quarta-feira, 30 de julho de 2008

Preços baixos na gasolina (Diário Económico, 30.Julho.2008)

Petróleo voltou a baixar, mas até quando? OPEP prevê barril nos 80 dólares. Galp cortou preço da gasolina.

Facturas a subir, margens mais curtas, preços inflacionados e dificuldades nas contas. Nos últimos meses tem sido este o retrato de muitas indústrias nacionais, um cenário negro que ficou menos carregado nos últimos dias. Na terça-feira, a Galp baixou o preço da gasolina em quatro cêntimos e do gasóleo em três cêntimos, sendo a segunda redução no espaço de uma semana. Entretanto, a BP e Repsol também já baixaram, respondendo à queda do crude nos mercados internacionais.
Apesar das boas notícias, o futuro parece incerto Até quando vão cair os preços do barril? Até quando é que as gasolineiras vão corrigir os preços, depois das mais de vinte subidas desde Janeiro? “A tendência será para continuar a cair se o petróleo continuar a descer. Se continuar a baixar terá que haver reduções significativas” nos preços, garante Augusto Cymbron, ao Diário Económico. O presidente da Anarec lembrou as declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chavez que disse, na semana passada, que o petróleo ficaria nos 100 dólares. Entretanto, ontem, 0 presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Chakib Khelil, considerou hoje “anormais” os preços actuais e admitiu que possam recuar até aos 80 dólares, caso o dólar continue e valorizar-se e a situação política no Médio Oriente melhore.
Ainda sobre o petróleo, fonte oficial da Repsol disse ao Diário Económico que “tudo vai depender da oferta e da procura, dos movimentos geopolíticos que afectam directamente a matéria-prima”. Uma opinião partilhada pela BP Portugal que acrescenta a estes factores a variável financeira, associada à oscilação da cotação do dólar. Do lado das gasolineiras, a expectativa é grande. “Esta queda, se se mantiver, pode contribuir para uma retoma nos volumes”, diz fonte oficial da BP Portugal, marca que já reconheceu que a procura de combustível nas suas bombas tem estado a cair.
O governo também tem boas expectativas. O ministro da economia português, Manuel Pinho acredita que esta descida terá um impacto positivo na economia. E, acrescentou ontem em Paços de Ferreira que, “não há razão objectiva para que o petróleo tenha duplicado o seu preço em tão pouco tempo”.
Para o especialista em petróleo José Caleia Rodrigues, esta quebra verificada nas últimas semanas é resultado de algum efeito “sazonal” que normalmente se faz sentir a partir de Abril/Maio e se prolonga pelo Verão, período em que “ha uma quebra no consumo”, relacionada sobretudo com a paragem ou redução de actividade no sector da indústria. “Penso que no final de Setembro, Outubro os preços comecem novamente a subir, voltando para níveis de Fevereiro, Março”, afirmou Caleia Rodrigues.
Os recentes ajustes em baixo nos preços dos combustíveis têm tido menor impacto no petróleo. Um facto justificado tanto pela Galp Energia como pela Repsol pelos desequilíbrios que existem entre a oferta e a procura. “Na Europa existe excesso de gasolina o que leva a Europa a exportá-la; mas falta gasóleo”, afirmou fonte oficial da Repsol. “Face ao desequilíbrio entre oferta e procura de gasóleo que se tem vindo a sentir nos mercados internacionais, este produto tem tido tendência a aumentar mais do que a gasolina”, afirmou fonte oficial da Galp Energia, justificando deste modo a redução inferior no preço do gasóleo.

Galp à procura de petróleo na costa de Lisboa
A maior petrolífera portuguesa está a estudar a costa de Lisboa em busca de petróleo. A primeira fase de prospecção em busca do ouro negro passa por estudos geológicos, já concluídos ao largo da capital. “Em curso estão agora os estudos sísmicos, que correspondem a fazer uma ecografia ao subsolo”, explica Manuel Ferreira de Oliveira, presidente-executivo da Galp. Seguem-se depois estudos de pormenores, que permitem ter uma visão a três dimensões do subsolo para ver se há jazigas. No total, um estudo detalhado demora entre seis a oito anos. “Se dentro de três a quatro anos começarmos a perfurar o solo é porque há uma grande probabilidade de encontrarmos petróleo”, frisou o CEO. A Galp está também a estudar a bacia do Alentejo. A perfuração de um poço de petróleo custa entre 50 a 70 milhão de euros.

