sexta-feira, 27 de junho de 2008

Preço atinge novo recorde (Rádio Renascença, 27.Junho.2008)

As cotações do barril de petróleo estão em novos máximos históricos, chegando aos 141 dólares, depois do presidente da OPEP, Chakib Kelil, ter dito, ontem, que o preço poderá subir aos 170 dólares por barril ainda este Verão. (oil price)

Os analistas estão alarmados com este novo recorde, porque se o preço do barril do petróleo está a bater sucessivos máximos no Verão no Hemisfério Norte, as perspectivas para o Inverno, quando a procura energética subir, afiguram-se preocupantes.
O Brent, referência para as importações portuguesas, está próximo dos 142 dólares, no mercado de Londres. (oil price)
Também nas últimas horas, o Deustche Bank referia que se o preço do petróleo chegar aos 200 dólares por barril, a economia mundial entrará em recessão.
Na análise de José Caleia Rodrigues, analista dos mercados petrolíferos, o cenário é particularmente preocupante, até porque pode haver escassez no mercado, o que pode conduzir ao continuar do um aumento dos preços.

Rádio Renascença
27-06-2008 11:39

Apesar do euro ter atingido o ponto mais alto de sempre face ao dólar, deixou de ser a almofada contra a alta do preço do petróleo. O custo de vida vai agravar-se.
O euro está no valor mais alto de sempre frente ao dólar, mas deixou de proteger as economias europeias do choque petrolífero. Isto é, o preço médio do barril de petróleo em euros ultrapassou esta semana a média do ano passado, apesar da moeda única valer quase 1,5 dólares. Isto acontece porque o ritmo de subida do ouro negro é superior ao da taxa de câmbio e não deverá perder músculo nos próximos meses.
O barril de Brent (oil price), negociado em dólares, estava ontem 8,5% mais caro do que a média de 2006; em euros valia mais 0,2%, quando até aqui esteve a cair. A cotação média diária do barril em 2007 (70,7 dólares) também já ultrapassa a prevista pelo Governo no Orçamento do Estado, de 69,5 dólares. Daqui em diante, dizem os especialistas, a situação tenderá a agravar-se, ou seja, empresas e consumidores vão sentir cada vez mais o impacto negativo da subida do petróleo e do euro.
“Não vai parar de subir. Continuo muito preocupado pois nada mudou nos fundamentais: a oferta de petróleo não tem capacidade para crescer mais e a procura continua em alta com o forte crescimento das economias emergentes”, lembra José Caleia Rodrigues, economista especializado no sector da energia.
Esta tese é defendida por outros observadores, como Agostinho Pereira de Miranda, advogado e consultor nesta mesma área, e Nuno Ribeiro da Silva, professor de Economia da Energia do ISEG.
Os efeitos nos combustíveis deverão ser sentidos já na próxima semana, pois os mercados liberalizados ditam que as alterações nos preços internacionais (oil price) se reflictam de forma quase instantânea nos preços aplicados aos consumidores finais, sejam particulares ou empresas.Por um lado a apreciação da moeda única dificulta seriamente os negócios dos exportadores europeus. Por outro, a subida do preço do petróleo (oil price), além de penalizar as empresas, pesará cada vez mais na carteira dos consumidores, sobretudo nos países mais afectados pelo endividamento, onde o desemprego é um problema estrutural grave e onde a produtividade tarda em descolar – é o caso da economia nacional. Em Portugal, o duplo impacto do euro/petróleo está a ser especialmente prejudicial porque a economia é totalmente dependente do petróleo que importa e porque desperdiça a maior parte dessa energia que compra. Ribeiro da Silva e Eduardo Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, estimam que o desperdício represente 60% da energia consumida.
Para Caleia Rodrigues, “os preços do petróleo vão continuar a galopar e Portugal está numa situação particularmente frágil”. “É uma economia pequena e dependente que sentirá dificuldades acrescidas nos próximos tempos. O custos dos transportes vão continua em alta, os da alimentação também, e é de prever uma retracção no turismo por causa dos preços das passagens aéreas”.
As cotações vão permanecer acima dos 100 dólares “porque faltam inovações tecnológicas e alternativas energéticas com aplicação em larga escala”, sublinhou Pereira de Miranda.
Caleia Rodrigues observa que “os grandes produtores até podem ter muitas reservas, mas ninguém está a investir para extrair esse petróleo porque o custo é cada vez mais elevado”.
Três indústrias sob alta pressão em Portugal
Transportes
O sector dos transportes é o calcanhar de Aquiles da economia portuguesa, já que absorve cerca de metade do consumo de petróleo. Ineficientes e dependentes da energia importada, os transportes são o eixo de transmissão mais rápido do choque internacional à economia doméstica, seja via preço da gasolina e gasóleo, seja através do transporte de mercadorias.
Alimentação
O preço dos alimentos está a subir de forma imparável, contribuindo por exemplo para um aumento da inflação e para a perda de poder de compra de todos os portugueses, mesmo os de menores rendimentos. Reflecte o custo dos transportes, mas também o advento dos biocombustíveis (movidos a cereais) e a procura cada vez maior das economias emergentes.
Turismo
Em Portugal, o crescimento da economia (a construção, o imobiliário e o sector dos serviços, por exemplo) depende do fluxo de turistas.
Para Caleia Rodrigues, o choque petrolífero vem “comprometer” o negócio das companhias aéreas e por arrasto, o turismo de massas. “O jetfuel está cada vez mais caro, não creio os actuais calendários de voos sejam sustentáveis a prazo”, avisa.
Luis Reis Ribeiro

