domingo, 25 de maio de 2008

Perante a escassez de reservas comprovadas de petróleo bruto convencional e da capacidade de refinação disponível, é feito apelo a novo e substancial investimento no sector.
A não se realizarem investimentos de grande envergadura, envolvendo sectores a montante e a jusante, a produção mundial no ano 2020 será sensivelmente a mesma que se obtinha em 1980.
Porém, a população mundial atingirá quantidade aproximadamente dupla e muito mais industrializada, logo mais dependente do petróleo, do que em 1980. Portanto, a procura mundial por petróleo, ultrapassará largamente o seu ritmo de aumento de produção. Numa situação destas, os preços continuarão a subir incessantemente e as economias dependentes do petróleo para o seu desenvolvimento sustentado implodirão com os consequentes potenciais riscos de confrontações violentas.
Os efeitos consequentes de uma pequena quebra na produção produz efeitos devastadores. Lembremo-nos que, durante os choques petrolíferos da década de 70, a redução da produção atingiu apenas os 5 por cento, causando a quadruplicação dos preços do petróleo convencional. Afortunadamente, a catapultagem desses preços foi temporária e passageira. Por isso foram chamados “choques”.
Segundo as estimativas de muitos analistas, o inevitável decréscimo de produção poderá atingir uma taxa de 8 por cento anuais, Outros até predizem reduções da ordem dos 10 a 13 por cento. Grande parte dos petrofísicos expressam a opinião de que o ano 2007 será o último ano da bonança do petróleo barato, o que conduzirá a uma maior escassez de combustíveis e a um severo aumento de bloqueamentos a começar entre 2008 e 2012.
As chamadas “alternativas” ao petróleo podem ser consideradas, de facto, actualmente como “derivativas”. Sem abundante e seguro abastecimento de petróleo, não parece ser possível alcançar estas alternativas em grau suficiente que energize rapidamente o mundo moderno.
Recordemos que, após uma primeira informação de possibilidade de existência de nova bolsa petrolífera, só as análises sísmicas que permitem determinar a estrutura dos jazigos (rochas-reservatório), quer em quantidade extraível quer em qualidade (densidade, taxas de enxofre, etc.), atingem encargos de não poucos milhões de dólares. Note-se que, actualmente, já se estão a realizar extracções a mais de 3 mil metros de profundidade.
A globalização da economia e a internacionalização das empresas, também poderá ter contribuído para o agravamento do consumo global de combustíveis, dado que os produtos percorrem grandes distâncias desde os locais de produção até chegarem aos mercados consumidores. Daí o recurso à deslocalização dos centros de produção para inserção em locais mais próximos dos consumidores finais.
À guisa do realce da urgência da implementação de novos desenvolvimentos, devemos salientar que são precisos, pelo menos, 12 anos desde a tomada de decisão até à obtenção de taxas correntes de produção a partir do petróleo pesado ou dos xistos betuminosos. Não considerando tempos de revisão do projecto para adaptação às constantes alterações das exigências ambientais a cumprir. Na mesma ordem de ideias, são precisos 15 anos para a aprovação e construção de uma refinaria de processamento de petróleo pesado, mesmo tendo em conta um conhecimento tecnológico disponível e um perfeito respeito pelas normas ambientais. Apesar das esperanças postas no petróleo pesado e extra-pesado, deve ter-se em consideração que só apresentam soluções de satisfação a médio-prazo.
J. Caleia Rodrigues