terça-feira, 5 de agosto de 2008

Barack Obama propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a alta dos combustíveis.

À TSF, o especialista Caleia Rodrigues considerou a proposta uma mera «declaração política».

Caleia Rodrigues, especialista em Economia Política, diz que a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas dos EUA iria ter grande impacto no mercado

Caleia Rodrigues diz que a proposta de Obama é apenas uma declaração política

O candidato presidencial democrata dos Estados Unidos propôs, esta segunda-feira, a venda de 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país para enfrentar a subida de preços dos combustíveis.
«Deveríamos vender 70 milhões de barris de crude da nossa Reserva Estratégica de Petróleo e substituí-los por crude menos caro, o que no passado reduziu os preços da gasolina num prazo de duas semanas», defendeu Barack Obama, quando discursava em Lansing, no Estado do Michigan.
Esta é a primeira vez que o candidato democrata defende, em nome do «sofrimento» dos norte-americanos, o uso das reservas estratégicas petrolíferas dos Estados Unidos para combater a escalada de preços dos combustíveis.
Obama, que apresentou também medidas de longo prazo, como o desenvolvimento das energias alternativas, nomeadamente a solar e a eólica, acusou os políticos norte-americanos, incluindo o seu adversário directo, de terem fracassado, durante 30 anos, no combate à crise energética.
O democrata afirmou que o seu adversário republicano está no bolso das grandes companhias petrolíferas, considerando que estas «têm bloqueado o avanço para outras formas de energia».
Num discurso marcado por críticas directas e duras a John McCain, Barack Obama frisou que em Julho o republicano recebeu mais de um milhão de dólares de apoio à sua campanha da parte de petrolíferas.
Estas acusações foram proferidas na mesma altura que a campanha do democrata começou a transmitir um novo anúncio em canais de televisão com críticas à política energética do candidato republicano.
«Depois de um presidente no bolso das grandes companhias de petróleo, não nos podemos dar ao luxo de voltar a ter outro do género», defende o anúncio publicitário.
As acusações de Obama surgem numa altura em que o debate sobre a política energética do país se está a tornar num dos principais tópicos de discussão das presidências de Novembro.
O aumento dos custos de combustíveis está a levar os dois candidatos a apresentarem-se como capazes de iniciar uma política que liberte o país daquilo que Obama descreveu como o «vício do petróleo».
Por seu lado John McCain voltou, esta segunda-feira, a defender o aumento da exploração petrolífera dentro dos Estados Unidos, afirmando, numa alusão a Obama, que quem se opõem a isso não tem a experiência necessária para compreender os desafios que o país enfrenta.

Entretanto, ouvido pela TSF, o especialista em Economia Politica Caleia Rodrigues disse que a proposta de Obama de vender 70 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas do país ia «seguramente» ter efeitos no mercado.
No entanto, o especialista considerou a ideia lançada pelo democrata como uma «declaração política», lembrando que para levar a cabo essa venda seria primeiro necessário «alterar as regras da própria reserva» norte-americana.
Além disso, Caleia Rodrigues lembrou que ao reduzir essa reserva estratégica, o país estaria a «reduzir a sua quantidade de defesa».

TSF
5.Agosto.2008
00h05