terça-feira, 24 de junho de 2008

Litro de gasolina pode ultrapassar os dois euros.

Os optimistas antevêem pequenas subidas que colocam o litro a 1,60 euros.

Na sexta-feira passada, o preço do barril de petróleo cotou-se a 132,26 dólares. Se até ao final do ano chegar aos 200 dólares (129 euros), então os portugueses devem preparar-se para pagar bem mais pela gasolina e pelo gasóleo nas bombas de combustível. Este é o cenário mais negro avançado por alguns analistas. Mas existem outros menos pessimistas, que colocam os preços ligeiramente acima dos que são praticados agora.
“Esta (os 200 dólares) é a próxima meta que se pensa que poderá ser atingida. Se isso acontecer, o litro do gasóleo poderá chagar aos 2 euros e a gasolina aos 2,10 ou mesmo aos 2,20 euros. Falam-se de conversações entre a União europeia e os Estados Unidos para colocar um travão na subida, mas se o preço do barril ultrapassar os 150 dólares (97 euros), então também irá chegar aos 200”, disse ao 24horas o economista Miguel Gomes da Silva, especialista nesta área.
Mas também há especialistas que acreditam que o preço do barril não passará muito mais do valor actual. “O Brent tem variações sazonais. Nos últimos anos tem havido uma baixa entre Fevereiro e Março até Junho/Julho e depois volta a subir até Outubro e Novembro. Tem a ver com o Inverno e maiores consumos. Este ano o preço praticamente não baixou e, por isso, imagino que subirá menos. Provavelmente estará nos 160 dólares quando chegarmos ao Inverno”, explicou ao 24horas Caleia Rodrigues, consultor na área de energia.
Também Pedro de Almeida, consultor no domínio da previsão dos preços de petróleo, acredita que “o que se pode esperar são preços próximos dos actuais”:”O preço é provocado pela escassez. É uma questão sem solução, porque todos os países já passaram pelo pico da produção. A única forma de controlar o consumo é pelos preços. É possível que o litro do gasóleo e da gasolina oscile entre os 1,40 e 1,60 euros”.
Ana Maia
24horas
23.Junho.2008
ana.m.maia@24horas.com.pt

Hábitos vão ter de mudar (24 horas, 23.Junho.2008)

As implicações da subida do preço do petróleo vão além do valor a que iremos pagar os combustíveis. “A estrutura social foi feita com base no petróleo barato. As pessoas vivem a 40 quilómetros do trabalho e ainda têm de levar os filhos à escola. A forma de vida terá de ser alterada”, sublinha Caleia Rodrigues.
O mesmo alerta deixa Pedro de Almeida: “Ainda estamos no princípio dos efeitos do preço dos combustíveis. As pessoas vão sofrer muito por causa de empresas a fechar, falta de emprego e aumento do preço dos alimentos”.
24horas
23.Junho.2008

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Avançar com um imposto sobre as petrolíferas pode ser bom para os consumidores, mas poderá revelar-se um desastre a médio prazo. É a opinião do especialista na análise do mercado global de petróleo, José Caleia Rodrigues.

