quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, prevê novas subidas nos preços do crude no final de 2009.
Caleia Rodrigues faz uma análise do ano de 2008 nos mercados petrolíferos.

José Caleia Rodrigues, especialista em geopolítica do petróleo, disse, esta quarta-feira, à TSF acreditar que a tendência de redução do preço do petróleo continue nos próximos tempos, apesar de prever que 2009 termine com novas subidas nos valores do crude.
«Não se está a ver o fim desta crise, logo podemos esperar que ainda haja alguma redução» no preço do petróleo, disse José Caleia Rodrigues, numa altura em que o custo do crude nos mercados norte-americanos terminou o ano com um perda de 60 por cento em relação ao máximo de 147 dólares atingido em Julho.
No entanto, «a médio prazo vamos ter grandes dificuldades» no acesso ao crude, inclusive devido à «carência no mercado», já que o petróleo «não se gera, só se extrai», alertou o especialista, chamando a atenção para a falta de investimentos na procura de petróleo.
Neste sentido, Caleia Rodrigues prevê «dificuldades no mercado geradas pela oferta e procura» a médio prazo.
José Caleia Rodrigues considerou ainda que 2008 foi um ano único na história do mercado petrolífero, como os preços «sempre a subir» durante o primeiro semestre e praticamente «sempre a descer» nos últimos seis meses.
Na análise do especialista em geopolítica do petróleo, tudo se explica com o facto de o crude ter deixado de ser uma «simples matéria-prima», passando a ser um «produto financeiro» que não está imune às vontades dos grandes investidores.
«A redução do preço não se ficou a dever a boas razões, como o aumento da produção ou da eficiência energética, mas antes a causas financeiras e à redução da procura, decorrente da redução da actividade económica», acrescentou.
Entretanto, ao final da manhã desta quarta-feira, o barril de petróleo estava a ser transaccionado a 37,20 dólares no mercado norte-americano e a 38,44 dólares no mercado londrino, que serve de referência para Portugal.

TSF, Rádio Notícias
31.Dez.2008 - 12:43

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O preço do barril de petróleo está a subir, antecipando um corte drástico na produção.

A Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) deve anunciar hoje uma redução que pode chegar aos dois milhões de barris por dia, a maior em quase duas décadas.Trata-se de uma manobra para ajustar a oferta à procura, mas também para pressionar a subida dos preços, que têm estado pouco acima dos 40 dólares.
O grupo dos doze países que controla mais de um terço de toda a produção mundial vai tomar a decisão numa reunião extraordinária que vai decorrer na Argélia, e na qual Angola vai assumir a presidência rotativa da organização.
Na opinião de Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, apesar de mais este corte na produção, o preço do petróleo não deverá subir de forma acentuada no breve prazo, por causa da crise económica mundial.

Rádio Renascença
17-12-2008 11:39
AC

domingo, 14 de dezembro de 2008

No segundo painel da manhã da Expo Energia, José Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, referiu que a crise energética «é fonte de instabilidade interna e de insegurança», acrescentando que «os Estados têm a obrigação de garantir o direito de acesso à energia antes que a carência gere conflitos armados».

Para isso, disse Caleia Rodrigues, é necessário alterar os actuais padrões de produção e consumo energético nos países desenvolvidos, que «não poderão continuar por muito mais tempo». O especialista vincou que «a imitação destes padrões por parte dos países em desenvolvimento irá causar irreparáveis danos».

Ambiente online
Paula Malheiro
2008-11-25

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Se não houver investimento em novas capacidades, petróleo terá preços exorbitantes"
José Caleia Rodrigues é especialista em questões petrolíferas e já publicou vários livros sobre o tema. Em entrevista telefónica ao Negócios, salienta que as actuais cotações do petróleo congelaram o investimento em novas capacidades de produção, o que levará a uma escassez no mercado e à consequente subida dos preços para níveis exorbitantes.

José Caleia Rodrigues é especialista em questões petrolíferas e já publicou vários livros sobre este tema, que acompanha também no seu blog. Em entrevista telefónica ao Negócios, salienta que as actuais cotações do petróleo congelaram o investimento em novas capacidades de produção, o que levará a uma escassez no mercado e à consequente subida dos preços para níveis exorbitantes.

Por que está o petróleo tão barato?
Os preços do petróleo estão a descer pelas más razões: uma diminuição da procura, em consequência da redução da actividade económica. As boas razões seriam que a procura diminuísse por vontade dos consumidores ou pelo aumento da eficiência energética.

