quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
CRISE (J. Caleia Rodrigues et al., bnomics: Lisboa. Fevereiro de 2009)
Publicada por José Caleia Rodrigues à(s) 14:32Introdução
Outubro de 1929. Em Wall Street, o maior mercado bolsista do Mundo, milhões de acções a preços de saldo não encontravam comprador. A bolsa de Nova Iorque caiu a pique, depois de vários meses de instabilidade que colocaram um ponto final na felicidade dos anos 20. Acções rasgadas nas ruas e empresários que se atiravam desesperados dos arranha-céus de Manhattan. O pânico instalou-se e contagiou o Mundo inteiro numa tremenda crise bancária. De 1929 a 1931 faliram perto de dois mil bancos! A recuperação só foi sentida por volta de 1940, mas o Dow Jones, até 1954, não voltou a alcançar os níveis anteriores à Grande Depressão de 1929.
Entre 1973 e 1975, foi o primeiro choque petrolífero. A OPEP recusou-se a vender petróleo aos países que apoiaram Israel durante a Guerra do Yom Kippur – EUA e aliados da Europa Ocidental – e os preços do crude dispararam. As economias entraram em crise e as empresas sofreram um doloroso racionamento de energia. O Sistema Monetário Internacional (SME) ficou um caos depois de Richard Nixon desligar o Dólar do padrão ouro. O elevado desemprego, o aumento da pobreza e a diminuição do consumo, fizeram regressar a sombra de 1929. Alguns disseram que as causas desta crise estavam na evolução do próprio sistema capitalista devido, entre outras coisas, aos avanços tecnológicos que provocavam grandes subidas no desemprego.
Passados cinco anos, em 1980, o petróleo voltou a afectar os países desenvolvidos. A guerra Irão-Iraque resultou num congelamento imediato das exportações de crude iraniano e na subida descontrolada dos preços. Neste caso, as medidas paliativas não se fizeram esperar e as grandes potências tiveram de recorrer, mais uma vez, a restrições ao consumo. A Arábia Saudita, o aliado dos EUA e das economias ocidentais, aumentou a produção e acalmou os mercados. Pouco depois, o reanimar das exportações do Irão voltou a fazer baixar os preços.
Em 1997 os chamados “Tigres Asiáticos” sofreram a pior crise da sua história. A excessiva ambição de muitos investidores, que pensavam ter encontrado naquela zona do planeta uma verdadeira mina de ouro e a especulação contribuíram para uma enorme desvalorização das moedas. O pio momento chegou quando explodiu a bolha japonesa. O valor dos activos caiu a pique, deixando desorientados os mercados financeiros internacionais. Foi com a intervenção do FMI que os mercados asiáticos acabaram por recuperar o ritmo de crescimento anterior à crise.
No início de 2000, o rápido desenvolvimento da Internet e das suas novas empresas, provocou um aumento disparatado do investimento nesta área, o que resultou numa insustentável valorização das acções “tecnológicas” criando uma gigantesca bolha especulativa. Os anunciados lucros – milagrosos! - nunca chegaram e os investidores começaram a debandar das empresas em que tinham acreditado. A bolha estoirou!
Agora, estamos outra vez em apuros! A actual crise económica e financeira – a Grande Depressão de 2008 – começou também nos EUA e contagiou todo o planeta.
Neste livro, em que colaboram algumas das mais importantes figuras portuguesas da vida universitária, económica, empresarial e social, tentamos fazer uma primeira leitura do Mundo instável e perturbador que nos rodeia.
O cenário económico e financeiro internacional e o impacto em Portugal, dominam as atenções dos 43 participantes.
Vamos tentar explicar como tudo começou, a prtir do vírus financeiro que destroçou os EUA, contagiou o Mundo inteiro e alastrou à economia real. São ainda feitas abordagens a áreas estratégicas como a Energia, o Petróleo, o Imobiliário, os Produtos Alimentares e, ainda, a liderança de pessoas e organizações em tempo de crise. E vamos ainda ao Brasil perceber como uma economia emergente está a acomodar a “besta”.
Horácio Piriquito
Lisboa, Fevereiro de 2009
Índice
Introdução: Horácio Piriquito
António Miguel Gonçalves: De quem é a culpa
Diogo Vaz Guedes: A crise: lições e oportunidades
Francisco Murteira nabo: A crise e a transição para a sociedade do conhecimento
João Ferreira do Amaral: Questões simples sobre uma situação difícil
Vítor Bento: Uma crise económica ou mais que isso?