Em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”, o Presidente da Comissão Europeia disse que não se opunha a um imposto sobre as petrolíferas, o que, para Caleia Rodrigues é uma solução que poderia tornar ainda mais vulneráveis as empresas europeias.“Quando se está a penalizar as empresas europeias que só são distribuidoras ainda lhes estão a retirar mais capacidade de manobra. Eu não quero dizer que não possa haver, nalgumas situações, lucros excessivos. Mas, o que tem vindo a acontecer é que cada vez mais se retira poder às empresas europeias que cada vez conseguem menos competir internacionalmente” – explicou o especialista.
Por sua vez, o Presidente da ANAREC, Augusto Cymbron, não concorda com a eventualidade de ser cobrado um imposto às petrolíferas.
Cymbron defende antes o fim da liberalização de preços das gasolinas.Também José Horta, da Associação Portuguesa das Empresas Petroliferas, diz que taxar as companhias não terá efeitos positivos junto do consumidor.
Já a DECO - pela voz de Jorge Morgado - sustenta que a eventual nova taxa seria desfavorável para os consumidores apesar dos benefícios para as contas do Estado.

Rádio Renascença
19-06-2008 13:15

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O choque petrolífero vai custar ao país sete mil milhões de euros – 4,5% do PIB – o valor mais alto desde a crise dos anos 80.
Este ano, o choque petrolífero em curso deverá custar à economia portuguesa mais de sete mil milhões de euros, cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), e isto considerando apenas a despesa directa com petróleo bruto. É o valor mais alto desde a crise dos anos 80.
Cálculos com base nos dados mais recentes da British Petroleum (BP) e nas previsões oficiais para a cotação do barril (115,5 dólares) e do euro (1,54 dólares) mostram que a factura energética deverá subir 30% em 2008, assumindo que o consumo recua – o que já está a acontecer. Caso o consumo se mantenha nos níveis de 2007 ou o euro perca valor, o quadro será mais adverso. Do lado da cotação do crude, os especialistas consideram estarem reunidas as condições para que os preços continuem em alta: a procura cada vez mais forte das economias emergentes e a incapacidade de produzir mais com a tecnologia disponível. A BP confirma-o: em 2007, o consumo superou a oferta e a diferença foi a maior de sempre.
Os analistas consideram que o enfraquecimento do consumo é o cenário mais plausível, tendo em conta as previsões de fraco crescimento do PIB (1,5%), perda de poder de compra e dificuldades na actividade das empresas. “O choque em curso é demasiado grande para que não haja efeitos negativos no consumo. Foi assim em 2006 [compras de crude caíram 9%], será assim este ano”, defende José Caleia Rodrigues, especialista em energia.
A factura de 7,6 mil milhões de euros a ser paga pelos portugueses pressupõe que o consumo de petróleo cai 7%, ligeiramente menos do que a quebra de 2006, já o choque petrolífero tinha três anos – começou no ano da invasão do Iraque. A conta energética de Portugal em 2008 deverá ser, assim, a mais alta desde a crise da primeira metade dos anos 80, quando a factura disparou até 8,5% do PIB no rescaldo dos dois primeiros choques (1973 e 1978) e de uma grave recessão da economia nacional (entre 1982 e 1983). Se o consumo de petróleo ficar nos valores de 2007 (110 milhões de barris anuais), o problema será mais grave, custando 5% do PIB.
A dependência, a ineficiência e as soluções
O euro tem sido decisivo para amortecer os danos do choque ao longo dos últimos anos: se Portugal comprasse petróleo directamente em dólares pagaria mais 48% pelos mesmos barris, em 2008.
Segundo a BP, Portugal era, em 2007, o sexto país do mundo mais dependente de petróleo e o terceiro mais exposto da Europa e Eurásia. O petróleo pesa 60% no consumo total de energia primária (onde se incluem também gás natural, carvão e barragens, mas não entram fontes renováveis como a solar e eólica). Os mais dependentes desta região são a Grécia e Irlanda, mostra a BP.
“Em Portugal, a estratégia de política económica continua a passar pela construção de estradas e de incentivo ao transporte rodoviário. Assim nunca podemos esperar que a situação melhore”, acusa João Cantiga Esteves, economista e professor do ISEG. Eduardo Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, refere que o maior problema do país é a ineficiência pois “o maior recurso energético está na energia que se desperdiça, cerca de 60% do total”. O catedrático aponta ainda outros bloqueios sérios como a falta de regulação na construção de edifícios ou os sistemas de transportes obsoletos.
“São precisas medidas de efeito imediato sobre o sector dos transportes, a circulação e a ocupação automóvel, por exemplo, e outras de médio/longo prazo, como o ordenamento das cidades e dos subúrbios ou a regulamentação para uma maior eficiência dos edifícios”, exemplifica Nuno Ribeiro da Silva, economista especializado em energia. Acusa ainda “as empresas de transportes públicos de nem sequer tentarem ser eficientes”. “Se não é numa altura de crise como esta que vivemos que chamamos as pessoas para os transportes públicos, não estou a ver quando será”, observa.O petróleo não é todo igual

