quinta-feira, 6 de março de 2008


Com os seus 1.300 milhões de habitantes e um explosivo crescimento económico, a China tornou-se no segundo maior importador e consumidor mundial de petróleo, logo a seguir aos Estados Unidos.
Ao atingir este patamar de consumo, teve que envidar os maiores esforços no sentido de encontrar novos fornecedores no mercado externo que lhe consigam assegurar a manutenção do ritmo evolutivo da sua economia que se expandiu à exorbitante taxa anual de 9,7 por cento no primeiro semestre do corrente ano.
O consumo de petróleo na China entrou, de facto, numa espiral de crescimento e a escassez deste produto converteu-se na maior barreira à continuidade do seu desenvolvimento económico. Os responsáveis chineses têm anunciado que temem que o seu saldo negativo em petróleo bruto possa vir a atingir os 250 milhões de toneladas anuais em 2020, dado que produção interna não poderá garantir mais que os 44 por cento da procura interna perspectivada.
Relembre-se que o seu consumo de petróleo atingiu as 252,3 mm tons em 2003, correspondente ao valor médio diário de cerca de 5,1 milhões de barris. Porém, o que se torna preocupante para o mercado petrolífero global é que se espera que chegue a atingir um consumo de 6,19 milhões de barris/dia ainda este ano, dos quais cerca de um terço será importado, de acordo com as projecções da US International Energy Agency.
Este inusitado aumento de consumo obrigou a um consequente aumento das importações, que se espera, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministro do Comércio da China, irão atingir as 110 mm tons ainda este ano, correspondendo a um aumento superior aos 21 po cento, em relação ao ano passado. O valor das importações de petróleo, realizadas em 2003, cifrou-se em 91,12 mm tons, avaliadas em USD 5,86 biliões.
Neste particular, a Rússia surge como o quarto maior fornecedor de petróleo à China, apenas antecedida pelo Irão, Arábia Saudita e Omã, seus grandes parceiros nesta estratégica matéria.
A posição russa neste leque de fornecedores deve vir a tornar-se ainda mais importante, dado que existe a intenção de instalar um novo oleoduto sino-russo, a partir da Sibéria Oriental, direccionado a Nakhodka, contemplando uma derivação capaz de transportar 30 mm tons anualmente para a chinesa Daging e 50 mm tons para o porto marítimo de Perevoznaya.
Além dos importantes acordos estabelecidos com a Arábia Saudita e com o Irão, a petrolífera chinesa Sinopec (China Petroleum & Chemical Corporation) assegurou nova joint-venture, no passado mês de Março, com a saudita Aramco, para exploração de um bloco de 23.612 milhas quadradas, garantindo a obtenção de mais 2.800 barris diários a partir dos cinco furos contratados.
Na sua procura de novos fornecedores, a China assinou, recentemente, acordos com o Kazaquistão (novo oleoduto com 914 km de extensão), com a Síria (novo campo petrolífero), com o Turquemenistão (reconstrução de poços petrolíferos) e com o Kyrgistão (desenvolvimento de campos petrolíferos a grandes profundidades).
De salientar o acordo de partenariato estabelecido, no passado mês de Junho, entre a chinesa Sinopec e a brasileira Petrobras, para e exploração de campos petrolíferos em território chinês, dando início a um significativo estreitamento das relações políticas e económicas entre os dois países. Deste modo, a Sinopec torna-se na primeira empresa asiática a assinar um acordo com a Petrobras, garantindo, pelo seu lado, o investimento de USD 5 biliões em infraestruturas e logística do sector energético brasileiro.
Porém, será a implementação do oleoduto sino-russo que tem vindo a ser negociado desde há anos, que se irá tornar em mais do que um símbolo entre os dois países, dado que pode jogar um duplo e importante papel: proporcionar à China o lançamento da sua base industrial no nordeste e permitir à Rússia o desenvolvimento da sua região mais oriental. Esta via tem-se debatido com a reacção de vários quadrantes políticos russos que não vêm com bons olhos o futuro do poder e do crescimento económico deste seu vizinho e com a concorrência do dependente Japão que tem envidado os maiores esforços na obtenção de um oleoduto alternativo a partir da mesma região russa, apresentando completa disponibilidade para investimento e financiamento dos campos petrolíferos da Sibéria oriental, qualquer coisa como 7,54 biliões de dólares.




Destaques:

Com os seus 1.300 milhões de habitantes e um explosivo crescimento económico, a China tornou-se no segundo maior importador e consumidor mundial de petróleo.

O consumo de petróleo na China entrou numa espiral de crescimento e a escassês deste produto converteu-se na maior barreira à continuidade do seu desenvolvimento económico.

Porém, o que se torna preocupante para o mercado petrolífero global, é que se espera que a China chegue a atingir um consumo de 6,19 milhões de barris/dia ainda este ano, dos quais cerca de um terço será importado.


J. Caleia Rodrigues
Revista Actualidade (CCILE)
Setembro/Outubro.2004