Superior Técnico e ex-ministro da Indústria, acredita que só haverá alguma paz nas cotações do petróleo no "curto a médio prazo" (ver entrevista na página seguinte).
O Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou recentemente que o custo do petróleo não vai esperar por grandes expansões económicas: o preço médio da matéria prima deverá disparar 23% em 2010, essencialmente à boleia da China e Índia, apesar da zona euro continuar em recessão (-0,3%) e dos Estados Unidos crescerem apenas 0,8%.
A tese que hoje corre é simples: o mundo industrializado, dos Estados Unidos à China, não muda de hábitos de um dia para o outro. Nem de uma década para a outra. Mesmo com mais esforço nas energias renováveis e com mais consumo eficientes e inteligente, a dependência é "estruturalmente enorme", defende Matthew Simmons, presidente da Simmons & Co. Internacional, um banco de investimento especializado no sector energético.
Aliás, Portugal é disso exemplo: segundo dados da BP para 2008, estruturalmente o perfil de consumo pouco mudou: 80% da energia consumida - petróleo e gás natural - é importada.
O consultor e escritor de livros sobre energia, que trabalha a partir de Houston, Texas, acredita que os preços hoje praticados no mercado do petróleo "estão a abrir caminho para algo muito perigoso daqui a alguns meses". O quê? "Um novo choque petrolífero", acredita. A tese é que os preços baixos (a média diária deste ano está em 52,5 dólares) não chegam para financiar novos investimentos, nem modernizar as estruturas de produção existentes, nem contratar pessoas. E depois há ainda o travão do acesso ao crédito: com a crise financeira, o dinheiro tornou-se definitivamente um bem mais raro e caro.
José Caleia Rodrigues, consultor de empresas petrolíferas, subscreve esta tese. "Há vários factores que explicam a necessidade de preços mais altos: o petróleo que existe está cada vez mais longe e difícil trazer para cima, a crise representa uma dificuldade acrescida ao financiamento de tecnologias mais sofisticadas e caras, há falta de pessoas qualificadas nestas áreas. Hoje é tudo mais difícil para chegar à mesma quantidade de petróleo. E o difícil é caro. Os preços actuais do petróleo desincentivam mais investimentos".
Na cimeira do G8, que hoje acaba, França e Reino Unido pugnaram por uma acção mais firme dos governos contra a especulação no petróleo. Querem limitar a volatilidade nas cotações, um propósito também partilhado pela administração Obama. A Rússia, um importante produtor de crude e gás, avisou que isso vai ser "impossível".

Jornal i
por Luís Reis Ribeiro, Publicado em 10 de Julho de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

O barril está a caminho dos 100 dólares e pouco falta para bater o nível mais alto de sempre registado em 1980 - valor ajustado à inflação - antes do conflito Irão-Iraque. Mesmo com a ajuda do euro, que atenua o efeito em Portugal, o aumento dos preços não se vai limitar aos combustíveis - transportes, electricidade, indústria e até alimentação

Pode ser um choque para as famílias os preços a que chegaram os combustíveis, o transporte aéreo ou os cereais. Pode ainda ser um choque para as empresas os elevados custos da produção cimenteira, siderúrgica e até automóvel. E pode ser um choque para todos o preço da electricidade e do gás natural. Será certamente um choque quando a factura energética de Portugal subir ainda mais. Mas, para a generalidade dos peritos, os actuais recordes do barril não constituem um novo "choque petrolífero". Pelo menos nos moldes daquele que ficou celebrizado pelas extensas filas à porta dos postos de combustíveis, no início da década de 80, e que tinha na sua origem os efeitos da revolução iraniana.
"Esta subida dos preços não é necessariamente uma escalada. É uma inevitabilidade. O petróleo é um bem finito e está a acabar. Portanto, isto não é um choque. É uma situação normal, dado o actual contexto estrutural de exploração", explicou ao DN José Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas e autor do livro Petróleo? Qual Crise? (ed. Booknomics). E esse contexto é marcado, independentemente das questões conjunturais (ver caixa na pág. ao lado), por uma diminuição das reservas de petróleo para explorar, por uma procura global quase incontrolável (com a emergência das fortes economias asiáticas) e por problemas na exploração e refinação. "Consoante o investimento que se for fazendo na exploração, o petróleo pode durar mais 30 ou mais 40 anos. Mas vai acabar", adiantou o mesmo perito.
A projecção deste futuro no presente dá-se através do actual equilíbrio entre consumo e fornecimento, cujos níveis - ligeiramente acima dos 80 milhões de barris por dia - estão praticamente sobrepostos. O resultado é que qualquer perturbação no consumo (aumentos pontuais conforme as épocas do ano) ou no fornecimento (fenómenos climatéricos, tensões políticas ou sociais, problemas tecnológicos) leva os preços a acelerar a sua inevitável trajectória ascendente.
É por isso que o preço do barril negociado em Nova Iorque atingiu esta semana um novo recorde nos 89 dólares. O brent de Londres está um pouco abaixo nos 84 dólares. E esta é uma diferença substancial em relação ao "choque petrolífero" da década de 80: a transformação do petróleo num produto financeiro, susceptível de reagir a especulações e a razões pouco materiais.
Recorde-se que em Abril de 1980 o petróleo chegou aos 101,70 dólares, o "verdadeiro" recorde, se tivermos em conta os valores ajustados à inflação. A média desse ano foi de 90,46 dólares, superior aos cerca de 67 dólares de 2007. Portanto, ainda não chegámos aos níveis que definiram o "choque petrolífero". Mas as circunstâncias também são diferentes. "Na altura, havia capacidade excedentária de produção para compensar a saída forçada do Irão devido a questões políticas. Agora não há", adiantou Caleia Rodrigues. Por outro lado, o "choque" definiu-se por um disparo súbito dos preços. A actual subida tem sido gradual. E, na década de 80, o consumo ressentiu-se de imediato. Actualmente, o consumo tem vindo a adaptar-se lentamente (com a ajuda da "explosão" das energias alternativas).
No entanto, apesar das diferenças, a dependência mundial é grande e a subida dos preços já se sente no bolso dos consumidores (ver textos na página ao lado). Para James Williams, da consultora WRTG Economics, "os efeitos já se sentem, em termos económicos, nos EUA e podem conduzir a uma recessão. Na Europa, o efeito é menor por causa da valorização do euro (ver gráfico)".
Para Caleia Rodrigues, o efeito na economia é importante, mas as consequências geopolíticas podem ser mais graves. "A Rússia e a China estão cada vez mais poderosas por causa do petróleo. E os EUA estão mais fracos e dependentes. Isso vai, a prazo, alterar o mundo como o conhecemos."