Petróleo convencional - Custa 9 euros por barril
É o petróleo clássico, mais leve e fácil de refinar. Produzi-lo custa apenas 9 dólares por barril. Tem dois problemas: está a acabar em alguns países (Arábia Saudita) e é amplamente controlado pela OPEP.

Areias betuminosas - Custa 23 dólares por barril
É a riqueza inexplorada do Canadá. Se a tecnologia fosse viável, o país seria o segundo maior produtor do mundo. Produzir um barril deste petróleo custa 23 dólares e é altamente poluente.

Petróleo pesado - Custa 18 dólares por barril
É pesado e está mais fundo. É o crude mais comum nos mares do Brasil e Venezuela. Daí os elevados investimentos que a Galp tem de fazer para chegar até ele. Custa mais do dobro a produzir do que o normal.
Recuperação de poços - Custa 16 dólares por barril
Para aproveitar os poços hoje existentes até à última gota é preciso investir e poluir bastante. Um barril deste petróleo custa quase o dobro face ao crude normal e polui 70% mais.

Diário Económico
Alternativas energéticas 2008-06-18 00:05
Luís Reis Ribeiro

terça-feira, 17 de junho de 2008

Nos últimos 12 meses, o aumento do preço de gasóleo foi quatro vezes maior do que o aumento do preço da gasolina. Dados da Direcção Geral de Energia, correspondentes ao final de Maio, mostram que, num ano, o gasóleo aumentou 33% e a gasolina, 8%.
Os especialistas garantem que os impostos e a escalada do preço do barril de petróleo não explicam esta diferença. O problema, dizem, está nas refinarias desactualizadas, como explica a jornalista Catarina Almeida Pereira.
Os especialistas dizem que o preço do gasóleo deve continuar a subir, até porque o custo de produção, sem impostos, já é superior ao da gasolina. O secretário-geral da Apetro, José Horta, lembra que a diferença de preços não foi tão grande nos primeiros quatro meses do ano.
Mas se é grande, agora, é porque essa é a tendência dos mercados internacionais. O secretário-geral da Apetro afirma que a falta de gasóleo é um problema estrutural de toda a Europa. Para resolver o problema, será preciso investir em soluções alternativas.
Mas, para o especialista em petróleo, Caleia Rodrigues, as empresas não têm condições no contexto actual. No final de Maio, a diferença de preços entre gasóleo e gasolina era de apenas de 7 cêntimos.
A manter-se esta tendência, o preço do gasóleo deverá ultrapassar o preço da gasolina, de acordo com a opinião do especialista.