J. M. Brandão de Brito: Capitalismo. As crises e a crise
António Mendonça: A natureza da crise económica actual
António Neto da Silva: Crise? Não! Movimento Telúrico, sim
Paulo Soares de Pinho: A Regulação e as Crises Financeiras
Manuel Alves Monteiro: Uma economia mais saudável exige uma corporate governance mais consciente
Paulo Mendes Pinto: Capitalismo sem capital
José Penedos: Crises de 1929 a 2008
Luís Guimarães: Do subprime à recessão
Rui Leão Martinho: A crise, as medidas e a retoma
João Ermida: Valores precisam-se
Fernando Faria de Oliveira: Agir com determinação
António Nogueira Leite: As crises em que vivemos
Daniel Bessa: 2007/?: Uma crise diferente do “Programado”
João Duque: A “Minha” Crise
Fernando Santo: As origens da crise da economia virtual
Luís Todo Bom: Uma agenda positiva para Portugal
Luís Mira Amaral: A crise financeira e o caso português
José Carlos Tavares Moreira: “Money for nothing” – será suficiente para estimular as economias?
Vitor Gonçalves: Contrariar a crise
António Câmara: A Saída da Crise
António Gomes Mota: Revalorizar a Economia Real
Nuno Fernandes Thomaz: As duas crises
Luís Valadares Tavares: Portugal, 1997-2007: A década do atraso em relação à EU
Rui Semedo: E depois da crise, o quê?
José Tribolet: O Papel da Engenharia no Desenho, Operação e Controlo Dinâmico do Sistema Financeiro Mundial
Joaquim Borges Gouveia: Inovar para crescer – um imperativo para as empresas e universidades
José Manuel Moreira: Uma crise de respostas ou de verdadeiras perguntas?
Isabel Jonet: Regressar à essência
Fernando de La Vieter Nobre: Impacto social da crise económica e financeira
Manuel Carvalho da Silva: A Crise: analisar as causas, formular e exigir reformas e rupturas
João Proença: Vencer a Crise. Construir o Futuro com Emprego e Solidariedade
Luís Braga da Cruz: Uma leitura pelo lado da energia e dos processos de liberalização dos mercados
José Caleia Rodrigues: Petróleo: Mais longe, Mais fundo e Mais caro
Arlindo Cunha: Mercados Agroalimentares, novos horizontes para a agricultura
Pedro Seabra: Dinheiro, Inquilinos e Prédios
Luís Palha: Simplicidade, estabilidade e previsibilidade
António Pita de Abreu: O Brasil na Crise Financeira Global
Jorge Araújo: Liderança em contexto de crise
Outubro de 1929. Em Wall Street, o maior mercado bolsista do Mundo, milhões de acções a preços de saldo não encontravam comprador. A bolsa de Nova Iorque caiu a pique, depois de vários meses de instabilidade que colocaram um ponto final na felicidade dos anos 20. Acções rasgadas nas ruas e empresários que se atiravam desesperados dos arranha-céus de Manhattan. O pânico instalou-se e contagiou o Mundo inteiro numa tremenda crise bancária. De 1929 a 1931 faliram perto de dois mil bancos! A recuperação só foi sentida por volta de 1940, mas o Dow Jones, até 1954, não voltou a alcançar os níveis anteriores à Grande Depressão de 1929.
Entre 1973 e 1975, foi o primeiro choque petrolífero. A OPEP recusou-se a vender petróleo aos países que apoiaram Israel durante a Guerra do Yom Kippur – EUA e aliados da Europa Ocidental – e os preços do crude dispararam. As economias entraram em crise e as empresas sofreram um doloroso racionamento de energia. O Sistema Monetário Internacional (SME) ficou um caos depois de Richard Nixon desligar o Dólar do padrão ouro. O elevado desemprego, o aumento da pobreza e a diminuição do consumo, fizeram regressar a sombra de 1929. Alguns disseram que as causas desta crise estavam na evolução do próprio sistema capitalista devido, entre outras coisas, aos avanços tecnológicos que provocavam grandes subidas no desemprego.
Passados cinco anos, em 1980, o petróleo voltou a afectar os países desenvolvidos. A guerra Irão-Iraque resultou num congelamento imediato das exportações de crude iraniano e na subida descontrolada dos preços. Neste caso, as medidas paliativas não se fizeram esperar e as grandes potências tiveram de recorrer, mais uma vez, a restrições ao consumo. A Arábia Saudita, o aliado dos EUA e das economias ocidentais, aumentou a produção e acalmou os mercados. Pouco depois, o reanimar das exportações do Irão voltou a fazer baixar os preços.