Diário de Notícias
Pedro Ferreira Esteves; Ana Suspiro
19 Outubro 2007

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O preço do barril de petróleo está a subir, antecipando um corte drástico na produção.

A Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) deve anunciar hoje uma redução que pode chegar aos dois milhões de barris por dia, a maior em quase duas décadas.Trata-se de uma manobra para ajustar a oferta à procura, mas também para pressionar a subida dos preços, que têm estado pouco acima dos 40 dólares.
O grupo dos doze países que controla mais de um terço de toda a produção mundial vai tomar a decisão numa reunião extraordinária que vai decorrer na Argélia, e na qual Angola vai assumir a presidência rotativa da organização.
Na opinião de Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, apesar de mais este corte na produção, o preço do petróleo não deverá subir de forma acentuada no breve prazo, por causa da crise económica mundial.

Rádio Renascença
17-12-2008 11:39
AC

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Até quando vai a crise anular a alta dos preços do petróleo?

A recessão eclipsou quatro anos de subida do petróleo. Ao mesmo tempo, o mundo vira-se para energias alternativas. Mas a dependência da matéria-prima está longe do fim. E o preço baixo pode ser efémero e ter efeitos perversos.

Mudança verde de Obama não afasta cenário sombrio

O plano de investimento em infra-estruturas avançado esta semana por Barack Obama para reanimar a economia americana fez disparar o preço do petróleo e o valor em bolsa das petrolíferas. Mas a agenda de mudança do Presidente eleito dos EUA é outra. A aposta vai para a diminuição da dependência daquela matéria-prima, substituindo-a pelas energias renováveis. Mas é improvável que este esforço pelo maior consumidor de crude do mundo seja capaz de impedir o regresso do preço a níveis recorde.
Aos primeiros sinais de contaminação da crise financeira à economia mundial, a cotação do petróleo inverteu a tendência. Quando a palavra recessão passou a lugar comum no discurso de economistas e responsáveis políticos, a matéria-prima já perdera metade do seu valor. Hoje, mais de 100 dólares separam o preço actual do recorde registado em Julho, com os especuladores a desertarem e o mercado a ajustar à diminuição da procura.
Pela primeira vez desde o início dos anos 80 do século passado, ou seja, desde o último grande choque petrolífero, o consumo mundial de petróleo pode recuar em dois anos consecutivos. Num relatório ontem divulgado, o departamento norte-americano de Energia estimou uma quebra de 50 mil barris po dia em 2008 e de 450 mil em 2009 na procura global de petróleo. Em Novembro, a mesma fonte previu que só nos Estados Unidos a procura do “ouro negro” cairá 1,3% no próximo ano, depois de uma quebra estimada de 5,4% no final deste.
"Os preços do petróleo estão a descer pelas más razões: uma diminuição da procura, em consequência da redução da actividade económica. As boas razões seriam que a procura diminuísse por vontade dos consumidores ou pelo aumento da eficiência energética", considera Caleia Rodrigues, especialista e autor de vários livros sobre o petróleo.
É esse o rumo que o mundo agora procura. Obama fez das energias renováveis uma das bandeiras da campanha à Casa Branca. Prometeu libertar a nação da dependência dos combustíveis fósseis através da promoção de fontes alternativas, gastar 15 mil milhões de dólares em tecnologias limpas e criar cinco milhões de "empregos verdes" na próxima década. O futuro Presidente quer também assegurar que no final do seu primeiro mandato, 10% da electricidade consumida nos EUA venha de fontes renováveis como a eólica, solar e geotérmica, e colocar em circulação até 2015 um milhão de carros eléctricos, de preferência fabricados nos Estados Unidos.
Apesar de não ter divulgado ainda pormenores do plano de estímulo económico em preparação para aprovar logo quer tome posse a 20 de Janeiro do próximo ano, Obama confirmou segunda-feira que este pacote incluirá a política energética. O plano global de estímulo pode ascender a 700 mil milhões de dólares, incluirá o maior investimento público em infra-estruturas desde os anos 50 e, segundo estimaram defensores das tecnologias limpas ao “Wall Street Journal”, a componente “verde” pode representar 50 mil milhões ou ascender a 10% do plano global.
Para Caleia Rodrigues, é duvidoso que as energias renováveis sejam a solução. "As energias alternativas não resolvem o problema, não põem o mundo a funcionar". "A energia eléctrica, por exemplo, é viável para os transportes de vaivém diário entre as cidades e as periferias. Mas não para os transportes de longo curso e estes são indispensáveis para manter a globalização. Vão ser precisos mais combustíveis fósseis, a menos que se acabem os transportes internacionais e as trocas comerciais", advertiu.
A manter-se a dependência dos combustíveis fósseis, o preço actual do petróleo representa um risco elevado. "Esta situação é grave porque paralisa todo o investimento", afirma o especialista. Só com preços entre 60 e 70 dólares, os gestores podem considerar proporem aos accionistas a aposta em projectos de exploração petrolífera.
Se as coisas se mantiverem neste pé, "irá haver uma forte escassez de petróleo no mercado e os preços atingirão níveis exorbitantes", considera Caleia Rodrigues. O que levará a dois cenários: "quem puder pagar, pagará a qualquer preço; quem não puder pagar, terá graves situações sociais e de segurança interna", salienta.
“Isto é um drama. Está previsto que entre 2010 e 2012 haja uma escassez do produto no mercado se não houver novas descobertas e investimentos. A Agência Internacional de Energia diz que é preciso investir 150 mil milhões de dólares por ano em novas explorações”,
acrescenta o especialista.
Uma vez que ressurja a dinâmica da procura anterior à crise, descobriremos até onde podem subir os preços.