S&P aponta para preço do barril nos 130 dólares
Os preços dos futuros do petróleo deverão manter-se na casa dos 130 dólares, o que, estima a Standard & Poor’s (S&P), deverá continuar a dar suporte ao sector de exploração e produção de petróleo. Esta evolução tem contribuído para a “melhoria da qualidade do crédito e dos ‘ratings’ da indústria do gás e do petróleo, refere a casa de notação financeira, num nota divulgada ontem. Já as indústrias de refinação e comercialização “continuam a enfrentar difíceis condições de mercado, penalizadas pela confluência de elevados custos do petróleo e do gás natural, com quebra na procura de gasolina e de produtos residuais”, refere a S&P. Como tal, a casa de notação financeira, prevê que “os resultados dos primeiros seis meses deste de 2008 sejam bem inferiores aos registada no forte primeiro semestre de 2007”.

Diário Económico
Marta Reis e Sara Piteira Mota
Preço da gasolina 2008-07-30 00:05

terça-feira, 29 de julho de 2008

As descidas no preço ao consumidor dos combustíveis são, ainda que apenas em parte, reflexos da descida do petróleo nos mercados internacionais.
Depois de uma subida extraordinária, o preço da matéria-prima tem descido nas últimas semanas.
Uma descida que, segundo o especialista em mercados petrolíferos, José Caleia Rodrigues, acontece sazonalmente e a expectativa é que continue assim pelo menos até final do Verão.
O especialista salienta que “invariavelmente, sobe outra vez, na altura das compras e dos grandes consumos, a partir de Outubro, Novembro”.
O preço do petróleo nos mercados internacionais manteve-se, esta manhã, estável. Em Londres, o barril de Brent do Mar do Norte, que serve de referência à fixação dos preços em Portugal, estava a ser transaccionado um pouco acima dos 126 dólares, uma subida ligeira de 55 cêntimos por barril.

Rádio Renascença
Combustíveis
29-07-2008 11:1
AC

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ferreira de Oliveira disse que não ia ter boas notícias no semestre e a Galp caiu 6,5% em bolsa.

Num dia positivo para a bolsa portuguesa, com os títulos da banca a subir, as acções da Galp Energia chegaram a cair 9,54% e a valer 10,90 euros, o valor mais baixo desde 8 de Novembro de 2007. A queda da maior petrolífera portuguesa acontece um dia depois do presidente executivo da empresa ter admitido que os resultados do segundo trimestre podem trazer más notícias aos accionistas. Ferreira de Oliveira disse terça-feira no Parlamento que não tinha “melhores notícias” do que aquelas que deu no primeiro trimestre. Nos primeiros três meses do ano, o lucro ajustado da empresa caiu 8,2% face ao período homólogo para os 109 milhões de euros.

“A Galp está a sofrer com a diminuição das margens de refinação devido à escalada do preço do barril de petróleo”, explica um analista do mercado. A desvalorização do dólar face ao euro e a indefinição da tributação que vai ser aplicada no campo de petróleo de Tupi, no Brasil, também poderão estar a levantar dúvidas entre os accionistas.
O ‘emagrecimento’ das margens das refinarias é um problema comum às várias petrolíferas europeias, a braços com a subida do preço do crude. Além disso, o consumo de combustíveis tem vindo a cair entre os 4% a 6% ao ano. Só no último ano, o consumo deverá ter caído 5%. Esta quebra na procura poderá estar também a contribuir para a diminuição das margens das
refinarias.

“As petrolíferas podem estar a esmagar as margens para incentivarem a procura. Ou seja, o aumento do preço do petróleo que compram não é acompanhado na mesma proporção pela subida do preço de venda de combustíveis”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.

