quarta-feira, 21 de maio de 2008

Já todos tomámos consciência de que a imparável escalada de preços do petróleo bruto nada tem a ver com crises.
Não é passageira nem localizada. É generalizada e motivada por tantos e tais parâmetros que não se consegue descortinar onde irá parar, que consequências arrastará e como nos iremos encontrar quando o mercado voltar a estabilizar. Com a procura sem abrandamento, o eventual esforço europeu ocidental de redução do consumo não conseguirá compensar os aumentos localizados na China e noutras economias em plena expansão. Já não falamos das implicações geopolíticas que só têm consequências pelo facto de não se dispor, actualmente, de suficiente reserva de capacidade extractiva, disponível nos produtores a actuar no terreno. A fraqueza do dólar é mais um elemento de ponderar. E quando o dólar elevar a paridade face ao Euro? Esta situação a juntar às anteriores causa preocupação. Tanto mais que os Orçamentos de muitos Estados de países dependentes da importação de petróleo bruto ainda se vão compondo com receitas de impostos aplicados ao produto. Porém, é bem sabido que, se a redução de tais impostos pode provocar carência de recursos ao Estado, com a panóplia de consequências sociais que podem, no limite, interferir com a sua segurança e soberania, a continuidade da sua manutenção pode estrangular o desenvolvimento económico. De uma coisa podemos estar certos: quanto mais tarde vier o remédio, mais difícil será curar a moléstia.
José Caleia Rodrigues, Consultor na área do petróleo