Jornal de Negócios
10.Dezembro.2008
Carla Pedro
António Larguesa

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Preços caíram para valores não atractivos para investidores. Procura energética diminuirá em 2009.
A Agência Internacional de Energia (AIE) vai, novamente, rever em baixa a procura de petróleo para o próximo ano, numa altura em que o preço do ouro negro está em queda livre e, segundo o director da agência, ameaça futuros investimentos na exploração de reservas petrolíferas.
No World Energy Outlook, publicado ontem, a AIE dá conta que os preços do petróleo “caíram demasiado” e que é necessário um preço de 80 dólares por barril, para estimular o investimento empresarial na exploração de novas reservas.
Isto no mesmo dia em que o petróleo negociou abaixo dos 58 dólares por barril, um preço que os eventuais investidores acreditam ser pouco compensatório em relação aos custos de exploração das reservas de crude.
“Abaixo dos 80 dólares não há hipótese de investir porque um barril custa 25 a 30 dólares só na parte do projecto de exploração”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em energia, que lembra os custos de extracção no fundo do oceano Ártico, nas areias betuminosas. “Sem investimento, o nível de produção actual só está garantido até 2012”, acrescenta.
As notícias que deram conta da possibilidade da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) cortar a produção da matéria-prima em mais de um milhão de barris por dia não conseguiram estancar a descida nos preços. Os receios de uma recessão económica mundial continuam a empurrar as previsões da procura energética em 2009.
O director da AIE, Nobuo Tanaka, considera, por isso, que existe “o risco de as reservas não serem exploradas com a velocidade necessária para responder ao crescimento da procura global nos próximos anos”. A AIE acrescentou, ainda, que vai ser necessária uma “capacidade de produção adicional em cerca de 30 milhões de barris por dia” em 2015.
Procura vai continuar a cair
A agência já reviu em baixa, por sete vezes, as previsões da procura energética global em 2008. E, segundo Gareth Davies, analista do Dresdner Kleinwort Group e antigo funcionário da agência, “a AIE vai, provavelmente, rever novamente em baixa os seus números da procura”.
Quatro antigos analistas da AIE afirmam que a agência vai cortar as suas previsões em cerca de 700 mil barris por dia. Números que poderão ser agravados em 2009, segundo Ian Taylor. O director executivo do Vitol Group acredita que, no próximo ano, “o consumo de crude pode diminuir em cerca de 1 milhão de barris por dia”.
A crise mundial explica parte da quebra na procura energética mas, para David Knapp, não explica a totalidade do problema. Para o antigo director de mercados da AIE, e actual membro do Energy Intelligence Group, a agência tem sido “demasiado optimista em relação à procura nos últimos anos”.
Preço do barril no mínimo de 20 meses
O preço do barril de crude caiu para o valor mais baixo dos últimos 20 meses (56,89 dólares), devido à especulação de que a Agência Internacional da Energia vai rever em baixa a sua previsão para a procura mundial de petróleo em 2009. O brent – que serve de referência para a economia portuguesa – também registou uma quebra, para os 53,29 dólares por barril. “É difícil ver o que irá parar esta descida do preço”, afirmou Tom Bentz, analista senior de energia no BNP Paribas, em Nova Iorque. “É mais do mesmo. O mercado está a mover-se de acordo com as preocupações sobre a economia mundial”, acrescentou. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que anunciou um corte de 1,5 milhões de barris por dia no fornecimento para tentar estancar os preços, poderá reunir outra vez antes do encontro previsto em Dezembro, indicou o ministro líbio do petróleo.

Agência Internacional de Energia 2008-11-13 00:05
Diário Económico
13.Nov.2008
Luís Reis Pires

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Há 20 meses que o petróleo não estava tão barato. Em Londres, no mercado de referência para a economia portuguesa, o barril está a ser vendido, esta manhã, a 58,88 dólares.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, refere os factores de abrandamento da procura do petróleo

Menos um dólar e meio do que o valor com que tinha encerrado ontem, um dia em que o valor do petróleo tinha já registado quedas acentuadas.
O preço do crude não estava num preço tão baixo desde Fevereiro de 2007.
Os analistas vão explicando esta descida com o abrandamento da economia. A diminuição da procura de petróleo tem feito baixar o preço que, no Verão, chegou perto dos 150 dólares por barril.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, associa a redução da procura ao abrandamento da economia, mas também ao facto de «o investimento no sector petrolífero não ser tão atractivo, como era há um tempo, e o risco de investir continua a ser elevado e de grande responsabilidade».