E que pode acontecer, com os actuais preços?
Este abanão no sector petrolífero é grave, já que paralisou todo o investimento. Há quatro anos que os grandes extractores mundiais vêm a reduzir a entrega de petróleo ao mercado. Isso é grave. Um dos grandes produtores clássicos, a Arábia Saudita, tem o maior poço de petróleo do mundo agora com taxas de esgotamento enormes. Há um programa de investimento para lançar 300 novos poços numa bacia mais pequena, mas está suspenso, à espera de oportunidade para ser relançado. A Arábia Saudita não tem hoje capacidade de aumentar nem de manter a sua produção.

Que nível de preços seria desejável? A OPEP fala em 70-80 dólares...
O nível entre os 60 e os 70 dólares é o mínimo para que um projecto de exploração seja rentável. Ou seja, será preciso que o crude volte a esses níveis para se relançar o investimento, congelado já há muito tempo. E, mesmo assim, nada garante que um gestor considere encorajador incentivar accionistas a investirem em projectos de exploração petrolífera se os preços estiverem entre os 60 e os 70 dólares, já que se trata de uma área muito arriscada. É que quem investe, sabe que demorará 10 a 12 anos até que uma nova exploração atinja a velocidade de cruzeiro e nunca se sabe a que preço vai poder vender, nem que quantidade exacta de bom produto é que vai obter.

E se não houver investimento no futuro próximo?
Aos preços actuais, o investimento parou. E é de salientar que a década de 90 já tinha congelado o investimento, pois foi um período que esteve a rentabilizar o investimento que tinha sido feito. Depois, esse investimento recuperou um pouco em 2000, mas voltou a cair. Por isso, há muito tempo que não há investimento. E se as coisas se mantiverem neste pé, irá haver uma forte escassez de petróleo no mercado e a que os preços atinjam níveis exorbitantes. O que levará a dois cenários: quem puder pagar, pagará a qualquer preço; quem não puder pagar, terá graves situações sociais e de segurança interna.
Isto é um drama. O produto vai escassear. Está previsto que entre 2010 e 2012 haja uma escassez do produto no mercado se não houver novas descobertas e investimento. A Agência Internacional da Energia diz que é preciso investir 150 mil milhões de dólares por ano em novas explorações.
Quando o “pipeline” russo para a China estiver a funcionar, no Outono de 2009, a coisa ainda vai ficar mais feia. Nessa altura, irá ser canalizado mais um milhão de barris por dia para a China. Alguém vai ter que pagar. Alguém vai ter menos petróleo. Se a China vai ter mais um milhão de barris, alguém terá que ter menos esse milhão e será alguém que não o possa pagar.

E quanto ao desenvolvimento de energias renováveis?
As energias alternativas não resolvem o problema, não põem o mundo a funcionar. Só o que puder ser movido a electricidade é que vai beneficiar delas.
Será nos transportes de longo curso que vai haver um maior consumo de combustíveis fósseis. Os barcos não vão andar todos a energia nuclear e os aviões não vão andar como a passarola de Bartolomeu de Gusmão. A energia eléctrica, por exemplo, é viável para os transportes de vaivém diário entre as cidades e as periferias. Mas não para os transportes de longo curso e estes são indispensáveis para manter a globalização. Vão ser precisos mais combustíveis fósseis, a menos que se acabem os transportes internacionais e as trocas comerciais.

Jornal de Negócios on line
10.Dezembro.2008
Carla Pedro
cpedro@mediafin.pt

Até quando vai a crise anular a alta dos preços do petróleo?

A recessão eclipsou quatro anos de subida do petróleo. Ao mesmo tempo, o mundo vira-se para energias alternativas. Mas a dependência da matéria-prima está longe do fim. E o preço baixo pode ser efémero e ter efeitos perversos.

