quinta-feira, 15 de maio de 2008

"O primeiro impacto foi sentido nas bombas de gasolina. Mas são as famílias que vão acabar por assumir os custos das empresas"

Um camião de transporte de mercadorias, com capacidade para 30 paletas, gasta hoje mais 100 euros em gasóleo do que no iício do ano, a percorrer os cerca de 600 quilómetros que separam o Porto de Madrid. Atestar o depósito de 650 litros de um destes camiões custa já 800 euros, mais 20 euros do que na 3ª feira à noite – véspera do aumento de três cêntimos por litro. Estas subidas de custos são assumidas pelas empresas subcontratadas, mas, no final, quem paga é o consumidor.

“Neste momento há uma redução de circulação enorme. Cerca de um terço dos carros estão parados”, diz Carlos Barbosa, presidente do ACP. António Mexia, presidente da EDP, disse ontem à margem de uma conferência, não acreditar que os preços voltem a descer, aconselhando os consumidores a reflectir os aumentos de custos nos hábitos de consumo. Carlos Barbosa acrescenta: “A gravidade dos aumentos é que ninguém explica porquê”.
José Caleia Rodrigues, especialista em questões petrolíferas, reconhece que a relação entre o preço da matéria-prima (petróleo) e o preço dos produtos finais (combustíveis) “é difícil de fazer”. E explica que há diferentes tipos de crude, com viscosidade, densidade, teor de enxofre e acidez diversas, que fazem variar o preço.
Do lado do preço final, as diferenças praticadas pelas gasolineiras em Portugal, são insignificantes. Resta saber porquê.”Os aumentos generalizados são uma prova de que não existe concorrência e a liberalização não foi bem feita”, adianta Jorge Morgado, secretário-geral da DECO. O Ministro da Economia., Manuel Pinho, pediu no final do mês passado à Autoridade da Concorrência que investigasse a situação, mas os resultados estão por apurar.