domingo, 11 de maio de 2008
Petróleo: Preço médio deve ficar nos 62 dólares/barril este ano (Diário Digital / Lusa, 11.Janeiro.2007)
Publicada por José Caleia Rodrigues à(s) 18:57O preço do barril do petróleo já desceu mais de 20 dólares face ao recorde de 78,40 dólares atingidos em meados do ano passado, mas o consenso no mercado é que o preço médio se situe nos 62 dólares este ano.
O Governo português prevê no Orçamento do Estado para este ano que o preço médio do barril do petróleo se situe nos 67,6 dólares.
As previsões dos analistas, citados pela Bloomberg, apontam para um preço médio de 62 dólares o barril para o petróleo transaccionado no mercado de Nova Iorque e de 61,53 dólares para o petróleo de Brent transaccionado em Londres.
A tendência futura do mercado está, contudo, a dividir os analistas.
O analista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou à agência Lusa que, em termos médios, o preço do barril de petróleo deverá estabilizar entre os 50 e os 55 dólares este ano.
O analista defende que os fundamentais do mercado não justificavam a elevada subida da cotação registada o ano passado, afirmando que grande parte da valorização foi conseguida à custa de entrada de dinheiro por parte dos fundos de investimento.
Ricardo Marques considera que um dos factores determinantes para a evolução do preço das commodities este ano será saber até que ponto os investidores que entraram nesta classe de activos o fizeram numa perspectiva de longo prazo, ou se estão dispostos a vender assim que constatarem que as rendibilidades semelhantes às do passado dificilmente se repetirão a médio prazo.
Para já, a quebra dos preços é explicada pelas temperaturas acima do normal registadas nos Estados Unidos, que estão a conduzir a uma quebra na procura e ao aumento dos stocks norte-americanos.
O economista-chefe de combustíveis do Deutsch Bank de Nova Iorque, Adam Sieminski, afirmou mesmo que «os optimistas do mercado de petróleo foram derrubados pelo clima».
Mas o mercado está dividido quanto à possibilidade da continuação da queda abrupta do preço do petróleo.
O analista do Barclays, Paul Horsnell, que previu a subida do petróleo bruto para um patamar recorde em 2006, afirma que os preços deste ano alcançarão, em média, os 76 dólares o barril, devido às previsões sobre o aumento da procura de petróleo por parte da China e da Índia e a aumentos limitados de produção por parte dos países fora da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP).
O especialista de petróleo Caleia Rodrigues disse à Lusa não acreditar que os preços se mantenham no patamar dos 50 dólares, considerando que devem voltar a subir para, pelo menos, 70 dólares o barril.
Caleia Rodrigues defende que, aos preços actuais, os investidores retraem-se, comprometendo os investimentos em nova produção e redes de transporte, o que faz perigar a segurança de abastecimento futura.
Pelo contrário, o analista do BNP Paribas, Eoin O`Callaghan, defende que o preço médio do barril vai situar-se nos 57,90 dólares este ano, justificado pela desaceleração do crescimento mundial e pelo aumento das temperaturas.
Um ponto-chave para a evolução dos preços do petróleo vai ser também a decisão da OPEP em cumprir os compromissos de redução da produção de petróleo.
A OPEP avançou com um corte de produção de 1,2 milhões de barris por dia e prevê aumentar a partir de Fevereiro esse corte para 1,7 milhões de barris diários, para fazer subir os preços.
O Citigroup refere hoje num relatório sobre o sector petrolífero europeu que a OPEP vai tentar manter os preços nos 60 dólares o barril para justificar a prossecução dos investimentos em produção.
Mas mesmo assim, o aumento da produção esperado por parte dos países fora da OPEP, como a Rússia e o México, deverá limitar o potencial de subida.
Os dados da Agência Internacional de Energia (AIE) mostram que a procura mundial de petróleo deverá crescer 1,7% este ano, para 85,9 milhões de barris diários, face aos 84,5 milhões de 2006.
As previsões para 2007 contemplam, contudo, riscos de descida da procura, dependendo da evolução da economia norte-americana e do consumo privado chinês.
Além disso, assiste-se também a uma procura crescente de energias alternativas por parte de países cansados da dependência das oscilações da cotação do petróleo.
Um estudo recente do Fundo Monetário Internacional sobre a dinâmica dos preços do petróleo refere que o mercado é caracterizado por elevada volatilidade e grandes saltos de preço, o que indica que está «constantemente fora de equilíbrio».
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