quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Os impostos valem metade do preço dos combustíveis.
A queda do preço do petróleo tem de ser reflectida no preço dos combustíveis. As palavras são do ministro da Economia, Manuel Pinho, no mesmo dia em que a BP subiu em um cêntimo o preço da gasolina e a Galp o manteve inalterado. Os números não batem certo? Só aparentemente, dizem os especialistas.
“A teoria da conspiração que diz que as petrolíferas estão fartas de meter milhões ao bolso não faz sentido nenhum”, frisa Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal. O preço do barril de crude, diz o especialista em questões energéticas, pesa apenas 20% na determinação do preço dos combustíveis. Por outro lado, às petrolíferas deverá restar apenas uma margem de cerca de 10% para a gestão da empresa e a logística. Por tudo isto, frisa Ribeiro da Silva, não faz sentido que o ministro da Economia peça às petrolíferas para baixarem os preços, “numa lógica de Robin dos Bosques e Xerife de Nottingham”.
O sistema de formação dos preços dos combustíveis é determinado pelo próprio Governo e é ao Estado que cabe a fatia de leão - os impostos pesam 59% no caso da gasolina e 47% nos gasóleos, entre IVA e ISP.
“Se o Governo quiser que os preços baixem pode optar por baixar os impostos”, aponta Caleia Rodrigues, consultor para questões energéticas. Por outro lado, frisa o mesmo especialista, “para que continue a haver petróleo até 2030 as petrolíferas têm de investir, até essa data, 150 mil milhões de dólares por ano [105 mil milhões de euros] e, para isso, têm de ter financiamento, numa altura em que o acesso ao crédito é cada vez mais difícil”.

Diário Económico
Preço dos combustíveis 2008-09-18 00:05
Sofia Lobato Dias