Rádio Clube Português
Economia - 09-06-2008

domingo, 15 de junho de 2008

A Arábia Saudita vai aumentar a sua produção de petróleo para mais 200 mil barris por dia em Julho, para responder à procura, disse hoje o secretário-geral da ONU, no final de uma visita ao país.
"Os sauditas responderão positivamente sempre que houver um pedido dos clientes para que não se verifique uma situação de escassez", referiu Ban Ki-moon.
A Arábia Saudita aumentou a sua produção este mês em 300 mil barris de petróleo por dia e prepara-se para colocar no mercado mais 200 mil.
Esta decisão anunciada hoje deverá elevar a produção da Arábia Saudita de 9,45 milhões de barris por dia para 9,75 milhões de barris por dia.
Horas antes, depois de se reunir com o rei Abdallah, Ban disse à imprensa que o monarca saudita considera que os preços do petróleo estão "anormalmente altos" e tudo fará para os remeter a "níveis aceitáveis".
"Ele acha que os preços do petróleo estão anormalmente altos devido a factores especulativos e a políticas de alguns governos", disse o secretário-geral, acrescentando que Abdallah "está disposto a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para fazer baixar o preço do petróleo para níveis convenientes".
A Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo ao mundo, decidiu acolher na próxima semana em Djeddah uma reunião dos principais países produtores e consumidores para discutir sobre o aumento do preço do barril, que registou no passado dia 6 um recorde absoluto de 139,12 dólares em Nova Iorque.
Para o Professor José Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, esta é uma notícia que pode aliviar a tensão actual.
No entanto, trata-se de um valor insuficiente para fazer baixar de forma significativa o custo do petróleo nos mercados internacionais, diz José Caleia Rodrigues, em declarações à Renascença.

Rádio Renascença
15-06-2008 18:19

Especialista afirma que aumento da produção de petróleo pela Arábia Saudita não levará a uma descida de preços

A Arábia Saudita vai aumentar a produção de petróleo para responder ao aumento da procura internacional, face ao aumento do preço dos combustíveis. Este é o segundo aumento decidido pelo reino saudita, que a partir do próximo mês passa a produzir mais de 200 mil barris por dia. Esta foi uma decisão que mereceu o aplauso do secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, mas na opinião do economista José Caleia Rodrigues - especialista em mercados petrolíferos - esta medida não vai originar uma descida do preço do petróleo.

RTP – Antena 1
15.Junho.2008

terça-feira, 10 de junho de 2008

Quem encher hoje o depósito do carro já vai conseguir poupar alguns euros. A Galp baixou, esta madrugada, o preço do gasóleo em meio cêntimo, naquela que foi a segunda redução em apenas uma semana, passando este produto a ter um preço médio de referência de 1,40 euros. Em comunicado, a petrolífera explica que esta situação se deve à tendência de quebra do preço do barril nos mercados internacionais.
No entanto, apesar de estar a baixar, as oscilações do preço do crude continuam. Depois de ter atingido o máximo dos 135 dólares por barril, ontem o preço do crude chegou aos 122 dólares, mas acabou por fechar a subir 5 %, nos 127 dólares. De acordo com a Bloomberg, a causa foi uma nova quebra do dólar face ao euro, devido à ameaça de que as taxas de juro podem aumentar para reduzir a inflação.
E é exactamente por causa destas oscilações que a BP se mantém cautelosa. Fonte da petrolífera britânica admitiu ontem ao Diário Económico que também pode vir a baixar os preços, mas apenas se houver “uma descida sustentada do preço do crude”. “Logo que o preço dos produtos refinados baixar isso terá de reflectir-se no preço final dos combustíveis”, disse a mesma fonte. A BP baixou, ligeiramente, os preços do gasóleo no dia 4 de Junho.
Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico e especialista em energia, acredita que “está aberto o caminho para descer o preço dos combustíveis”, mas que tal não acontecerá de uma forma tão rápida como foi aquando da subida dos preços. No entanto, Para o economista José Caleia Rodrigues, esta redução do preço, não é mais do que sazonal. “O lógico será haver uma descida razoável, mas depois subirá até aos preços actuais em Dezembro. Nunca mais vamos chegar aos preços de há um ano”, reparou, acrescentando que também nunca mais “vamos ter o petróleo abaixo dos 110 euros”. “Se baixar, no máximo será até aos 110 ou 115 dólares por barril de crude”, referiu.
A razão é simples, explica. “Há muita falta de petróleo e vão ser precisos investimentos astronómicos para novas descobertas”. Que é o que se passa no Brasil, mais precisamente no poço Tupi e circundantes, ou, por exemplo, na Rússia. “A Rússia vai ter de investir cerca de 650 mil milhões de euros em 20 anos para poder continuar com uma produção idêntica à que tem agora. Vai precisar de 32 mil milhões de euros anuais para produzir 8,5 milhões de barris diários, o que dá 13 euros por barril, só para produzir”, disse o economista. A este valor ainda temos de junta o preço da extracção, que está entre os 12 e os 14 euros e, depois, a armazenagem, transporte e segurança, o que leva o preço final a aumentar, concluiu.

Diário Económico
6 de Junho de 2008
Ana Baptista