domingo, 10 de setembro de 2017
Presidente da Partex: Papel tradicional da OPEP já "não funciona" Lusa03 Mai, 2016, 14:35 / atualizado em 03 Mai, 2016, 14:36 | Economia O presidente da Partex considerou hoje que o papel tradicional que a OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo tinha já "não funciona" e apontou o papel dos Estados Unidos nesta área. António Costa Silva falava numa mesa-redonda subordinada ao tema "Petróleo, geopolítica e consumidores", no VI Congresso da APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, que decorre até quarta-feira em Lisboa sob o mote "Crescer com o consumidor". "O papel tradicional que a OPEP tinha hoje em dia não funciona", afirmou o presidente da Partex, apontando que os Estados Unidos assumiram o papel de grande produtor mundial de gás e petróleo. "E é isto que está a mudar a geopolítica do petróleo", acrescentou António Costa e Silva, que sublinhou que os Estados Unidos, enquanto "superpotência da energia", estão a "reconfigurar o sistema". Por outro lado, o presidente da Partex alertou para a atual situação dos países do Médio Oriente, nomeadamente da Arábia Saudita, que era considerado "o grande banco do petróleo". "Estamos a assistir à desintegração do Médio Oriente", salientou António Costa Silva, perante a atual situação económica, política e social daquela região do globo. Para Miguel Monjardino, especialista em relações internacionais, "todo o modelo de produção petrolífera saudita vai mudar". Por sua vez, José Caleia Rodrigues, perito em geopolítica do petróleo, salientou que os Estados Unidos "vão passar a ser concorrentes da Arábia Saudita e da Federação russa". O petróleo, disse, "deixou de ser um produto escasso, perdeu valor, continua a ser um produto estratégico, mas deixou de ser uma arma política", considerou Caleia Rodrigues. No caso de Angola, considerou que o seu petróleo já "não é considerado indispensável", já que há alternativas. Para o presidente da Partex, Angola "cometeu um erro estratégico em apostar no `offshore` [exploração petrolífera no mar]", em vez de equilibrar com o `onshore` [em terra], e apontou que o país não soube capitalizar a agricultura e os diamantes têm um peso pequeno na economia. Segundo Manuel Santos Vítor, advogado da PLMJ, a Europa, ao contrário dos Estados Unidos, não está apostada na exploração de gás e petróleo de xisto devido aos obstáculos a este desenvolvimento (incluindo ambientalistas). Em contrapartida, tem apostado nas energias alternativas. De acordo com o presidente da Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis, que na próxima semana divulga o `ranking` do setor, "as vendas de gasóleo" em Portugal "têm aumentado ligeiramente e as da gasolina têm estagnado". Segundo Paulo Carmona, o mercado dos combustíveis em Portugal "está a funcionar relativamente bem" e "existe uma efetiva concorrência no mercado do retalho".