domingo, 11 de maio de 2008

Vou ter que começar por apresentar (mesmo que de forma muito sucinta) uma panorâmica global do sector energético e petrolífero, para, de seguida, abordar os pontos quentes relativos à insuficiência das reservas declaradas e do imparável aumento do consumo, reais motivadores da exigência dos colossais investimentos que irão permitir continuar a manter os níveis de satisfação do abastecimento do mercado.


Admitamos, como dado adquirido, que o petróleo é um produto muito complexo.
Comporta todos os ingredientes para se apresentar como:

uma matéria-prima estratégica
uma poderosa arma diplomática
mas também e cada vez mais importante
um produto financeiro

Ao assumir uma participação de quase 40 por cento no consumo mundial de energia primária é, indubitavelmente, uma matéria-prima estratégica, intimamente ligada ao desenvolvimento económico dos Estados e ao bem-estar das sociedades.
Mais de trinta anos depois do impacto produzido pela deflagração da crise de 1973 na política internacional, o petróleo mantém-se como produto estratégico crítico, na esfera do equilíbrio do poder e do equilíbrio político internacional global.
Claro que também constitui uma importante arma diplomática. Quando os produtos estratégicos têm que ser obtidos fora do Estado, as ameaças à segurança dos abastecimentos podem ser classificadas como factores que envolvem a segurança nacional.
Não temos qualquer espécie de dúvida que se trata, igualmente, de um produto financeiro. São diariamente transaccionados mais de 40 milhões de barris de petróleo.
O que quer dizer que mudam de mão, diariamente, mais de 4 mil milhões de dólares.


Quando o seu valor unitário sofre um aumento de 1 dólar, significa para os Estados Unidos um agravamento de mais de 12 milhões de dólares na sua balança de transacções diárias e para a Federação Russa um encaixe de cerca de 7 milhões.
Cada dia que passa.
No domínio político e estratégico, a arma económica parece confirmar a sua eficiência e impacto, caracterizadores da maioria dos conflitos actuais de nível regional, principalmente no seio de países economicamente menos desenvolvidos, mas que disponham de recursos de altíssimo valor económico e estratégico para os industrializados.


O aumento de população, não propriamente explosão demográfica mas caminhando nesse sentido, e uma irresponsável promoção do consumo de energia, exigiram que o petróleo respondesse rapidamente a essas pressões e assumisse o difícil papel de principal origem de energia comercializável.
O impacto na procura mundial de petróleo pode ainda ser mais dramático se, ao que tudo indica, se mantiver o forte aumento do consumo na China e na Índia. Basta reparar que a China se tornou num importador líquido, em 1993, data em que o consumo ultrapassou, pela primeira vez, a produção própria e a sua auto-suficiência.


A China ocupa, actualmente, o 2º lugar no ranking dos maiores importadores mundiais, com nada menos do que 7 milhões de barris diários.
Só ultrapassada, nessa qualidade de grande importador, pelos Estados Unidos.
E a Índia tem acompanhado esse desmesurado aumento das importações.
Sinal muito positivo apresentam a Alemanha e o Japão, que têm mantido, praticamente estabilizadas, as suas importações.

Tendo em conta o aumento populacional e o desenvolvimento económico previstos pelas Agências internacionais, o mercado exigirá um aumento da entrega de petróleo bruto, na ordem de mais 50 milhões de barris diários ao atingir o limiar do ano 2030.

Deduzimos quem o irá consumir!
Mas donde irá ser extraído? Quem o irá extrair?

O exigível substancial aumento da entrega do produto ao mercado envolve mais prospecção e incremento da produção em novas descobertas, meios de transporte e redes de distribuição, a exigir os correspondentes investimentos requeridos para a sua adequada realização.


Note-se que o sector dos transportes (rodoviários, aéreos e marítimos) consome, actualmente, cerca de 52 por cento da produção mundial. Há 30 anos só consumia 45 por cento.
Tem sido exercido um grande esforço para conseguir meios de transporte menos “glutões”, ao mesmo tempo que se têm desenvolvido as origens alternativas para geração de energia eléctrica, responsável por uma boa parte da restante produção.

No entanto, é importante sublinhar que o aumento da produção que tem respondido ao aumento da procura, foi conseguido à custa do aumento da extracção em poços de alta rentabilização comercial, dado que a quantidade de poços em actividade foi drasticamente reduzida.

Surgiram, porém, novos actores na cena internacional, dependentes do petróleo para dar continuidade aos seus programas de desenvolvimento, que se sobrepuseram às economias industrializadas, imediatamente relegadas para lugar secundário na ordem das prioridades a satisfazer.