TSF
4.Nov.2008 (10h19)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O barril do petróleo negociou, hoje abaixo, dos 70 dólares, o preço mais baixo do brent desde Maio do ano passado.

O especialista em petróleo Caleia Rodrigues lembra que, quase todos os anos, há reduções sazonais no Verão, mas não desta dimensão.
Caleia Rodrigues diz que o mercado está convencido de que os países vão comprar menos petróleo, por causa da crise, o que pode não ser verdade.
O especialista admite que, nos próximos tempos, o preço possa continuar a descer, mas lembra que a tendência conjuntural é de subida. Caleia Rodrigues não acredita que a capacidade seja suficiente para alimentar países como a China e a Índia.

Rádio Clube Português
Economia - 16-10-2008 - 20h00

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva quer mudar as regras das concessões petrolíferas, incluindo a do Tupi, na qual a Galp detém 10%, para que uma fatia maior dos lucros de exploração desta bacia fiquem nas mãos do Estado. No entanto, ao contrário do que sucede normalmente nestas situações, as mudanças poderão resultar num ‘jackpot’ para a Galp.

O presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva quer mudar as regras das concessões petrolíferas, incluindo a do Tupi, na qual a Galp detém 10%, para que uma fatia maior dos lucros de exploração desta bacia fiquem nas mãos do Estado. No entanto, ao contrário do que sucede normalmente nestas situações, as mudanças poderão resultar num ‘jackpot’ para a Galp.Ao que o “Diário Económico” apurou, estas alterações vão permitir que a Petrobras e a Galp explorem reservas adjacentes no Tupi, e não só os blocos que descobriram. Isto porque foram as duas empresas – em conjunto com a British Gas – a fazer o investimento na prospecção dos poços.
A descoberta do Tupi revelou ser de tal importância que todas as empresas querem uma fatia do bolo. Mas Lula da Silva não quer que isto aconteça e pretende ‘unitizar’ as reservas de petróleo. Quer isto dizer que quando uma empresa tem um determinado bloco dentro de uma reserva e essa reserva se estende ao bloco vizinho, a empresa que fez a descoberta ganha direitos de exploração nos campos vizinhos.
No entanto, se nessa reserva já estiver uma outra empresa que não tenha investido na prospecção, ela poderá ficar com uma parte da exploração, mediante uma concessão. Mas este é um modelo que está ainda em estudo e, segundo o presidente brasileiro, em “segredo de Estado”, noticia a Bloomberg.
O “Diário Económico” apurou ainda que o governo brasileiro pretende fazer alterações à lei das concessões. Em vez das reservas petrolíferas que foram sendo descobertas ficarem para as empresas que têm as concessões de exploração, passam a ser do Estado.
“Este petróleo é nosso, pertence ao povo, não à Petrobras ou à Shell”, disse Lula da Silva numa entrevista à Bloomberg. E acrescenta: “A riqueza não é para poucos, mas para todos”.
Só o Tupi tem reservas de oito mil milhões e, no total, as reservas são de 50 mil milhões de barris. Qualquer coisa como 3,8 biliões de euros a preços actuais.
É natural que Lula da Silva tenha pensado em alterar o contrato depois de ter tido noção do verdadeiro tamanho do campo do Tupi. Lula quer voltar a ter o poder nas mãos”, afirma José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.

Jornal de Negócios Online
negocios@mediafin.pt
10.Julho.2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os ambientalistas têm vindo a impedir a criação de novos projectos na Europa e nos EUA.
A capacidade de refinação de petróleo em todo o mundo está perto do limite máximo e é um dos factores a pressionar em alta o preço dos combustíveis.
De acordo com o Departamento de Energia norte-americano, nos últimos vinte e cinco anos a capacidade de refinação mundial cresceu apenas 3,75 milhões de barris por dia, passando de 81,59 milhões em 1981 para os 85,34 milhões diários em 2006. No mesmo período de tempo, e de acordo com os dados mais recentes, o consumo de combustíveis aumentou 24,06 milhões de barris por dia, um crescimento bastante superior ao da capacidade de refinação de gasóleo e gasolina.
"A diferença entre a capacidade de refinação e o consumo em 2006 era apenas de 0,88 milhões de barris por dia. O risco é demasiado elevado. Qualquer acidente ou paragem para manutenção põe em risco o abastecimento do mercado", explica José Caleia Rodrigues, consultor e especialista em questões energéticas. Recentemente, os furacões que atingiram o Sul dos Estados Unidos paralisaram cerca de 20% da capacidade de refinação dos EUA. Neste momento, e devido aos estragos causados e ao corte de electricidade, cerca de 8% a 9% da capacidade das refinarias continua sem funcionar.
O estrangulamento da capacidade de refinação mundial prende-se principalmente com os constrangimentos que os ambientalistas levantam na Europa e nos Estados Unidos. As refinarias de combustíveis contribuem para o ‘smog’ e há ainda o perigo do transporte dos materiais pelos camiões. Por outro lado, nos países emergentes começam a surgir projectos de grandes refinarias. São exemplos disso o Irão, a Rússia, o Médio Oriente e a China.
"A capacidade de refinação a nível mundial vai acabar por acompanhar a procura", acredita James Williams, consultor da norte-americana WTRG Economics. O especialista acredita que "o maior problema é a falta de refinarias capazes de produzir gasóleo, que é cada vez mais procurado". Em Portugal, a Galp está agora a fazer obras na refinaria de Sines para aumentar a capacidade de produção de gasóleo. O projecto deverá estar concluído em 2011.