Mudança verde de Obama não afasta cenário sombrio

O plano de investimento em infra-estruturas avançado esta semana por Barack Obama para reanimar a economia americana fez disparar o preço do petróleo e o valor em bolsa das petrolíferas. Mas a agenda de mudança do Presidente eleito dos EUA é outra. A aposta vai para a diminuição da dependência daquela matéria-prima, substituindo-a pelas energias renováveis. Mas é improvável que este esforço pelo maior consumidor de crude do mundo seja capaz de impedir o regresso do preço a níveis recorde.
Aos primeiros sinais de contaminação da crise financeira à economia mundial, a cotação do petróleo inverteu a tendência. Quando a palavra recessão passou a lugar comum no discurso de economistas e responsáveis políticos, a matéria-prima já perdera metade do seu valor. Hoje, mais de 100 dólares separam o preço actual do recorde registado em Julho, com os especuladores a desertarem e o mercado a ajustar à diminuição da procura.
Pela primeira vez desde o início dos anos 80 do século passado, ou seja, desde o último grande choque petrolífero, o consumo mundial de petróleo pode recuar em dois anos consecutivos. Num relatório ontem divulgado, o departamento norte-americano de Energia estimou uma quebra de 50 mil barris po dia em 2008 e de 450 mil em 2009 na procura global de petróleo. Em Novembro, a mesma fonte previu que só nos Estados Unidos a procura do “ouro negro” cairá 1,3% no próximo ano, depois de uma quebra estimada de 5,4% no final deste.
"Os preços do petróleo estão a descer pelas más razões: uma diminuição da procura, em consequência da redução da actividade económica. As boas razões seriam que a procura diminuísse por vontade dos consumidores ou pelo aumento da eficiência energética", considera Caleia Rodrigues, especialista e autor de vários livros sobre o petróleo.
É esse o rumo que o mundo agora procura. Obama fez das energias renováveis uma das bandeiras da campanha à Casa Branca. Prometeu libertar a nação da dependência dos combustíveis fósseis através da promoção de fontes alternativas, gastar 15 mil milhões de dólares em tecnologias limpas e criar cinco milhões de "empregos verdes" na próxima década. O futuro Presidente quer também assegurar que no final do seu primeiro mandato, 10% da electricidade consumida nos EUA venha de fontes renováveis como a eólica, solar e geotérmica, e colocar em circulação até 2015 um milhão de carros eléctricos, de preferência fabricados nos Estados Unidos.
Apesar de não ter divulgado ainda pormenores do plano de estímulo económico em preparação para aprovar logo quer tome posse a 20 de Janeiro do próximo ano, Obama confirmou segunda-feira que este pacote incluirá a política energética. O plano global de estímulo pode ascender a 700 mil milhões de dólares, incluirá o maior investimento público em infra-estruturas desde os anos 50 e, segundo estimaram defensores das tecnologias limpas ao “Wall Street Journal”, a componente “verde” pode representar 50 mil milhões ou ascender a 10% do plano global.
Para Caleia Rodrigues, é duvidoso que as energias renováveis sejam a solução. "As energias alternativas não resolvem o problema, não põem o mundo a funcionar". "A energia eléctrica, por exemplo, é viável para os transportes de vaivém diário entre as cidades e as periferias. Mas não para os transportes de longo curso e estes são indispensáveis para manter a globalização. Vão ser precisos mais combustíveis fósseis, a menos que se acabem os transportes internacionais e as trocas comerciais", advertiu.
A manter-se a dependência dos combustíveis fósseis, o preço actual do petróleo representa um risco elevado. "Esta situação é grave porque paralisa todo o investimento", afirma o especialista. Só com preços entre 60 e 70 dólares, os gestores podem considerar proporem aos accionistas a aposta em projectos de exploração petrolífera.
Se as coisas se mantiverem neste pé, "irá haver uma forte escassez de petróleo no mercado e os preços atingirão níveis exorbitantes", considera Caleia Rodrigues. O que levará a dois cenários: "quem puder pagar, pagará a qualquer preço; quem não puder pagar, terá graves situações sociais e de segurança interna", salienta.
“Isto é um drama. Está previsto que entre 2010 e 2012 haja uma escassez do produto no mercado se não houver novas descobertas e investimentos. A Agência Internacional de Energia diz que é preciso investir 150 mil milhões de dólares por ano em novas explorações”,
acrescenta o especialista.
Uma vez que ressurja a dinâmica da procura anterior à crise, descobriremos até onde podem subir os preços.

Jornal de Negócios
10.Dezembro.2008
Carla Pedro
António Larguesa

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O aumento do consumo de energia e as ameaças à segurança ambiental estão intimamente ligados às pressões que as populações exercem nos recursos de suporte da vida do planeta.
Encontramo-nos perante uma consequência da desenfreada intensificação e da promoção massificada do consumo do petróleo, seguidas por um período em que o investimento não acompanhou a taxa de crescimento da procura, de tal modo que pode vir a comprometer o desenvolvimento sustentável.
Em face deste panorama, seremos obrigados a conjugar as várias fontes energéticas alternativas disponíveis, utilizá-las racionalmente e compaginar ambiente mais limpo com desenvolvimento económico.
No equilíbrio das várias opções a tomar, residirá a continuidade do bem-estar da civilização, tal como a conhecemos.