Se surgiram novos grandes importadores, também surgiu a Rússia a voltar a disputar a liderança do mercado à Arábia Saudita, baseada nos seus imensos campos petrolíferos recentemente activados, localizados no Árctico, na margem ocidental dos Urais, na Sibéria Oriental e na Ilha Sacalina.

No entanto, os indicadores Risco País elaborados pelas agências especializadas, colocam os dois países em situação muito diferente.
Enquanto a Arábia Saudita é classificada como país de “quite low risk”, a Federação Russa é classificada como país de “moderately high risk”.
Esta classificação não tem causado grandes dificuldades na captação de investimentos para o programa de desenvolvimento do sector petrolífero russo, tendo em consideração os recentes enormes investimentos aí realizados, pelos Estados Unidos, pelo Japão, pela China e até pela própria Arábia Saudita.


A Rússia, na sua renovada qualidade de superpotência energética, admitiu resolver o deficit chinês, indispensável à sustentabilidade da sua actual taxa de desenvolvimento económico, com a construção do oleoduto que liga os campos petrolíferos da Sibéria Oriental aos chineses de Daking, numa extensão de 2.400 quilómetros, para o fornecimento médio diário de 1,6 milhões de barris.
Por outro lado, para satisfazer igualmente a pretensão japonesa, o ex-Presidente Russo Vladimir Putin garantiu, no início do ano passado, que a construção da primeira fase do oleoduto Tayshet-Nakhodka iria ser iniciada no decurso desse Verão.
A culminar os doze anos de maratona negocial do percurso dos oleodutos, todos os três países intervenientes saíram satisfeitos.
Desta forma, quer a China, quer o Japão, vêem os seus interesses assegurados pela Rússia e obtêm a garantia de receber os pretendidos e desejados abastecimentos a partir do petróleo siberiano.

A estratégia russa não esqueceu os interessas ocidentais, se bem que em menor escala com a instalação do citado oleoduto, que também permitirá exportar petróleo siberiano para a costa ocidental dos Estados Unidos.
O Governo russo anunciou que pretende continuar a desenvolver fortemente o seu sector de hidrocarbonetos, dado que constitui cerca de 55 por cento das suas exportações e o acréscimo dos impostos cobrados, graças à alta dos preços pós-2004, garantem suporte ao forte incremento das suas despesas sociais e de Defesa.
Dado que a capacidade das suas principais vias de escoamento das exportações se encontra praticamente esgotada, o esforço de investimento está dirigido aos transportes, quer terrestres quer marítimos.
Impõe-se a construção de novos oleodutos, a começar pelo que encaminhará o petróleo siberiano para o Porto de Murmansk, de exportação para os Estados Unidos, a um custo estimado de cerca de 6 mil milhões de dólares.
De idêntica importância o que abastecerá a China e o Japão, a um custo de 32.000 milhões de dólares.
De realçar a decisão da construção de uma frota de quebra-gelos para transitar na região do Árctico, cuja entrada em serviço está prevista para 2020, com custos a ultrapassar os 3 mil milhões de dólares.


Na outra ponta do vector, em casa do maior consumidor mundial, os Estados Unidos, verifica-se que a situação não é brilhante, dado que passaram de leader do mercado, a rapidamente dependentes da importação de nada menos do que dois terços das suas necessidades correntes.
Basta ver que tinham em actividade quase 1.500 poços no ano 1980 e apenas 560 no ano 2000. A partir desta data foi retomada a actividade nalguns deles e iniciadas algumas poucas novas explorações.


O último estudo publicado pela EIA revela a existência de petróleo bruto convencional no Arctic National Wildlife Refuge, actualmente fora dos limites de exploração, em quantidades entre os 5,7 e os 16 mil milhões de barris em depósitos jazentes naquela zona.
Porém, esta alternativa constituída pela exploração do Árctico, choca frontalmente com os interesses ambientais da região, ainda não resolvidos.


Entretanto, a alta dos preços do petróleo convencional já deu mostras de consequências consideradas muito positivas para os estados Unidos.
Pelo menos teve o mérito de ter impulsionado investimento em projectos anteriormente considerados sem interesse.
Cabe neste âmbito o lançamento do Jack Field Project, para extracção numa considerável nova bolsa petrolífera localizada em águas profundas do Golfo do México, com investimento próximo dos 100 milhões de dólares.
A bolsa que aparenta conter cerca de 15.000 milhões de barris, encontra-se a uma profundidade de 8.450 metros.
A detecção das quantidades só foi possível, graças à utilização de imagens sísmicas 3D, de avançadas fórmulas matemáticas e de novas tecnologias de interpretação das imagens, que tornaram possível conhecer o potencial desta bolsa e de outras novas descobertas de petróleo e de gás em grandes profundidades oceânicas.