Diário Económico
Sofia Lobato Dias
30.Set.2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Preço do crude recua (Rádio Renascença, 23.Setembro.2008)

Os preços do crude estão a recuar nos mercados internacionais, a corrigir da valorização recorde de ontem registada em Nova Iorque.

Esta descida deve-se aos receios de que o plano do Governo norte-americano para ajudar as firmas financeiras não consiga evitar que a maior economia do mundo entre em recessão.Esta manhã, o barril de Brent (petróleo de referência na Europa) para entrega em Novembro era transaccionado nos mercados internacionais a descer 0,54 cêntimos para os 105,50 dólares, enquanto à mesma hora o contrato de Novembro do West Texas Intermediate (petróleo de referência nos Estados Unidos) era negociado no NYMEX de Nova Iorque a desvalorizar 11,90 dólares para os 109,02 dólares.

As cotações do ‘ouro negro’ estão hoje a recuar com a especulação de que o crescimento económico nos Estados Unidos abrande, diminuindo a procura de petróleo, depois de os mercados petrolíferos terem vivido ontem um dia de que não há registo, com os preços a dispararem à medida que se aproximava o fecho da sessão em Londres e em Nova Iorque.
A instabilidade financeira nos EUA, a valorização do euro face ao dólar e a necessidade de garantir stocks de matéria-prima para o Inverno, época em que o consumo da energia dispara, são algumas das explicações para a valorização tão acentuada e repentina do preço do crude em Nova Iorque, na opinião de José Caleia Rodrigues, especialista na análise do mercado global de petróleo.
O especialista sublinha, ainda, que este é um ano atípico, em que o ciclo das subidas está a começar tarde de mais.
“As coisas dependem muito da finança e esta situação que está a acontecer nos EUA pode ter levado a algum retardamento e agora que as compras tem que se fazer e não se podem atrasar mais (…), sobe muito o consumo”, explica José Caleia Rodrigues.
O normal seria que “o preço do petróleo tivesse começado a valorizar em Julho, o mais tardar em Agosto”,
refere o especialista na análise do mercado global de petróleo que acredita que o preço do barril de crude ultrapassará, em Outubro, os 130 dólares, numa escalada que deverá prolongar-se até Novembro.

Rádio Renascença
23-09-2008 12:08

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Shell suspende entregas de petróleo (TSF, 08.09.20)

A Shell suspendeu este sábado as entregas de petróleo, ao declarar o estado de “força maior" no terminal de Bonny, devido aos recentes ataques às infra-estruturas da empresa por um grupo armado. A Nigéria é o terceiro maior fornecedor português.
A petrolífera Shell suspendeu este sábado as entregas, ao declarar o estado de “força maior" no terminal de Bonny, no sul da Nigéria, devido aos recentes ataques às infra-estruturas da empresa por um grupo armado.
A cláusula "força maior" permite à empresa suspender as obrigações contratuais, como as entregas de petróleo e de gás, devido a movimentos imprevistos, sem ser penalizada. Na última semana, o Movimento para a Emancipação do Delta do Níger, principal grupo armado do sul da Nigéria, reivindicou seis ataques contra a Shell, depois de ter anunciado uma "guerra do petróleo". No entanto, a petrolífera apenas reconheceu dois atentados.
Em declarações à TSF, Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, explicou que, se a suspensão das entregas se prolongar por muito tempo, pode provocar consequências graves, principalmente nos países que não tem reservas estratégicas de petróleo.
Apesar dos Estados Unidos e da Europa Ocidental terem «reservas estratégicas de petróleo, que dão para 90 a 100 dias», os asiáticos não dispõem de nenhuma, «tendo de ir ao mercado», sendo que as «coisas podem ficar feias», porque «há escassez e os grandes produtores não são capazes de aumentar a produção», explicou.
Caleia Rodrigues explicou que Portugal também pode fazer uso das reservas estratégicas, que dão para 90 a 100 dias de consumo, como forma de resistir a uma paralisação da produção na Nigéria, o nono fornecedor de petróleo no Mundo.
Ainda que acredite que a situação na Nigéria seja «transitória», o especialista alertou que a Nigéria é o «terceiro maior fornecedor português», depois da Líbia e do Brasil.

