domingo, 11 de maio de 2008

A produção de petróleo em Angola tem vindo a crescer, de forma imparável, desde o fim da guerra civil, há quase cinco anos. Já atingiu os 1,5 milhões de barris por dia, passando a fazer parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) desde o início deste ano. E, segundo as estimativas da petrolífera angolana Sonangol, poderá ultrapassar a Nigéria como maior produtor africano já em 2008, com mais de dois milhões de barris por dia.
Este crescimento não está, contudo, a traduzir-se no aumento dos fornecimentos a Portugal. O petróleo angolano representa apenas 1% das importações nacionais, um peso que se tem mantido estável nos últimos anos. No entanto, os especialistas admitem que Angola poderá vir a ser um dos principais fornecedores de Portugal nos próximos anos, à imagem do que aconteceu com o Brasil num passado recente.
"Existe um limite técnico, porque o tipo de petróleo angolano ainda exige algum esforço de refinação. A nova refinaria da Galp poderá resolver esta situação", explicou Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal. Por outro lado, segundo José Caleia Rodrigues, especialista em assuntos petrolíferos, "é natural que Angola ainda não forneça muito petróleo a Portugal porque ainda não produz muito. Quando os planos de crescimento nesta área se concretizarem, aumentarão as exportações para Portugal". Refira-se que os EUA e a China têm intensificado as compras do petróleo saído das novas explorações em Angola.
Portugal está, contudo, bem posicionado para aproveitar a "explosão" do petróleo angolano. A Galp tem vindo a aumentar significativamente a sua presença no país, através das novas explorações. Para além desta questão, sublinhe-se que a Amorim Energia, um dos principais accionistas da Galp (33%), conta no seu capital com uma participação de 45% da Sonangol. Em paralelo, os governos de Lisboa e Luanda também têm vindo a estreitar relações, apelando aos negócios entre empresas dos dois países.