A extracção será realizada com recurso a plataformas flutuantes de última geração, que poderão suportar os rigores das tempestades que frequentemente ocorrem na região e que permitirão perfurar mais profundo que as suas predecessoras.

No tocante à União Europeia, é por demais conhecida a sua dependência no que se refere a combustíveis.
Será de realçar que já viu minorada a sua dependência do Médio Oriente com a entrada em serviço da chamada “Ponte energética Este-Oeste” em Julho do ano passado, constituída pelo oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, que transporta petróleo bruto desde o Mar Cáspio até ao Porto turco mediterrânico de Ceyhan, com capacidade de transporte de 1 milhão de barris/dia,
Este oleoduto constitui uma importante alternativa de fornecimento à Europa Ocidental, com uma mais elevada garantia de segurança.
Também estão a ser envidados grandes esforços dirigidos a um maior aumento da segurança de abastecimento com o lançamento das acções do Projecto INOGATE para o período 2007-2013.


Este Programa que pretende actuar como catalizador de atracção de investidores privados e de instituições financeiras internacionais, foca um particular interesse na minimização da ameaça constituída pelos acidentes ocorridos no tráfego marítimo em águas circundantes da União Europeia e no fechado Mar Negro.

Porém, no conjunto de constrangimentos a ultrapassar à escala mundial, procede a considerável questão de como conciliar o inevitável e continuado aumento do consumo, com os imperativos ecológicos e ambientais.

Caso paradigmático é o conflito de interesses presentes na manifesta vontade de extracção dos imensos recursos disponíveis no Árctico ou a construção premente e urgente de novas e mais adequadas refinarias.
Se a capacidade de refinação se encontrar extremamente apertada em relação à procura, pode-se atingir uma disrupção da disponibilidade de refinação, com a agravante de que o futuro natural aumento da procura pode provocar uma situação de engarrafamento em que os mais valiosos petróleos são refinados primeiro e os menos valiosos serão marginalizados, conduzindo a uma ainda maior diferenciação.


Além de que numerosos países que dispõem de amplos campos petrolíferos comprovados, estão impedidos de exportar as suas potenciais produções por não disporem de adequadas vias de escoamento:
oleodutos e instalações portuárias.
Recorde-se que o custo médio da construção de um oleoduto é equivalente ao de uma auto-estrada. Cerca de 5 milhões de euros por quilómetro.
Mas vejamos com o que podemos contar do lado da oferta em resposta aos previsíveis aumentos do consumo.


As previsões da IEA apontam para um aumento do consumo idêntico ao registado nos últimos 50 anos: Cerca de 2 por cento ao ano.
Se não for aplicado um forte “travão” a este consumo desenfreado e aplicadas medidas drásticas e eficazes, estaremos a consumir, no ano 2025, cada dia que passa, quase 120 milhões de barris!


Porém, as descobertas e a sua correspondente declaração, após terem registado substanciais aumentos, quase estagnaram a partir do ano 2002.
Foi a partir desta data que se verificou um fortíssimo aumento dos preços de mercado. De facto o valor do barril, de transacção em Bolsa, passou dos 26 dólares nessa data, para os actuais mais de 120. Mais do que quadruplicaram.


Partindo dos dados disponíveis, as reservas declaradas, consideradas comprovadas, apenas dariam para mais 30 anos de consumo.
E as restantes, consideradas prováveis, apenas dariam para mais 50 anos. E a que preço!
A partir desta data não seria possível extrair nem mais um barril.
Se se conseguisse tecnologia que permitisse a sua última extracção.
As novas descobertas que garantam o fluxo exigível de sustentação do mercado, envolvem prospecção, extracção, transporte e refinação, a exigir os correspondentes colossais investimentos indispensáveis à sua realização.
Para a alternativa constituída pelo petróleo bruto não-convencional acresce o seu oneroso processamento para obtenção de petróleo sintético.


Tem-se conhecimento da vontade, ou de decisões já tomadas, da implementação de grandes projectos em todos os grandes produtores, virados para o aumento da extracção de maiores quantidades ou pelo menos, para a manutenção das actuais, como declarado na última reunião da OPEP realizada no passado mês de Março.
Nem sempre fácil de conseguir, já que as grandes bolsas em exploração apresentam sinais de forte declínio e esgotamento.