TSF
20.Set.2008 – 15h23

Deco regista 1365 queixas contra gasolineiras, desde Julho, devido aos preços praticados
O ministro da Economia garantiu estar "preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores". Mas interferir directamente nos preços não é uma opção realista, dizem especialistas. Concorrência só pode fiscalizar e punir.
A declaração foi feita em entrevista à SIC, mas Manuel Pinho não concretizou que medida estaria a ponderar. Fixar os preços por via administrativa é uma faculdade do Governo, mediante alteração legislativa, mas essa possibilidade é encarada com reticência em várias frentes.
O presidente da República, questionado sobre a possibilidade de intervenção do Governo, repondeu que "a questão é complexa, principalmente porque se insere numa crise financeira internacional muito forte e também de grande complexidade, pelo que não se pode responder de forma apressada".
Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa, considera "irrealista" a possibilidade de fixação de preços, desde logo pelas regras comunitárias. "Não vejo qualquer exequibilidade nessa medida, e muito menos vantagem", afirmou. Embora não concorde com a redução do ISP, Ribeiro da Silva refere que esse é o "principal trunfo" do Governo. Mas abdicar de parte do segundo imposto indirecto mais importante, a seguir ao IVA, não se antevê fácil, numa altura em que a receita está em queda e o défice tem de baixar.
Caleia Rodrigues, especialista em petróleo ouvido pela Lusa, entende que "o ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta". Considera que apenas pode mexer nos impostos, duvidando que "tenha força para fixar preços máximos".
Resta ao Governo a Autoridade da Concorrência (AdC), mas esta entidade não tem competência para fixar preços. Tal seria até contrário à filosofia de mercado que tem de defender, recordou ao JN uma fonte do sector. A pressão recai assim nos poderes de fiscalização e punição da AdC, que só ocorrerá em caso de cartelização.
O secretário-geral da Deco, Jorge Morgado, considera que o supervisor deve manter o sector sob "observação permanente", já que "está exclusivamente virado para os accionistas e atropela os interesses dos consumidores". Desde Julho, deram entrada na associação 1365 queixas contra gasolineiras, tendo como motivo os preços fixados.

Jornal de Notícias
2008-09-19
JOÃO PAULO MADEIRA

Faltam «ferramentas» a Manuel Pinho

O ministro da Economia apenas poderá pressionar as empresas petrolíferas a baixar os preços dos combustíveis, restando-lhe poucas medidas de intervenção, à excepção da fixação administrativa e da mexida nos impostos, defenderam à agência «Lusa» vários especialistas do sector.
O analista do Espírito Santo Research (ESR), Pedro Morais, afirmou que Manuel Pinho «não tem muitas ferramentas para fazer algo sem ser contestado pelos operadores».
O analista considera difícil que o ministro «tenha uma medida prática que possa tomar», à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.
Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é «recuar quatro anos» na liberalização do mercado, defendeu.
Pedro Morais defende que uma das vias poderá ser o Estado utilizar os 7 por cento que ainda detém na Galp para tentar influenciar a gestão da petrolífera.
O ministro da Economia admitiu quarta-feira, em entrevista à «SIC Notícias», que poderá intervir no mercado dos combustíveis para defender os consumidores.
«Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores», afirmou Manuel Pinho, embora tenha rejeitado a fixação administrativa dos preços.
«Acredito que os preços vão baixar, mas se não baixarem vamos ver se há algum problema na raíz e vamos resolvê-lo», afirmou.

Mandar investigar é única hipótese
A investigação profunda do mercado, anunciada pela Autoridade da Concorrência, é uma das medidas defendidas pelo especialista em petróleo, Caleia Rodrigues.
«O ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta, mas pode investigar e fazer pressão», defendeu em declarações à «Lusa».
Para além destas medidas, Caleia Rodrigues defende que o Governo só pode mexer nos impostos, duvidando que «tenha força para fixar preços máximos», como fez o Governo Regional da Madeira, acabando com a liberalização dos combustíveis.
Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu «há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis».
«Só poderá intervir, mudando o quadro legal de actividade, o que não me parece possível face aos acordos que Portugal tem no âmbito da União Europeia», afirmou.
«Não vislumbro medidas, a não ser uma medida restritiva à liberdade do mercado», disse.

Ou impostos baixam ou fixam-se preços
Um especialista em concorrência afirmou igualmente que o ministro poderá tomar apenas duas medidas: ou baixar os impostos ou voltar a fixar administrativamente os preços.
O Governo Regional dos Açores decidiu mexer no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) para combater as variações internacionais do preço do combustível.
Através de uma oscilação ascendente ou descendente de 10% no ISP o Governo Regional consegue neutralizar a oscilação nos preços.
O analista financeiro da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou não se pronunciar sobre «medidas políticas», mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.
«Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros», afirmou.
Segundo este analista, há uma «correlação quase perfeita» entre o aumento dos preços refinados em euros e o aumento do preço dos combustíveis na bomba, que não se verifica quando os preços baixam.
Na sua opinião, e tendo em conta a dimensão da descida do preço do gasóleo nos mercados internacionais-de 840 euros por tonelada entre Maio e Julho para os actuais 600 euros-o preço devia estar na bomba 10% mais barato do que o que está.

Agência Financeira
18.Set.2008
2008/09/18 18:22 Lusa/RPV

O ministro da Economia apenas poderá pressionar as empresas petrolíferas a baixar os preços dos combustíveis, restando-lhe poucas medidas de intervenção, à excepção da fixação administrativa e da mexida nos impostos, defenderam à Lusa vários especialistas do sector.

O analista do Espírito Santo Research (ESR), Pedro Morais, afirmou à Lusa que Manuel Pinho "não tem muitas ferramentas para fazer algo sem ser contestado pelos operadores".
O analista considera difícil que o ministro "tenha uma medida prática que possa tomar", à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.
Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é "recuar quatro anos" na liberalização do mercado, defendeu.
Pedro Morais defende que uma das vias poderá ser o Estado utilizar os 7 por cento que ainda detém na Galp para tentar influenciar a gestão da petrolífera.
O ministro da Economia admitiu quarta-feira, em entrevista à SIC Noticias, que poderá intervir no mercado dos combustíveis para defender os consumidores.
"Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores", afirmou Manuel Pinho, embora tenha rejeitado a fixação administrativa dos preços.
"Acredito que os preços vão baixar, mas se não baixarem vamos ver se há algum problema na raiz e vamos resolvê-lo", afirmou.

