quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ferreira de Oliveira disse que não ia ter boas notícias no semestre e a Galp caiu 6,5% em bolsa.

Num dia positivo para a bolsa portuguesa, com os títulos da banca a subir, as acções da Galp Energia chegaram a cair 9,54% e a valer 10,90 euros, o valor mais baixo desde 8 de Novembro de 2007. A queda da maior petrolífera portuguesa acontece um dia depois do presidente executivo da empresa ter admitido que os resultados do segundo trimestre podem trazer más notícias aos accionistas. Ferreira de Oliveira disse terça-feira no Parlamento que não tinha “melhores notícias” do que aquelas que deu no primeiro trimestre. Nos primeiros três meses do ano, o lucro ajustado da empresa caiu 8,2% face ao período homólogo para os 109 milhões de euros.

“A Galp está a sofrer com a diminuição das margens de refinação devido à escalada do preço do barril de petróleo”, explica um analista do mercado. A desvalorização do dólar face ao euro e a indefinição da tributação que vai ser aplicada no campo de petróleo de Tupi, no Brasil, também poderão estar a levantar dúvidas entre os accionistas.
O ‘emagrecimento’ das margens das refinarias é um problema comum às várias petrolíferas europeias, a braços com a subida do preço do crude. Além disso, o consumo de combustíveis tem vindo a cair entre os 4% a 6% ao ano. Só no último ano, o consumo deverá ter caído 5%. Esta quebra na procura poderá estar também a contribuir para a diminuição das margens das
refinarias.

“As petrolíferas podem estar a esmagar as margens para incentivarem a procura. Ou seja, o aumento do preço do petróleo que compram não é acompanhado na mesma proporção pela subida do preço de venda de combustíveis”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.

A prestação da Galp Energia em bolsa também tem sido afectada pela nova taxa Robin dos Bosques, recentemente anunciada pelo Governo. A medida vai cair sobre o valor das reservas petrolíferas com base no preço mais antigo. Apesar de o CEO da maior petrolífera nacional garantir que vai ter de pagar entre 100 a 150 milhões de euros ao Estado, um estudo ontem divulgado pelo banco BPI aponta para uma tributação que pode custar entre 300 a 380 milhões à Galp. Fonte da empresa garantiu ao Diário Económico que as contas do BPI “não fazem sentido nenhum” e têm em conta uma “visão catastrofista” da realidade.
O presidente executivo da Galp Energia garantiu, contudo, que a aplicação desta taxa não irá prejudicar os resultados líquidos da empresa, até porque a medida “não foi uma surpresa” para a administração. “A política de distribuição de dividendos da Galp não é nada afectada por esta medida, uma vez que tem por base o custo de substituição dos barris”, esclareceu o presidente da petrolífera. Uma vez que os dividendos não têm em conta as reservas, os accionistas não são penalizados pela nova política fiscal.Galp teve a maior queda do PSI-20
A Galp Energia protagonizou ontem a maior queda percentual do PSI 20, ao cair 6,56% para 11,26 euros, prejudicada pela queda nos preços do petróleo e pela incerteza dos efeitos que a taxa Robin dos Bosques vai ter na empresa. O ‘emagrecimento’ das margens de refinação e a desvalorização do dólar face ao euro também deverão estar a prejudicar a prestação da empresa em bolsa.

Diário Económico
Previsões dos analistas 2008-07-17 00:05
Sofia Lobato Dias