Aliás, a taxa de declínio que se está a registar nos maiores campos petrolíferos, em actividade há muitos anos, é muito preocupante, dado que não se vislumbram novas grandes explorações, pelo menos de dimensões idênticas às que existiram no passado.


A decisão da Saudi Aramco em avançar com o megaprojecto destinado ao aumento da sua capacidade produtiva reflecte a preocupação saudita e a sua vontade de recuperação do tempo perdido. Pretende o rápido desenvolvimento do seu campo petrolífero Khurais, através da abertura de 300 poços em 23 novas instalações já identificadas.
O valor a investir neste projecto atinge os 3 mil milhões de dólares, para conseguir passar a actual extracção de 300.000 barris diários que se estão a extrair nesse campo, para um patamar de 1,2 milhões, a partir do próximo ano.
Este campo não se compara, em dimensão com o grande Ghawar, mas tem sido afirmado conter petróleo de muito boa qualidade.
O projecto inclui a construção de 4 instalações de tratamento e injecção de água do mar, com uma capacidade de produção de 4 milhões diários de barris de água a injectar na bolsa petrolífera.


As principais razões apontadas, justificativas do forte declínio iraquiano registado nos últimos anos, seria o fecho de campos devido a insuficiência de água para injecção e a sua inadequada gestão.
Tem sido recentemente muito acentuado que os depósitos iraquianos, especialmente os localizados no sul do país, são de grande dimensão, elevada qualidade e em estado relativamente imaturo nos seus ciclos de extracção.
O facto é que os depósitos comprovados iraquianos atingem, oficialmente, os 112 mil milhões de barris. Admite-se que possam atingir os 300, enquanto os declarados pela Arábia Saudita ficam-se pelos 265.
Se confiarmos nessas afirmações teríamos que aceitar que as reservas petrolíferas iraquianas seriam superiores às sauditas, consideradas correspondentes a um quarto do total mundial.
Só o lançamento de novos programas de desenvolvimento poderia catapultar a produção iraquiana actual de 2 milhões de barris diários para uns possíveis 3,5 milhões.
Para tanto serão indispensáveis vultosos investimentos e a participação de peritos altamente especializados:
40.000 milhões de dólares iniciais para desenvolvimento de campos petrolíferos já referenciados e ainda não operacionais, seguido de mais 10.000 milhões de dólares para o programa de exploração.

Enquanto a Arábia Saudita e a Federação Russa dominam e continuarão e dominar o mercado do petróleo convencional (o petróleo leve), a alternativa de continuidade de satisfação da procura constituída pelos petróleos pesados, extra-pesados e betumes, ainda muito modestamente aproveitados, é assumida, na sua quase totalidade, pela Venezuela e pelo Canadá.

Estas 4 superpotências energéticas – Arábia Saudita, Federação Russa, Venezuela e Canadá - poderão vir a constituir o núcleo dominante do mercado dos combustíveis hidrocarbonetos à escala mundial:
as duas primeiras nos petróleos leves (o petróleo convencional) e as outras duas nos petróleos ditos não-convencionais).



A sua crescente importância reside no facto de equivaler a cerca de 70 por cento do petróleo bruto ainda existente no mundo.
De acordo com as estimativas avançadas pela International Energy Agency, admite-se que existam no mundo 8 a 9 milhões de milhões de barris de petróleos não-convencionais, dos quais 900 mil milhões poderão ser comercialmente explorados com recurso à tecnologia actualmente existente.
Apesar das suas imensas disponibilidades, só acrescentaram 3 mil milhões de barris anuais, aos mais de 26 mil milhões de petróleo bruto leve, actualmente produzidos. Pouco mais de 10 por cento.
O grande óbice à utilização maciça dos petróleos brutos não-convencionais, reside nos elevados custos de extracção e do processamento que os convertam em petróleo sintético.
Há que ter em conta que a extracção do petróleo não-convencional exige tecnologia e onerosos acrescidos recursos específicos: água e energia abundantes que garantam a injecção de vapor de água nas jazidas. São, geralmente upgraded para lhes reduzir os componentes carboníferos ou para lhes adicionar hidrogénio, antes de os entregar às refinarias convencionais.
Os custos adicionais de processamento e upgrading explicam as razões pelas quais o desenvolvimento dos petróleos pesados ainda se encontrar tão limitado.
Contudo, o aumento das taxas de recuperação de depósitos destas qualidades de petróleo, representa o desafio mais importante que se nos apresenta a curto e médio prazos.