A prestação da Galp Energia em bolsa também tem sido afectada pela nova taxa Robin dos Bosques, recentemente anunciada pelo Governo. A medida vai cair sobre o valor das reservas petrolíferas com base no preço mais antigo. Apesar de o CEO da maior petrolífera nacional garantir que vai ter de pagar entre 100 a 150 milhões de euros ao Estado, um estudo ontem divulgado pelo banco BPI aponta para uma tributação que pode custar entre 300 a 380 milhões à Galp. Fonte da empresa garantiu ao Diário Económico que as contas do BPI “não fazem sentido nenhum” e têm em conta uma “visão catastrofista” da realidade.
O presidente executivo da Galp Energia garantiu, contudo, que a aplicação desta taxa não irá prejudicar os resultados líquidos da empresa, até porque a medida “não foi uma surpresa” para a administração. “A política de distribuição de dividendos da Galp não é nada afectada por esta medida, uma vez que tem por base o custo de substituição dos barris”, esclareceu o presidente da petrolífera. Uma vez que os dividendos não têm em conta as reservas, os accionistas não são penalizados pela nova política fiscal.Galp teve a maior queda do PSI-20
A Galp Energia protagonizou ontem a maior queda percentual do PSI 20, ao cair 6,56% para 11,26 euros, prejudicada pela queda nos preços do petróleo e pela incerteza dos efeitos que a taxa Robin dos Bosques vai ter na empresa. O ‘emagrecimento’ das margens de refinação e a desvalorização do dólar face ao euro também deverão estar a prejudicar a prestação da empresa em bolsa.

Diário Económico
Previsões dos analistas 2008-07-17 00:05
Sofia Lobato Dias

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O campo brasileiro é o mais valioso do mundo.
A descoberta das maiores reservas de petróleo do mundo, em Tupi, no Brasil, revolucionou a indústria petrolífera a nível mundial. São entre cinco a oito mil milhões de barris de crude a mais de nove quilómetros de profundidade, ao largo da baía de Santos, no estado do Rio de Janeiro. Ao preço actual do barril, que ronda os 137 dólares, as reservas de Tupi valem entre 685 mil milhões de dólares e 1,1 bilião de dólares (435 mil milhões e 697 mil milhões de euros).
“O Brasil tem nas mãos o maior campo petrolífero do mundo e está agora a par, no panorama mundial, de superpotências como a Rússia e a Arábia Saudita”, explica José Caleia Rodrigues, especialista em questões energéticas.
As reservas milionárias de petróleo no Brasil estão a 250 quilómetros de distância da costa do estado do Rio de Janeiro. Debaixo do mar, os poços estão a nove quilómetros de profundidade e têm temperaturas que chegam aos 260 graus centígrados. É a difícil acessibilidade do campo petrolífero de Tupi que faz com a exploração dos poços seja tão cara.
Peter Wells, director da empresa de pesquisa norte-americana Nettex Petroleum Consultants, fez os cálculos e garante que os trabalhos na zona de Tupe custarão qualquer coisa como 155 mil milhões de euros, mais ou menos o valor do financiamento do programa espacial norte-americana pelos próximos catorze anos. A Galp, com uma participação de 10% no bloco BMS-11, um dos três da região de Tupi, terá investir qualquer coisa como 6,5 mil milhões de euros para fazer a extracção de petróleo.
A Petrobras, que lidera o grupo de empresas petrolíferas que vão explorar os campos de Tupi, vai avançar com testes mais profundos no campo brasileiro no terceiro trimestre de 2009. Um ano depois deverão ser extraídos os primeiros cem mil barris diários de petróleo e produzidos quatro milhões de metros cúbicos de gás natural.

Diário Económico
2008-07-10 00:05
Sofia Lobato Dias com A.B.

terça-feira, 8 de julho de 2008

José Caleia Rodrigues diz que os produtores de petróleo não têm margem de manobra para aumentar a produção

José Caleia Rodrigues alertou que os produtores de petróleo não «têm margem de manobra» para aumentar a produção, como solicitado pelo G8. Para o especialista, os líderes dos oito países deveriam ter sugerido a diminuição do consumo.

José Caleia Rodrigues, consultor e analista na área do petróleo, alertou, esta terça-feira, que «aparentemente» os produtores de petróleo não «têm margem de manobra» para aumentar a produção de petróleo, como solicitado pelos países do G8.
Em declarações à TSF, o especialista alertou que «qualquer aumento de extracção de petróleo corresponde a investimentos astronómicos», sendo que se o caminho for esse «todos teremos de pagar».
«O petróleo das grandes bolsas que estão a ser extraídas há mais de 50 anos estão com taxas de esgotamento enormes, daí que qualquer aumento de extracção corresponde a investimentos astronómicos», reforçou.
O analista adiantou que apenas a Rússia tem aumentado «um pouco» a produção, porque «parece que tem uma técnica que ainda não é utilizada por outros na extracção de grande profundidade (deep waters)(deep depth)».
José Caleia Rodrigues defendeu que o apelo dos países do G8 deveria ser sido para um «menor consumo» dos recursos petrolíferos.