terça-feira, 10 de junho de 2008

Quem encher hoje o depósito do carro já vai conseguir poupar alguns euros. A Galp baixou, esta madrugada, o preço do gasóleo em meio cêntimo, naquela que foi a segunda redução em apenas uma semana, passando este produto a ter um preço médio de referência de 1,40 euros. Em comunicado, a petrolífera explica que esta situação se deve à tendência de quebra do preço do barril nos mercados internacionais.
No entanto, apesar de estar a baixar, as oscilações do preço do crude continuam. Depois de ter atingido o máximo dos 135 dólares por barril, ontem o preço do crude chegou aos 122 dólares, mas acabou por fechar a subir 5 %, nos 127 dólares. De acordo com a Bloomberg, a causa foi uma nova quebra do dólar face ao euro, devido à ameaça de que as taxas de juro podem aumentar para reduzir a inflação.
E é exactamente por causa destas oscilações que a BP se mantém cautelosa. Fonte da petrolífera britânica admitiu ontem ao Diário Económico que também pode vir a baixar os preços, mas apenas se houver “uma descida sustentada do preço do crude”. “Logo que o preço dos produtos refinados baixar isso terá de reflectir-se no preço final dos combustíveis”, disse a mesma fonte. A BP baixou, ligeiramente, os preços do gasóleo no dia 4 de Junho.
Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico e especialista em energia, acredita que “está aberto o caminho para descer o preço dos combustíveis”, mas que tal não acontecerá de uma forma tão rápida como foi aquando da subida dos preços. No entanto, Para o economista José Caleia Rodrigues, esta redução do preço, não é mais do que sazonal. “O lógico será haver uma descida razoável, mas depois subirá até aos preços actuais em Dezembro. Nunca mais vamos chegar aos preços de há um ano”, reparou, acrescentando que também nunca mais “vamos ter o petróleo abaixo dos 110 euros”. “Se baixar, no máximo será até aos 110 ou 115 dólares por barril de crude”, referiu.
A razão é simples, explica. “Há muita falta de petróleo e vão ser precisos investimentos astronómicos para novas descobertas”. Que é o que se passa no Brasil, mais precisamente no poço Tupi e circundantes, ou, por exemplo, na Rússia. “A Rússia vai ter de investir cerca de 650 mil milhões de euros em 20 anos para poder continuar com uma produção idêntica à que tem agora. Vai precisar de 32 mil milhões de euros anuais para produzir 8,5 milhões de barris diários, o que dá 13 euros por barril, só para produzir”, disse o economista. A este valor ainda temos de junta o preço da extracção, que está entre os 12 e os 14 euros e, depois, a armazenagem, transporte e segurança, o que leva o preço final a aumentar, concluiu.

Diário Económico
6 de Junho de 2008
Ana Baptista