No caso do Canadá, recentemente auto-assumido oil country, trata-se do aproveitamento de areias betuminosas a céu aberto, disponível em grandes quantidades no Athabasca, cujos valores estão estimados em cerca de 2,4 milhões de milhões de barris, dos quais só 175 mil milhões poderão ser processados com a tecnologia actualmente disponível.
A Energy Alberta Corporation acaba de lançar a construção de uma central nuclear de reactores gémeos, projectada para entrar em serviço em 2016, para abastecimento da energia eléctrica necessária ao processo de extracção e processamento.
A produção canadiana actual de petróleo sintético a partir desta qualidade, atinge 1 milhão de barris/dia, prevendo-se que possa vir a atingir os 3 milhões em 2020, com hipótese de chegar aos 5 milhões em 2030.
A quantidade de energia requerida para a produção de 1 barril de petróleo bruto sintético corresponde a 1/3 da energia contida num barril de betume, o que torna as operações de areias betuminosas numa enorme fonte emissora de gases com efeito de estufa.
O projecto depende significativamente da abundância de água disponível.
A produção de um barril de betume ou de petróleo sintético também requer, além da enorme quantidade de energia, cerca de 10 barris de água para as operações de mineração superficial e de 3 barris para geração de vapor in situ. Apesar da maioria da água utilizada ser reciclada, são requeridos mais cerca de 20 por cento de reposição, o que envolve preocupação acerca da sua conservação e sustentabilidade.
O que significa que virão a ser utilizados, diariamente, mais de 10 milhões de m³ de água, dos quais 2 milhões de m³ serão diariamente consumidos. Ao fim de um ano de normal laboração, terão sido consumidos mais de 700 milhões de m³ de água limpa. Para obtenção de 5 milhões de barris diários de petróleo sintético.
O investimento anunciado, para aplicação neste projecto integrado, ultrapassa os 50.000 milhões de dólares.


Na Venezuela (membro da OPEP e já um grande exportador de petróleo bruto convencional), trata-se das areias betuminosas situadas na Faixa Petrolífera do Orinoco, estimadas em mais de 2,2 milhões de milhões de barris.
Neste particular, os recursos venezuelanos beneficiam da localização na região do Rio Orinoco, onde foi construída, nos finais da década de 70, a mega-barragem e a Central Hidroeléctrica do Guri, com uma potência eléctrica instalada de 10.000 Megawatt (MW) que garante abundante energia para a sua extracção e o processamento.


Encontramo-nos, então, perante opções a tomar, que não podem continuar a ser adiadas, sob pena de nos vermos, a curto prazo, numa situação de carência generalizada, de consequências muito difíceis de ultrapassar, a exigir investimentos maciços em novos projectos de desenvolvimento em toda a cadeia produtiva.


Nesta linha de orientação, a Agência Internacional da Energia apresentou no seu Energy Outlook, em 2006, a estimativa de 20 milhões de milhões de dólares, como montante a investir no sector energético durante os seguintes 25 anos, dos quais um mínimo de 4 milhões de milhões a aplicar no sector petrolífero.
O seu Director Executivo acaba de corrigir este valor em alta, ao anunciar na abertura do 11º Fórum Internacional da Energia, realizado em Roma, no passado dia 21 de Abril, a necessidade de investimento de 22 milhões de milhões de dólares, dos quais 5,4 a aplicar no sector petrolífero.
Mais de 150.000 milhões de dólares de investimento por ano.
Em apenas 2 anos o valor de investimento exigido para o sector petrolífero aumentou nada menos que 35 por cento.
Não posso terminar sem reforçar que a futura geração de energia requererá níveis de investimento muito mais elevados do que os aplicados no passado, para compatibilização da satisfação da procura com as exigências ambientais, a descarbonização dos produtos energéticos e o acréscimo dos custos resultantes da implementação de reforçados sistemas da segurança das instalações de extracção e de transporte.
A nova dimensão de relações de segurança entre nações exportadoras e nações importadoras dependentes, resultará da interligação entre o investimento, a finança e o comércio.
Esta reorientação dinamizará um redobrado esforço focado na investigação e na detecção de oportunidades, quer de investimento quer de participação no desenvolvimento das estruturas do sector.

Muito obrigado pela atenção dispensada.

J. Caleia Rodrigues
Conferência proferida em:

O PREÇO DO PETRÓLEO:
Risk Management & Hedging for End Users

Mega-investimentos exigidos pelo sector petrolífero

Lisboa, 8 de Maio de 2008
Hotel Altis Park

Institute for International Research