A investigação profunda do mercado, anunciada pela Autoridade da Concorrência, é uma das medidas defendidas pelo especialista em petróleo, Caleia Rodrigues.
"O ministro não pode tomar medidas discricionárias porque estamos numa economia aberta, mas pode investigar e fazer pressão", defendeu em declarações à Lusa.
Para além destas medidas, Caleia Rodrigues defende que o Governo só pode mexer nos impostos, duvidando que "tenha força para fixar preços máximos", como fez o Governo Regional da Madeira, acabando com a liberalização dos combustíveis.
Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu "há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis".
"Só poderá intervir, mudando o quadro legal de actividade, o que não me parece possível face aos acordos que Portugal tem no âmbito da União Europeia", afirmou à Lusa.
"Não vislumbro medidas, a não ser uma medida restritiva à liberdade do mercado", disse.
Um especialista em concorrência afirmou à Lusa que o ministro poderá tomar apenas duas medidas: ou baixar os impostos ou voltar a fixar administrativamente os preços.
O Governo Regional dos Açores decidiu mexer no ISP para combater as variações internacionais do preço do combustível.
Através de uma oscilação ascendente ou descendente de 10 por cento no ISP o Governo Regional consegue neutralizar a oscilação nos preços.
O analista financeiro da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou à Lusa não se pronunciar sobre "medidas políticas", mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.
"Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros", afirmou.
Segundo este analista, há uma "correlação quase perfeita" entre o aumento dos preços refinados em euros e o aumento do preço dos combustíveis na bomba, que não se verifica quando os preços baixam.
Na sua opinião, e tendo em conta a dimensão da descida do preço do gasóleo nos mercados internacionais - de 840 euros por tonelada entre Maio e Julho para os actuais 600 euros - o preço devia estar na bomba 10 por cento mais barato do que o que está.
Lusa
2008-09-18 18:10:03
Economia
Lisboa, 18 Set (Lusa) -

domingo, 21 de setembro de 2008

Um investimento superior a 15 biliões de euros. É o que é preciso para manter no mundo a exploração do petróleo, gás natural e carvão nos níveis necessários até 2030.
Vinte e dois milhões de milhões de dólares ou mais de 15 milhões de milhões de euros. É este o valor colossal do investimento que é necessário em todo o mundo para que continue a haver energia até 2030, de acordo com os dados da Agência Internacional da Energia.
Os investimentos são de tal forma colossais que os preços altos dos combustíveis fósseis são uma inevitabilidade”, explica José Caleia Rodrigues, consultor e especialista em questões energéticas.
Só a exploração e produção de petróleo deverá absorver um quarto do financiamento total necessário. À extracção de gás natural é atribuída uma fatia de 18% dos investimentos necessários, enquanto a exploração de carvão precisa de 2% do investimento. À produção de energia eléctrica cabe a fatia de leão: 51%, ou seja, cerca de 7,79 biliões de euros.
Perante este cenário, os especialistas são peremptórios: os preços altos da energia vieram para ficar.
Quando começou a escalada desenfreada do preço do barril de petróleo, os preços do gás natural e do carvão também foram, obviamente, inflacionados”, aponta Caleia Rodrigues.
Só em 2008, o preço do barril de Brent já chegou perto dos 147 dólares, ao passo que o consumo do carvão disparou 4,5% e do gás natural 3,1% no ano passado. No que toca aos preços do gás natural, a tendência também é de subida – no Reino Unido os preços já dispararam 50% desde o início do ano.
Os preços da electricidade, contudo, têm em Portugal tectos máximos definidos pelo Governo. Ou seja, as tarifas eléctricas nunca poderão ultrapassar os limites do que é considerado suportável para os portugueses – o que resulta num défice tarifário que, num período máximo de 15 anos, acabará por ter de ser pago pelos consumidores.
Com o preço do petróleo a pressionar perto dos 100 dólares, e apesar da tendência de descida dos últimos dois meses, é difícil ver o preço dos combustíveis voltar a descer nos próximos tempos. Na passada quarta-feira, contudo, o ministro da Economia voltou a apontar o dedo às petrolíferas e garantiu que “o preço da gasolina só não desce se o mercado não funcionar” e disse-se satisfeito com a hipótese de a Autoridade da Concorrência [AdC] fazer uma “investigação aprofundada”, que significa “um passo em frente em relação à anterior”. Uma ideia bem acolhida pela BP Portugal – que detém 20% do mercado de retalho de venda dos combustíveis em Portugal –, que garantiu estar “totalmente disponível para colaborar com a AdC se quiser alterar o modo como vigia o mercado” e comungar do desejo do Governo de ver os preços descerem. A Galp Energia e a Repsol recusaram comentar as últimas declarações do Governo.