Em 1997 os chamados “Tigres Asiáticos” sofreram a pior crise da sua história. A excessiva ambição de muitos investidores, que pensavam ter encontrado naquela zona do planeta uma verdadeira mina de ouro e a especulação contribuíram para uma enorme desvalorização das moedas. O pio momento chegou quando explodiu a bolha japonesa. O valor dos activos caiu a pique, deixando desorientados os mercados financeiros internacionais. Foi com a intervenção do FMI que os mercados asiáticos acabaram por recuperar o ritmo de crescimento anterior à crise.
No início de 2000, o rápido desenvolvimento da Internet e das suas novas empresas, provocou um aumento disparatado do investimento nesta área, o que resultou numa insustentável valorização das acções “tecnológicas” criando uma gigantesca bolha especulativa. Os anunciados lucros – milagrosos! - nunca chegaram e os investidores começaram a debandar das empresas em que tinham acreditado. A bolha estoirou!
Agora, estamos outra vez em apuros! A actual crise económica e financeira – a Grande Depressão de 2008 – começou também nos EUA e contagiou todo o planeta.
Neste livro, em que colaboram algumas das mais importantes figuras portuguesas da vida universitária, económica, empresarial e social, tentamos fazer uma primeira leitura do Mundo instável e perturbador que nos rodeia.
O cenário económico e financeiro internacional e o impacto em Portugal, dominam as atenções dos 43 participantes.
Vamos tentar explicar como tudo começou, a prtir do vírus financeiro que destroçou os EUA, contagiou o Mundo inteiro e alastrou à economia real. São ainda feitas abordagens a áreas estratégicas como a Energia, o Petróleo, o Imobiliário, os Produtos Alimentares e, ainda, a liderança de pessoas e organizações em tempo de crise. E vamos ainda ao Brasil perceber como uma economia emergente está a acomodar a “besta”.
Horácio Piriquito
Lisboa, Fevereiro de 2009
Índice
Introdução: Horácio Piriquito
António Miguel Gonçalves: De quem é a culpa
Diogo Vaz Guedes: A crise: lições e oportunidades
Francisco Murteira nabo: A crise e a transição para a sociedade do conhecimento
João Ferreira do Amaral: Questões simples sobre uma situação difícil
Vítor Bento: Uma crise económica ou mais que isso?
J. M. Brandão de Brito: Capitalismo. As crises e a crise
António Mendonça: A natureza da crise económica actual
António Neto da Silva: Crise? Não! Movimento Telúrico, sim
Paulo Soares de Pinho: A Regulação e as Crises Financeiras
Manuel Alves Monteiro: Uma economia mais saudável exige uma corporate governance mais consciente
Paulo Mendes Pinto: Capitalismo sem capital
José Penedos: Crises de 1929 a 2008
Luís Guimarães: Do subprime à recessão
Rui Leão Martinho: A crise, as medidas e a retoma
João Ermida: Valores precisam-se
Fernando Faria de Oliveira: Agir com determinação
António Nogueira Leite: As crises em que vivemos
Daniel Bessa: 2007/?: Uma crise diferente do “Programado”
João Duque: A “Minha” Crise
Fernando Santo: As origens da crise da economia virtual
Luís Todo Bom: Uma agenda positiva para Portugal
Luís Mira Amaral: A crise financeira e o caso português
José Carlos Tavares Moreira: “Money for nothing” – será suficiente para estimular as economias?
Vitor Gonçalves: Contrariar a crise
António Câmara: A Saída da Crise
António Gomes Mota: Revalorizar a Economia Real
Nuno Fernandes Thomaz: As duas crises
Luís Valadares Tavares: Portugal, 1997-2007: A década do atraso em relação à EU
Rui Semedo: E depois da crise, o quê?
José Tribolet: O Papel da Engenharia no Desenho, Operação e Controlo Dinâmico do Sistema Financeiro Mundial
Joaquim Borges Gouveia: Inovar para crescer – um imperativo para as empresas e universidades
José Manuel Moreira: Uma crise de respostas ou de verdadeiras perguntas?
Isabel Jonet: Regressar à essência
Fernando de La Vieter Nobre: Impacto social da crise económica e financeira
Manuel Carvalho da Silva: A Crise: analisar as causas, formular e exigir reformas e rupturas
João Proença: Vencer a Crise. Construir o Futuro com Emprego e Solidariedade
Luís Braga da Cruz: Uma leitura pelo lado da energia e dos processos de liberalização dos mercados
José Caleia Rodrigues: Petróleo: Mais longe, Mais fundo e Mais caro
Arlindo Cunha: Mercados Agroalimentares, novos horizontes para a agricultura
Pedro Seabra: Dinheiro, Inquilinos e Prédios
Luís Palha: Simplicidade, estabilidade e previsibilidade
António Pita de Abreu: O Brasil na Crise Financeira Global
Jorge Araújo: Liderança em contexto de crise
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