Diário Económico
Sofia Lobato Dias
Preços da energia 2008-09-19 00:05

A tensão entre o Governo e a Galp sobe porque o preço dos combustíveis tarda em descer, apesar da queda da cotação do petróleo.
O Governo está zangado com a Galp por demorar a baixar os preços da gasolina e do gasóleo quando a cotação de ontem do petróleo brent (94,96 dólares/barril) é 35% inferior ao máximo de 146,08 dólares/barril, do dia 7 de Julho. O preço dos combustíveis baixou menos de um terço desse valor no mesmo período. Por isso, o ministro da Economia vê “com satisfação que a Autoridade da Concorrência faça uma investigação mais aprofundada, que é um passo em frente em relação à investigação anterior”. Manuel Pinho diz mesmo estar “confiante que o preço da gasolina vai baixar”, porque “sempre que o preço do petróleo baixa, mais cedo ou mais tarde, o preço dos produtos refinados segue o mesmo caminho”. A tensão entre o Governo e a Galp remonta à altura do protesto dos camionistas, em Junho, quando a petrolífera, imediatamente a seguir à assinatura do acordo, subiu os preços dos combustíveis.
A situação também preocupa a oposição parlamentar. PSD e CDS já exigiram a presença, respectivamente, do presidente da Autoridade da Concorrência, Manuel Sebastião, e do ministro da Economia, Manuel Pinho, para explicarem aquela discrepância no Parlamento. Os outros partidos com assento na Assembleia da República também se mostraram desagradados com a situação durante o debate sobre a taxa Robin dos Bosques, que ontem teve lugar no Parlamento.José Horta, presidente da APETRO, a associação das empresas petrolíferas, diz que as dúvidas são compreensíveis para o público em geral, que se vê bombardeado pelo anúncio da descida continuada dos preços do petróleo nos mercados internacionais e não encontra correspondência nos preços que paga nos postos de abastecimento de combustíveis. Só que, refere, “é preciso explicar às pessoas que os preços dos combustíveis refinados seguem caminhos diferentes do preço do petróleo bruto”.
O presidente da APETRO dá como razão para uma travagem na descida dos preços da gasolina e do gasóleo à saída da refinaria o facto de as refinarias do Texas e do Sul dos Estados Unidos terem fechado por causa da aproximação do furacão Ike. Os EUA, afirma, “são uma verdadeira esponja no consumo de combustíveis refinados e vão buscá-lo onde for preciso”. E sublinha que “Portugal é um grande exportador de gasolina para os Estados Unidos”.Além disso, diz José Horta, os preços dos combustíveis praticados em Portugal são feitos com base nas cotações do mercado do Norte da Europa – o chamado mercado ARA (Amesterdão, Roterdão e Antuérpia) – e “o preço médio dos combustíveis à saída da refinaria na última semana deu duas indicações contraditórias, a gasolina estava a subir, relativamente à semana anterior, e o gasóleo estava descer”. A BP seguiu à risca este mecanismo de formação de preços e aumentou a gasolina, descendo o preço do gasóleo. A Galp decidiu não aumentar a gasolina, mas “essa é uma decisão de gestão que apenas cabe às empresas”.
José Horta sublinha que a APETRO vai divulgar, na próxima semana, um estudo comparado sobre os primeiros oito meses deste ano e igual período do ano passado onde, segundo refere, “vai ficar bem patente que mais de metade dos países da União Europeia aumentaram mais os combustíveis que Portugal”.
Uma situação que deve ser do conhecimento da Autoridade da Concorrência mas não será suficientemente convincente, já que a entidade presidida por Manuel Sebastião anunciou ontem, em comunicado, que vai proceder a uma investigação aprofundada sobre “a evolução da cotação do petróleo brent, de Londres, e as cotações Platt’s de Roterdão para produtos refinados, ambas referências para Portugal”.
O presidente da ANAREC, associação de revendedores de combustíveis, que há muito tempo ameaça apresentar queixa à Concorrência, diz que só não o fez agora porque “houve dois argumentos de peso. O próprio ministro da Economia pediu às petrolíferas para acompanharem a tendência de queda do petróleo e o comissário europeu da Energia, Andris Piebals, quer que a Concorrência esteja mais atenta aos preços dos combustíveis”. E conclui dizendo que acredita que, “nos próximos dias, os preços dos combustíveis vão descer”. Uma crença partilhada pelo ministro Manuel Pinho e pelo presidente da APETRO.
O presidente da Endesa em Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, esclarece que “o estabelecimento dos preços da gasolina e do gasóleo não é uma ciência oculta”. “Os países exportadores de petróleo ganham menos do que os importadores, como Portugal, com os impostos”, acrescentou, numa clara alusão ao nível elevado de impostos que pesam no preço final dos combustíveis.
Ideia que é partilhada por José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas, ao referir que “se querem baixar os preços dos combustíveis, podem começar por descer os impostos”. Contactado pelo Diário Económico, Manuel Ferreira de Oliveira, presidente da Galp, não quis pronunciar-se sobre as relações entre a empresa e o Governo.
De elefante branco a potência petroquímica
José Sócrates disse ontem que o actual clima de negócios em Portugal permite regressar ao sonho do final dos anos 60 de construir em Sines um dos maiores complexos petroquímicos do mundo. O primeiro-ministro falava no final da sessão que assinalou a ampliação do complexo petroquímico de Sines da Repsol. Com este projecto, a subsidiária portuguesa da petrolífera espanhola deverá, a partir de 2011, tornar-se num dos primeiros exportadores portugueses, estando prevista uma facturação anual de cerca de 1.200 milhões de euros. Esta expansão prevê a construção de mais duas fábricas de polietileno e de polipropileno. A Repsol Portuguesa encontra-se em fase de expansão, tanto a nível industrial, como de distribuição de combustíveis, através do reforço da sua rede de retalho, posicionando-se actualmente como a segunda maior petrolífera em Portugal.

Diário Económico
Manuel Pinho avisa 2008-09-18 00:05
Francisco Ferreira da Silva com Sofia Lobato Dias